Museu, memória, testemunho e a
construção do fato
:
um estudo do caso
Seodaemun Prision History Hall,
Seul-Coreia do Sul
1
Museum, memory, testimony and the
construction of fact
:
a case study Seodaemun Prision
History Hall, Seoul-South Korea
OLIVEIRA, Camila Regina
*
RESUMO: O presente trabalho expõe a
organização da exposição permanente do
Museu Seodaemun Prison History Hall,
localizado em Seul, na Coreia do Sul, como
construtor do fato histórico a brutal
colonização japonesa na Coreia e como as
memórias e testemunhos possibilitaram que
fossem definidas as narrativas expostas no
museu, os objetivos e impactos causados aos
visitantes. O trabalho parte de uma breve
exposição de como a Coreia foi colonizada
pelo Japão no início do século XX. Segue pela
discussão possibilitada pelos debates em sala
de aula sobre a constrão do fato, a
memória e o testemunho na narrativa
histórica. Por fim, foca na organização
disponível no Museu e os impactos gerados
pela exposição, porém analisando o lugar
como responsável por difundir um dos mais
sensíveis momentos da história da sociedade
coreana.
PALAVRAS-CHAVE:
Coreia; Museu;
Memória; Colonização japonesa.
ABSTRACT: This paper presents the
organization of the permanent exhibition of
the Seodaemun Prison History Hall, located
in Seoul, South Korea, as a constructor of
the historical fact -
the brutal Japanese
colonization in Korea -
and how the
memories and testimonies allowed the
narratives to be defined exhibited at the
museum, the objectives and impacts caused
to visitors. The paper starts from a brief
exposition of how Korea was colonized by
Japan in the early twentieth century. It
follows the discussion made possible by
classroom debates about the construction of
fact, memory and testimony in a historical
narrative. Finally, it focuses on the
organization available in the Museum and
the impacts generated by the exhibition but
analyzing the place as responsible for
spreading one of the most sensitive
moments in the history of Korean society.
KEYWORDS:
Korea; Museum; Memory;
Japanese colonization.
Recebido em: 02/07/2019
Aprovado em: 17/09/2019
1
Apresentado primeiramente como trabalho final para a disciplina "Narrativa, imagem e a construção do
fato histórico", oferecida pela Professora Doutora Ana L. Nemi no Programa de Pós-Graduação
PROFHistória da Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos, estado de São Paulo
(SP) em 2018.
*
Graduada em História pela Universidade de São Paulo (USP), estado de São Paulo (SP), mestranda em
História pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos
(SP), Brasil. E-mail: oliveiracamila.hist@gmail.com.
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Introdução
Aquém das articulações econômicas e culturais da rego ocidental que se
modernizava com velocidade, a Coreia, anteriormente conhecida como Joseon
2
(Dinastia
Yi)
3
foi um país que viveu séculos de marasmo potico e social. Aproximadamente dois
séculos sem relevantes transformações e progressos, de um processo histórico lento de
acordo com as necessidades e possibilidades que implicam na construção cultural
distinta das concepções do desenvolvimento ocidental capitalista. Os líderes políticos e a
elite coreana encararam uma mudança radical com o imperialismo ocidental introduzido
na Coreia em 1832 por forças britânicas da British East India Company e tratados de
acordos mercantis (SETH, 2010, p. 32).
Na segunda metade do século XIX, a Coreia passava por um declínio em sua
dinastia, com crise política interna e dificuldade em monitorar as relações com países
externos, que forçavam a abertura da península comercialmente. No caso, países como
França e Estados Unidos foram os países que lançavam-se a Coreia para acordos
diplomáticos, porém, sem sucesso. Simultaneamente os Estados Unidos forçavam o
Japão a negociar com o Ocidente. Navios de países imperialistas apareciam
frequentemente na costa coreana. A ocupação de Peking em 1860 por comando da
França e Grã-Bretanha causou um choque para a sociedade coreana que percebeu a
necessidade em se fortalecer militarmente para defender seu território. (HAN, 1970,
p.364)
Com a morte do rei Cho Ol- Chong
4
(1849-1864), seu neto herdeiro Kojon,
5
na
época menor de idade, permitiu que seu pai Taewon Gun
6
assumisse o papel de regente.
Taewon designou um programa de reformas a fim de fortalecer a monarquia e o poder
central do governo, reconstruiu e restaurou palácios e institutos reais, realizou medidas
para aumentar taxas tributárias e criou novos impostos para a aristocracia e, sobretudo,
os plebeus.
2
Leia-se Josón.
3
Coreia estagnada em uma dinastia burocrática e confucionista -– A Dinastia Joseon foi um reino coreano
fundado por Yi Seonggye que durou cerca de cinco séculos, de 1392 a 1897. Durante a dinastia Joseon, a
nação consolidou-se pelo seu domínio absoluto sobre o território coreano antecessor a Guerra da Coreia.
Seu caráter político incentivou o fortalecimento dos ideais confucionistas e doutrinas na sociedade
coreana, fortalecendo a camada aristocrata da sociedade, estagnada no desenvolvimento das bases pobres.
Importou e adaptou a cultura chinesa, engrandecendo a cultura coreana clássica, comércio, ciência,
literatura e tecnologia (HAN, 2011).
4
Leia-se Go Our Chon.
5
Leia-se Gojón.
6
Leia-se Têwon Gun.
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Enquanto isso, o Japão passou por uma mudança radical com o colapso do
império de Tokugawa Shogunate e a instauração do novo governo Meiji,
7
em 1868. Em
janeiro de 1869, um enviado da ilha japonesa de Tsushima chegou a Busan cidade do
litoral sul e maior portuário coreano para anunciar o novo governo. Os servidores
públicos coreanos recusaram-se a recebê-los por se sentirem ofendidos com a ideia de
uma instalação imperial. A recusa coreana de receber a notificação da restauração do
governo imperial era altamente ofensiva para os novos líderes do Japão, que visavam
garantir o apoio coreano de todo modo.
A importância estratégica territorial da Coreia para acordos mercantis não foi
esquecida nos debates internos japoneses sobre a situação Japão-Coreia (CUMINGS,
2005, p. 147). Em 1873, alguns oficiais de Meiji discutiram seriamente a invasão da Coreia
pelo mar sul. Em maio de 1875, o Japão enviou o navio de guerra Unyo para Busan e, duas
semanas depois, um segundo navio. Exibindo navios modernos construídos no Ocidente
convidaram a Coreia a um conflito, disparando suas armas em demonstração de poder.
Em resposta, navios coreanos foram enviados a Busan para proteção interna. Em
fevereiro de 1876, Kuroda Kiyotaka desembarcou em Kanghwa com substancial força
militar, exigindo a rendição coreana e a abertura de relações diplomáticas e comerciais
com o novo governo japonês (SETH, 2010, p. 44).
Debilitado, o governo coreano assinou o Tratado de Kanghwa
8
no mesmo mês de
1876, no qual a Coreia reconhecia a nova administração do Japão, concordando em abrir
uma série de portos para os japoneses, inclusive Busan. O tratado implicou que a Coreia
fosse reconhecida como um Estado livre do Estado chinês; essa concepção, para a
comunidade internacional, implicava que a Coreia estava ao dispor do Japão (SETH, 2010,
p.13). Outros acordos do tratado designaram que o Japão tivesse autonomia para explorar
a costa e direito extraterritorial da Coreia, ou seja, o país se sujeitava a leis tributárias
japonesas. O tratado promoveu o fim do isolamento e permitiu a invasiva política
japonesa na Coreia, anexando o país à dominação imperialista no início do século XX.
A relação entre Japão e Coreia estava diretamente ligada à subordinação dos
sistemas monetários e de finanças a um sistema fiscal colonial. A nova legislação
7
Por definição, a restauração Meiji foi um movimento que culminou com o fim do Shogunato e
restabelecimento do poder imperial, ocorrida em 1868, no Japão. Nesta época, reinava no Japão o
Imperador Mitsuhito, mas quem governava era o Shogun Tokugawa Yoshinobu, chefe supremo das forças
militares. “Devido às intrigas imoderadas que o Shogun Tokugawa alimentou, o Império se reduziu a
pedações, e, em consequência, veio a guerra civil [...]. Como já se declarou, a existência de relões com
países estrangeiros implica problemas muito importantes.” (Texto imperial de 1868 sobre a Restauração
Meiji, presente na obra organizada por Jean Chesneaus (1976, p. 45).
8
Em resumo, segundo Michel Seth (2010), o Tratado Japão-Coreia de 1876, conhecido como Tratado de
Ganghwa na Coreia foi o tratado aplicado ao porto de Busan para que o Japão iniciasse o domínio
comercial e de exploração da península coreana.Com esse tratado, a Coreia deixa sua isolação, minado por
um sistema tributário determinado pelo Império japonês.
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bloqueou o crescimento de capitalistas na Coreia e, através do cadastro nacional, as
autoridades coloniais nacionalizaram acordos em larga escala de venda de terras a
preços básicos para fazendeiros e indústrias japonesas. Como resultado, a insatisfação
social e a pobreza em que a nação coreana se encontrava converteram-se em uma
sociedade potica e socialmente descontente, justificando o controle violento imposto
pelo Japão à nação coreana para explorar a área. Uma vez que o Japão não compartilhava
o mínimo poder com o governo coreano, iniciou-se uma assimilação política e ideológica
designada a destruir a consciência nacional coreana.
Seodaemun
9
foi construído para ser uma prisão de coreanos que se voltassem
contra a colonização; local de julgamentos, torturas e execução. Por sua vez, Seodaemun
Prision History Hall foi construído para rememorar a prisão de Seodaemun e
homenagear os patriotas coreanos. Nas instalações originais, é possível contar com um
hall de exibição, além de caminhar pelas celas, solitárias e salão de julgamento e
execução.
Em sua organização, a partir do momento que se entra na sala principal
encontramos A Place of Reverence, onde é possível aprender sobre a prisão Seodaemun
através de vídeos e uma larga tela mostra o background de fundação e transição
histórica; em seguida, caminha-se para o Reference Room com vídeos sobre a história da
Coreia; seguindo degraus estreitos, encontra-se A place of History onde estão situados o
quarto de National Resistance, o “Prision History Room” e o In prision life room nesse
quarto as paredes são cobertas por fotografias dos detentos, como trilha sonora e áudios
de biografia daqueles presos. A Place of Experience, Temporary Detention Room e
Torture Room formam a área sombria do museu, apresentando aparelhos de tortura
espalhados e (re)encenação com bonecos de cera. Nas áreas restantes, há exposão de
itens pessoais de presos, incluindo diários, declaração do Movimento 1º de Março e o
Monumento Patriótico.
Neste trabalho vamos discutir a construção do fato resistência nacionalista
contra o colonialismo japonês utilizando como objeto cultural o Museu Seodaemun e
suas narrativas de testemunhos e disposição de memórias.
A construção do fato
Vesentini (1997) apresenta em “A teia do fato” o marco 1930 como o centro da
condição da memória, seus eventos conforme efeitos da narrativa histórica na qualidade
de produtora da memória. As narrativas formadas por memórias não impedem a
9
Leia-se Sódemun
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construção de uma narrativa específica posterior ao seu tempo. Logo, 1930 marca como
estabelecedor da periodização de antes e depois que propõe controvérsias em torno de
movimentos que dão ressignificação ao movimento histórico. Esse movimento histórico
de certa forma, oculta outros acontecimentos que fazem parte do próprio movimento
sugerindo que esses acontecimentos deixados de lado não necessariamente acumulam
importância para aquele tempo vivido dentro da organização política do país.
O sujeito da enunciação traz a questão de uma construção da narrativa do ponto
de vista do testemunho, a respeito de memórias do testemunho que dependem de uma
interpretação hegemônica, permitindo, assim, organizar as narrativas a partir do ponto
de vista de quem viveu os acontecimentos de 1930, mas narrou suas memórias
posteriormente. Dentro da historiografia, o uso de interpretações hegemônicas é
estruturado em uma matriz de narrativas hegemônicas do passado.
Isso posto, o autor define que a construção da narrativa pode ser construtora da
memória, e que com base nessas memórias é possível construir a história e o fato
histórico, permitindo considerar a narrativa como a matéria ou objeto da historiografia.
Logo, a produção da memória a partir da narrativa, produz o efeito da historiografia.
Na obra, 1930 é considerado o marco temporal, que não necessariamente tem seu
início exato em 1930. As narrativas conduzem memórias que não seguem relações diretas
com o tempo do acontecimento, considerando eventos anteriores ou posteriores da
revolução de 1930, possibilitam que seja organizada uma relação viabilizando assumir a
narrativa como fato histórico esse, no caso, marcado por outubro de 1930.
Ainda sobre a construção de 1930 como fato, Vesentini (1997, p. 26-27) destaca
que:
Sua projeção amplia-se incrivelmente e a recordação liga-o todo um novo
conjunto de relações que posteriormente teriam existido. Pela obra da
transubstanciação uma enorme gama de significações pode ser alocada aos
episódios de um dia, um mês, convertidos em fato histórico revolução de
1930. E isso com tal força diante das práticas sociais que soa como se fosse
apenas este o fato responsável por todas as implicações e decorrências
capazes de anular todos os outros dias (...).
A construção historiográfica, definida por matriz, produz o fato, mas o
testemunho coloca 1930 como o fato em si. Essa divergência acontece por causa da
espessura temporal do fato. Perguntar sobre a espessura do fato de 1930 é perguntar
sobre os projetos políticos que se constituíram ou deixaram de ocorrer. Assim, para cada
testemunho, os acontecimentos de 1930 têm diferentes percepções que se divergem
quanto à construção historiográfica, revelando se aquele ano é considerado um fato ou
não para os testemunhos na formação da historiografia. O trabalho com o fato é
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desenvolvido através da memória dentro da já citada matriz narrativa; a preocupação do
autor é como constituir 1930 como um fato. “É preciso ainda citar formas de
comportamento inconscientes, guiadas por instituições ou que criam suas próprias
instituições e que tanto ampliam delimitam os campos de ação e experiência.”
(KOSELLECK, 2006, p. 136). E ainda, os “eventos são provocados ou sofridos por
determinados sujeitos, mas as estruturas permanecem supra individuais e
intersubjetivas. Elas não podem ser reduzidas a uma única pessoa e raramente a grupos
determinados.”
(KOSELLECK, 2006, p. 136).
Ao constituir o fato, deve-se compreender que este é parte interferente da
memória do sujeito, que ilustra qualquer questão reportada ao passado. Uma situação
qualquer para indivíduos distintos pode ter focos igualmente diferentes, ampliando
determinados acontecimentos e excluindo outros. Para o historiador, comparar os
passados vividos depende da possibilidade de recorrências em comum.
Os acontecimentos de 1930 foram uma ruptura que remetem à nova performance
inserida em meio à situação política de revolução e ações. Assim, é possível dizer que,
nesse caso, as ações tenham atuado de modo mais determinante que a revolução de
outubro de 1930 por si.
A transubstanciação liga no tempo algumas ações, e ações coletivas, com certas
ideias, criando o fato -– e neste lugar da política. O fato perde boa quantia de
significados, à vista imediata, assumindo essa expressão concreta, despida
como a pedir, uma interpretação. (VESENTINI, 1997, p.45)
Como no caso, houve uma transformação no movimento histórico, as estruturas
de longo prazo colidem com o avanço da transformação estrutural. De modo que, ao
refletir metodologicamente a isso, as estruturas e suas transformações podem ser
(re)convertidas em experiência quando seu período de duração não ultrapassar a
unidade de memória das gerações contemporâneas (KOSELLECK, 2006).
Portanto, podemos considerar que asões e estruturas têm diferentes extensões
temporais no campo de experiência do movimento histórico. A narrativa, como objeto do
historiador, ajusta-se às estruturas possibilitando que o fato se determine.
O historiador pode enriquecer o fato através de seu estilo de escrita se, no
processo de rememorar, o faz de modo especial, dando enfoque ao fato de fora; se a
precisão o determina como produto de uma ação e cuja existência permite manter o
pensamento vivo. Porém, considerando que o conteúdo do fato não representa uma
totalidade idêntica de circunstâncias do passado, pode-se considerar que o historiador
está sujeito pelos testemunhos da realidade passado. Os eventos passados relatados
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pelos testemunhos não podem ser maiores do que o conteúdo das estruturas, pois essas
passam pelas construções da narrativa histórica determinadas pelo historiador.
Testemunho e memória
Quando pensamos nas relações entre passado e presente em consideração à
experiência, a memória é reconfigurada pela história. A história, em sua razão, tem papel
estruturante e possibilita encontrar no tempo presente funções dos problemas ao
mesmo tempo em que seleciona os sujeitos de enunciação. O trabalho do historiador é
evidenciar, selecionar e construir a história em uma estrutura atenta às dimensões e
críticas. Configura-se, então, em estruturas narrativas posicionadas para dar autoridade
ao historiador. Essa autoridade concede ainda a escolha de circunstâncias que permitem
construir um fato que, geralmente, segue interesses de vozes vencedoras em algum
marco temporal.
Assim, considerando que a historicidade e historiografia são reconfigurações das
experiências apresentadas com a história, o historiador adquire contato com alguma
verdade, observando que nenhuma experiência é a mesma. Logo, essas experiências não
nos fornecem a verdade, mas o trabalho com as fontes permite uma aproximação dela.
Na obra Tempo Passado, Sarlo (2007) questiona sobre a preservação da memória
e sentidos da experiência, argumentando sobre o uso de testemunhos como
anunciadores da verdade relativos ao tempo presente enquanto narram o passado.
A dupla utilização de "lembrar" torna possível o deslocamento entre lembrar o
vivido e "lembrar" narrações ou imagens alheias e mais remotas no tempo. É
impossível (a não ser num processo de identificação subjetiva inabitual, que
ninguém consideraria normal) lembrar em termos de experiência fatos que não
foram experimentados pelo sujeito. Esses fatos só são "lembrados" porque
fazem parte de um cânone de memória escolar, institucional, política e até
familiar (a lembrança em abismo: "lembro que meu pai lembrava", "lembro que
na escola ensinavam", "lembro que aquele monumento lembrava. (SARLO,
2007, p. 90)
O diálogo entre Sarlo e Vesentini apresenta alises das reconstruções da
memória, seja de vítimas e familiares de vítimas das ditaduras na América Latina, seja
dos testemunhos dos eventos ocorridos em 1930, no Brasil, que permitem o mapeamento
de memórias, caracterizando-as como narrativas de testemunhos. Ambos trabalham
sobre o lugar dos testemunhos no processo dos acontecimentos que se tornam fatos.
Sarlo se dispõe a analisar as falas de testemunhos ao conhecimento da preservação da
memória das ditaduras e trabalha com as experiências vividas por tais testemunhos em
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relação com a “verdade” e os sentimentos que carregam as memórias, fazendo crítica
aos sentimentos e “memórias de memórias.”
10
(SARLO, 2007, p. 47).
É primordial a crítica da fala em si como um acontecimento derivado de uma
“teia” que permite formação e registros das falas, a necessidade de entender as falas e os
relatos entre suas distinções e o modo que o historiador escreve sobre, fazendo com que
as palavras virem representações ordenadas.
A fim de validar e organizar as falas do relato histórico, o historiador deve
desconfiar da fonte e de suas falas, separar o que é viável dentro da escrita e, assim,
construir uma teia de fatos bem constituída. O trabalho com testemunhos e memórias
apresenta a necessidade intrínseca de considerar as falas opostas e contra-las a fim
de compor a teia. O sentido desse trabalho contém rupturas e deslocamentos das falas e
fontes. Com isso, o historiador define casualidades, fatos, momentos, ações interferentes
na constituição das narrativas.
O cuidado com análises dos relatos das memórias conduzidas pelo testemunho,
junto com o uso de outras fontes materiais (objetos, documentos, imagens, entre outros),
permitiu que fosse estruturada dentro do Museu Saedaemun Prison simulações do
cotidiano, a fim de resgatar e fixar as memórias sobre algumas das ações ocorridas na
Coreia durante a colonização japonesa no início do século XX.
Para recriar o passado, ordenando a teia envolvendo a emoção, viabiliza diversas
possibilidades de constituição do passado, que no presente sofre certa alteração,
oferecendo à memória problemática que devem considerar a reivindicação de memórias
e patrimônios, com o propósito de afirmar a memória coletiva. Sobre memória coletiva
considera-se que:
Buscando encontrar as formas de compartilhamentos de memórias, Candou
formula o conceito de metamemória como aquele que mais poderia aproximar-
se da ideia de coletivo. A ideia de que os sujeitos fazem de sua própria memória
é, portanto, originária das formas sociais de transmissão das informações. [...]
essa transmissão é mediatizada por diferentes veículos (objetos, saberes,
tradição oral, etc) de formas diversas, conscientes ou inconscientes.
(FERREIRA, 2008, p. 55)
Por estar fadada ao contato maior com o esquecimento do que com o
compartilhamento da memória pois o que é lembrado é menos do que o quanto se é
esquecido ou alterado , os empreendimentos patrimoniais são aspirações de produção
10
Refiro-me ao que Sarlo (2007, p. 92-94) elucida ao referir-se das pós-memórias: memórias da memória
de alguém. Memória das mídias, memórias carregadas de sentimentos, que não trazem relevância a
construção de fatos. Sarlo levanta a problemática de que o problema da Verdade, no caso dos
testemunhos, tende a ser tratada como inquestionável. Para ela, “esses discursos testemunhais, sejam
quais forem, são discursos e não deveriam ficar confinados numa cristalização inabordável”.
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de memórias coletivas. Quanto aos museus, as apresentações de memórias de modo
público carregam emoções, culpa e defesa coletiva. Os discursos e interpretações que
alguns museus e exposições podem exibir estão fadados à recepção acalentando a
vitimização ou, ao contrário, provocações por quem pode sentir-se ofendido. Esses são
alguns elementos recorrentes entre as disputas de memórias vinculadas a traumas ainda
presentes na história coletiva.
O museu
Museus e exposições são lugares de apresentação de memórias que envolvem
sentimentos de conflito ou conforto aos visitantes. Seu papel vai além da simples
exibição pesada e imutável de objetos, faz uso de justificativas e objetivas em espaços
pedagógicos estabelecidas para expressar como se deseja que o lugar, as narrativas e as
memórias sejam reveladas ao público. Em seu discurso e disposição, que envolvem o
público, associações, intelectuais e individualidades, ressalta a cultura material e
elementos imateriais de experiências que dão espaços a usos e sentidos ali narrados.
Seodaemun Hall, como museu, foi aberto em 1998 nas instalações originais
construídas pelos oficiais japoneses durante a ocupação, com o objetivo de lembrar
aqueles que denunciavam abusos e como forma de resistência, como homenagem a
honra dos patriotas presos, torturados e executados nas dependências da prisão.
Segundo as diretrizes oficiais, a montagem do museu foi pensada para a educação
de criaas e jovens sobre as atuações japonesas e os movimentos anti-Japão existentes.
Apesar da retirada dos japoneses em 1945, com o fim na Segunda Guerra Mundial, a
construção de Seodaemun foi usada ainda como prisão até 1987. A partir de 1995, o
distrito da região de Seodaemun elaborou o plano de renovação do 'Seodaemun
Independence Park' seguindo a propostas do então presidente Kim Young Sam que
teve o compromisso de enfatizar a identidade cultural sul-coreana. Seu plano de governo
enfatizava programas e políticas de promoção da cultura e turismo, além de programas
de educação cultural. A curadoria responsável pela exposição permanente criou uma
narrativa que tornasse vívido o sofrimento dos presos que lutavam pela libertação da
colônia em suas lutas de resistência.
Devido ao turbulento início do século XX, com ataques japoneses adentrando a
península coreana, coagiu o surgimento de movimentos de resistência pela península.
Com o fortalecimento do Japão, houve uma disputa que matou quase 9000 soldados
coreanos e, a partir disso, foi instalado no território a Polícia Militar japonesa, conhecida
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como Kempeitai,
11
responsável por garantir que a resistência fosse controlada. Dentro da
Kempeitai havia a corte de inteligência japonesa encarregada de investigar, prender,
julgar e torturar coreanos supostamente pertencentes às guerrilhas espalhadas pela
colônia.
Há uma sala coberta por fotografias dos prisioneiros, com a exibição do
documentário Live voice testemony by patriotic ancestors em pequenas telas e alto
falantes ecoando narrações de mensagens de prisioneiros que resistiram à brutalidade
japonesa. Para quem visita esta sala, é possível identificar um orgulho coreano ao
reconhecer em ancestrais a força de luta em prol de uma solidariedade nacional. É
interessante, já neste ponto do museu, questionar: o museu é um lugar de
armazenamento de memória ou de construção dela?
Cummings (2005) discute porque acadêmicos coreanos estão inclinados a
engajar uma aproximação histórica. Primeiro eles recriam tal aproximação
através da história oral, como poucas gravações existentes são particularmente
do período entre 1935 e 1945. Seodaemun Prision History Hall também sugere
que a escassez de materiais históricos e testemunhos dados por sobreviventes
priva a Coreia contemporânea de ter a oportunidade de dividir memórias de
seus sentimentos com sobreviventes que experimentaram tais dias de prisão
(SATO, 2011, p. 03)
O projeto do Seodaemun Prison History Hall foi pensado para que os visitantes
experimentassem a agonia dos prisioneiros coreanos em cada sala do museu (SATO,
2011, p. 4), se auto identificando como um lugar de fortalecimento da luta patriótica. Da
sala de fotografias dos prisioneiros às salas seguintes, a utilização de multimídias de
vídeos e animações sobre o período buscam consolidar o discurso de pátria, de honra
nacional obtida pelos que lutaram contra o colonialismo e pela soberania coreana.
Como museu, o espaço tem a condição de adaptação e conservação dos eventos
históricos em uma construção imaginária e ideológica do passado, tendo, assim, um lugar
de conforto ao que se sugere em toda sua apresentação.
O que particularmente chama a atenção no museu são as reproduções de cenas
cotidianas em determinadas salas. Ao passar pelo primeiro andar com a sala de
fotografias, a sala de vídeo e testemunhos, passa-se por um corredor, ainda com o uso
de imagens e animações que contam a história da colonização japonesa e se segue até o
segundo andar. Neste andar, há montagem de salas com documentação oficiais de
11
“Os Kempeitai, a polícia secreta do Japão e o serviço de contraespionagem, eram mantidos
justificadamente nos territórios militarmente ocupados pelo que os japoneses chamavam de "Grande
Esfera de Co-Prosperidade” de seu império da Segunda Guerra Mundial." (BROWN, 1994, pp. 163-167,
tradução nossa). [No Original]: “The Kempeitai, Japan's secret police and counter-espionage service, were
held in justifiably inordinate dread in the militarily occupied territories of what the Japanese called 'Great
Co-Prosperity Sphere' of their World War II empire.” (BROWN, 1994, pp. 163-167).
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julgamentos, prisões, objetos pessoais de prisioneiros, e instrumentos utilizados desde
higiene, alimentação, entre outros. O visitante recebe um montante de imagens e sons
que asseguram uma perspectiva de encontro com seus semelhantes que lutaram pela
liberdade, seguidos pelo contexto histórico logo no primeiro andar. Isso sugere que o
visitante já receba uma carga de memórias possibilitando a apropriação dos sentimentos
sugeridos. Tanto que chegar ao segundo andar com os objetos pessoais e documentação,
intensificam a experiência, amplificando o fenômeno de ingestão do passado narrado.
Nessa disposição, a montagem do museu leva o visitante a descer uma rampa,
ainda cercada de imagens referentes ao período, seguindo para uma área onde
reproduções de celas abertas à visitação. Há a sala de interrogatório, a cela de espera, a
solitária e, então, chega-se ao porão onde havia a utilização de instrumentos de tortura.
Ali o espaço se divide em reprodução com bonecos de cera, muito utilizados em museus
coreanos, encenando as disposições de interrogatório e tortura, e também são
disponibilizados alguns instrumentos para que o visitante experimente, por si mesmo, a
agonia que fora registrada pelas memórias e testemunhos dos prisioneiros, já vistos nas
salas anteriores.
De lá, segue-se para o outro prédio, onde eram as celas de fato. Lado a lado, celas
pequenas com bonecos de cera, marcações nas paredes originais. Acima, um boneco de
cera de um policial japonês observando tudo. Havia a reprodução do modo que se podia
dormir, defecar, e se comunicar com o companheiro da cela ao lado.
Do lado de fora, um espaço para exercícios físicos um túnel/labirinto para
caminhada em fila. O tanque onde roupas eram lavadas, uma pequena sala de costuras
onde as coreanas eram obrigadas a costurar uniformes militares para os japoneses. Há
ainda, uma ala separada para dedicar uma homenagem às mulheres prisioneiras, com o
uso novamente de curtas-metragens da biografia das mais importantes mulheres dos
Movimentos de resistência, de músicas que expressam o sentimento triste de luta
nacionalista.
A construção da narrativa sobre a colonização japonesa colocada em Seodaemun
conta com certo excesso de denúncia contra o Japão. Por toda exposição, há referências
sobre o Japão impondo poder e domínio sobre indivíduos da nação coreana que lutavam
pela liberdade nacional.
Não para menos, há também uma parede onde é possível que os visitantes deixem
“sua marca” e a maioria dos discursos daquelas mensagens são semelhantes ao grito dos
mesmos que foram presos por lutarem contra a colônia, em memória por aqueles qual o
museu retrata: "Reduzir nosso fardo e ressentir o sentimento de ser tratado
injustamente"; “Japão, nós somos infelizes, promotores de revitalização”; “Um país sem
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poder sempre sofre de opressão"; “Eu saio e procuro por aqueles que torturaram nossos
ancestrais.”
12
A disposição da exposição permanente do museu, bem como as propostas de
interação com o público, simboliza alguma revolta sobre a colônia e repressão contra os
coreanos. A precursão iniciada na primeira sala, com as fotografias e mensagens, e todo
o movimento da exposição, que, ainda possibilita eternizar os sentimentos sobre aquilo
aprendido no museu, é um caso que demonstra o cumprimento do papel de um museu,
ao trazer o debate sobre memórias e como é abordado num plano de passado e presente.
É, sem dúvidas, um espaço de sentidos, que usa a experiência, o audiovisual e
representações como elementos presentes em sua narração com toda nuance evocativa
de memórias e, simultaneamente, constroem-se novas memórias de visitantes, que mais
tarde, são reproduzidas em forma de “Quando visitei Seodaemun History Hall, aprendi
que...”.
Imagem 1. Área externa do Seodaemun Hall
13
.
Fonte: Arquivo pessoal.
12
[No original]: “Reduce our burdened resentful feeling of being treated unfairly”; “Japan, we are
unfortunate, make our ancestors revive”; “A powerless country always sufferers from oppression”, “I set
out and look for those who tortured our ancestors”. Referências pessoais anotadas durante a visita ao
Museu Seodaemun, em fevereiro de 2017.
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É nítida a exaltação patriótica através da bandeira nacional hasteada na parede externa do museu.
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Imagem 2. Sala de interrogatório com
o uso de bonecos de cera no
Seodaemun Prision Museum.
Fonte: Arquivo pessoal.
Imagem 3. Sala de tortura com reprodução a partir de
bonecos de cera. Interrogatório e tortura ao mesmo tempo.
Prisioneiros com as mãos atadas recebiam choques
chicotadas.
Fonte: Alamy.com: https://www.alamy.com/stock-
photo/seodaemun-prison-history-museum.html. Acesso
em:18 nov. 2018.
Imagem 4. Sala de tortura
1
a partir de bonecos
de cera. Amarrados de ponta cabeça, com água
fervente sendo jogado no corpo do prisioneiro.
Fonte: Arquivo pessoal.
Imagem 5. Um dos instrumentos de tortura
disponibilizados para que o visitante “vivencie” o
que prisioneiros sofreram com as prisões. Neste
instrumento há uma espécie de chapéu de palha
para cobrir o rosto do torturado. Suas mãos presas
a algemas coladas na mesa, o
nde as mãos eram
amassadas e unhas arrancadas.
Fonte: Arquivo pessoal.
Voltando ao que determina a construção do fato, apresentado anteriormente
neste trabalho, pelo exposto com base na argumentação de Vesentini (1997), pensar nos
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eventos sofridos como prisão ainda permite que as estruturas narradas por cada
indivíduo continuem impessoal.
As memórias dos testemunhos ao ilustrar os acontecimentos abrem a discussão
em torno das semelhanças entre si, mas o museu não permite que haja o contato com as
memórias que não foram contadas, assim como as falas mudas e o que não foi dito sobre
aquele período da história. No entanto, são as recorrências em comum que permitem
comparar o passado ao escrever a história contada pelos Movimentos de Resistência que
sofreram na prisão Seodaemun.
Ao construir a prisão, delimitar um órgão policial militar e investigativo com
ordens que vão desde a investigação até a execução, o Império japonês possibilitou,
mesmo sem querer, que o avanço na transformação estrutural fosse fragmentado. A
partir daí, a sociedade coreana adquire um sentimento nacionalista ainda mais resistente,
e a constância dos discursos nacionalistas ficaram mais fortes, permanecendo
carregados de orgulho até os dias atuais.
Considerações finais
O museu sugere a grandeza humana de homens e mulheres personagens do
cotidiano, guiados por sentimentos nacionalistas e de insubmissão para reconciliar os
sentidos do presente. Esses sentidos do presente se interpõem entre a verdade e a
narrativa exposta através das fontes (objetos, diários, testemunho de sobreviventes etc.),
mas é preciso refletir sobre a relação do conhecimento histórico com seu sujeito na
construção da narrativa definida como o fato.
Podemos considerar Seodaemun como um dos mais importantes dispositivos de
memória ativados pela sua organização. É, sem dúvida, um local que sugere a força e
importância dos que lutaram, emudecendo totalmente outras memórias, outros sujeitos,
impedindo, então, que haja formas de estabelecer conflitos dos discursos, por exemplo,
como é a experiência para um turista japonês ao visitar o local onde sua nação não tem
lugar de fala, além do retratado em cada sala.
A partir de processos culturais e sociais, a representação do passado exibido
devido o acesso às memórias e testemunhos, ao narrar aquele local como o centro da
brutalidade japonesa contra a nação coreana, permite definir as dimensões decisiva para
compreensão, sobreposta acima de outras perspectivas históricas. O museu traz
conjuntos de experiências de vida e histórias contadas por testemunhos, especificando
certo domínio histórico e um presente que admite o seu passado. Passado que de certa
forma, ainda é venerado, pois em seu presente o orgulho da luta exposta é fruto da
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consciência nacional do hoje e continuará sendo ao amanhã.
Referências
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