Em busca da tradição: análise de visões de
patrimônio dos intelectuais Mário de
Andrade e Gustavo Barroso
Searching for tradition: an analysis about
the visions of patrimony in Mário
de Andrade e Gustavo Barroso
FUJIKAWA, Mariana
*
RESUMO: As décadas de 1920-1930 no Brasil
foram marcadas pelo início das políticas
voltadas para a preservação do patrinio.
Nele existiam duas correntes que diferiam
sobre a ideia do que seria preservado. Numa
delas havia o entendimento de patrimônio
como algo voltado para as manifestações
populares. Esta linha de pensamento era
endossada por Mário de Andrade. Na
segunda corrente, entendia-
se como
patrimônio o legado dos grandes feitos e
heróis nacionais. Foi neste contexto político
que o primeiro curso de Museologia do Brasil
foi idealizado por Gustavo Barroso. No ano
de 1932 o curso foi aberto por Rodolfo Garcia
no Museu Histórico Nacional. O objetivo
deste artigo é apresentar as diferentes ideias
de tratamento de patrimônio da época de
forma a promover um debate das influências
dessas visões na formação dos primeiros
profissionais de museu.
PALAVRAS-CHAVE:
Museu Hisrico
Nacional; Patrimônio; Gustavo Barroso;
Mário de Andrade.
ABSTRACT: The decades of 1920-1930 in
Brazil were marked by the beginning of
politics that aimed to preserve the
patrimony. There were two perspectives
that differed about that idea. In one of them,
it was understood that the patrimony was
focused on the popular manifestations.
Mário de Andrade supported this line of
thought. In the second perspective, the
patrimony was view as the legacy of the
great deeds and national heroes. It was in
this context that Gustavo Barroso idealized
the first class of Museology in Brazil. In 1932
the class was open by Rodolfo Garcia in the
National History Museum. The aim of this
paper is to present the different views of
how to treat the patrimony in a way to
debate the influences of those visions in the
formation of the first museums
professionals.
KEYWORDS:
National History Museum;
Patrimony; Gustavo Barroso; Mário de
Andrade.
Recebido em: 07/10/2019
Aprovado em: 24/11/2019
*
Graduada em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, estado do Paraná (PR),
Brasil. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da UFPR, Curitiba (PR). Bolsista CNPq. E-
mail: mari.fujikawa97@gmail.com.
Faces da História
, Assis/SP, v.6, nº2, p.425-440, jul./dez., 2019
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Introdução
A formação de profissionais para atuarem na área de museus no Brasil teve início
com a necessidade de se formar pessoas qualificadas para realizarem as tratativas
técnicas dos acervos do Museu Histórico Nacional (doravante MHN) (COELHO, 2015).
Entretanto, o projeto do primeiro Curso de Museus do Brasil está atrelado não somente
à história do MHN fundado em 1922 mas também aos próprios debates que envolvem
o entendimento em relação a qual seria este patrimônio preservado pelos museus.
Neste sentido, boa parte da história do MHN esteve ligada à ideia de se preservar
a memória dos “heróis nacionais” e dos grandes feitos da nação. Entretanto, a partir das
mudanças de perspectivas e de entendimento sobre História e Museu foi que, no fim da
década de 1960, o Museu Histórico Nacional passou a reformular seu circuito de
exposições, desmontando salas que eram dedicadas aos “grandes homens” da história
brasileira. Em seu lugar, o MHN passou a dedicar-se a mostrar a história dos grandes
ciclos. Assim, os grandes personagens perderam seu caráter de exemplaridade, e o
museu recaiu em uma lógica evolutiva de sucessão dos períodos. Rompia-se, então, com
o modelo de museu que perdurara por mais de 40 anos (ROCHA, 2018).
Apesar dessa transformação da história dos “grandes homens” para a história dos
processos estruturais, percebemos que ainda assim o MHN permanecia vinculado a
ideias de história que não eram plurais e viam diversos personagens como passivos e não
como agentes históricos. Esta perspectiva estava intimamente ligada às ideias de seu
período e, em certa medida, se refletia na instituição, nas suas ações, bem como no
entendimento de museu que havia naquele período.
Na atualidade, a visão de museu se transformou, e novas reflexões trazidas no
campo da Museologia se apresentaram para essa mudança de paradigma. Neste sentido,
os debates remetem à década de 1960 e aos entendimentos de Stránský e Gregoro da
Museologia enquanto estudo do Homem com a Realidade; e de Waldisia Russio, na
década de 1980, que entendia a Museologia enquanto o estudo do “fato museal”, “[...] a
relação profunda entre o Homem, sujeito que conhece e o Objeto, parte da Realidade à
qual o Homem também pertence e sobre a qual tem o poder de agir” (RUSSIO, 1984,
p.62). A Museologia, neste sentido, se apresentava como uma disciplina em construção.
No século XIX, a visão do que era história estava atrelada ao político, aos grandes
homens e grandes acontecimentos. Como afirma Foucault (1998), essa história
tradicional acreditava na neutralidade do historiador e procurava alcançar a verdade dos
acontecimentos. Essa verdade seria encontrada somente nos documentos considerados
oficiais, ou seja, seriam fontes escritas de autoria de pessoas vistas como relevantes. No
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entanto, houve críticas a essas concepções historiográficas e assim houve uma abertura
da história, principalmente com a Nova História (BLOCH, 2002). A partir disso, entende-
se que a história não é neutra. Há, com isso, um alargamento do que é considerado fonte
e uma expansão de quem seria considerado um sujeito histórico.
No momento presente, nota-se que os agentes de museu - impactados também
por esse diálogo com as novas concepções do que entraria para a História - alargaram
suas concepções acerca de quem pode fazer parte do circuito do museu. Mulheres,
indígenas, negros e negras, trabalhadores e trabalhadoras, pessoas da periferia… O
museu se torna mais plural e abrange mais histórias.
No caso do MHN, havia, em sua criação, a ideia de que somente alguns sujeitos
poderiam participar da história da nação. Essa era a ideia engendrada por Gustavo
Barroso, mas é importante afirmar que existiam outras concepções de patrimônio nesse
mesmo período. Uma dessas visões é a de Mário de Andrade, que apontava para uma
visão patrimonial mais plural e menos excludente.
Dessa forma, este artigo visa tratar essas diferentes e conflituosas visões de
patrimônio, assim como busca tratar do surgimento do Curso de Museus no MHN e de
como essa criação estava atrelada com o contexto do momento.
Pensando a nação e o patrimônio
Desde o fim do século XIX houve uma procura pela criação de uma identidade
nacional. Essa identidade coletiva englobaria os ideais de “progresso” e “civilização”. Isso
porque preocupavam-se tanto o Estado quanto os intelectuais em afirmar que o
Brasil era um local desenvolvido, moderno.
Nesse sentido, afirma Manoel Guimarães (1988) que desde o século XIX há uma
preocupação com o pensar a história. O discurso historiográfico ganhou, nesse
momento, aspectos de cientificidade e o historiador adquiriu o caráter de pesquisador.
Esse pesquisador passou, então, a pensar no processo da gênese da nação brasileira.
Assim, a ideia de que o Brasil seria representante da civilização no Novo Mundo foi
criada pelos historiadores e a nação brasileira, ressalta esse mesmo autor, foi inserida
em uma tradição de progresso.
Dessa forma, existia a concepção de uma história que seria ininterrupta, contínua,
como ressalta Ribeiro (2011). Isso era respaldado pela ideia de que a nação seguia em
marcha para a civilização e o progresso. Essa marcha seria marcada principalmente
pelos grandes exemplos do passado e pelos eventos poticos considerados como mais
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relevantes. Tal como a Independência, que, como afirma Callari (2001), marca o
nascimento do Brasil e da República.
Além disso, como nos lembra Ribeiro (2011), no século XIX houve a ascensão de
uma concepção de história que se preocupava com a crítica documental, com a verdade
e a neutralidade. Esses aspectos eram reforçados pela ideia do pensador e orador
romano Cícero (1988): história mestra da vida, que afirmava que a história devia ser um
repertório de exemplos jurídicos, políticos e éticos. Assim, a memória que os
historiadores brasileiros criaram para unir a nação foi baseada em grandes homens do
passado.
Com uma preocupação de âmbito nacional, essa noção não poderia se restringir a
uma parte do país. Guimarães (1988) afirma que do Rio de Janeiro as luzes deveriam se
expandir às outras províncias. Esse nacionalismo buscava, como afirma Lilia Schwarcz
(1998), destacar uma memória.
Percebemos a preocupação dos intelectuais com uma construção de uma
identidade. Essa seria construída pela criação de memórias de grandes personagens e
fatos políticos. Isso por meio de dispositivos como discursos, memoriais, bustos,
patrimônios e museus. Nesse sentido, como comenta Cury:
Museologia e memória: a memória não está pronta. É um processo em
constante construção, construção esta que se dá no presente, interpretando o
passado. Nesse encontro, discutiu-se o papel e a participação dos museus na
construção da memória e os museus como lugares de memória. (CURY, 2005, p.
55)
Assim, além da participação dos intelectuais na criação de memórias,
percebemos, também, a importância de instituições como os museus para a realização
dessa.
Patrimônio e a Construção da Nação: tradição x popular
Nas décadas de 1920 e 1930 havia um caráter de urgência em se pensar o nacional
no Brasil e, nesta empreitada, participaram intelectuais que atuaram enquanto
mediadores simbólicos nas políticas de patrimônio destes períodos. Em meio aos
debates, havia o conflito entre diferentes entendimentos da noção do que seria o
nacional.
Neste cenário, a figura de Mário de Andrade teve papel de destaque. Sua atuação
junto ao Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo e na formulão do
anteprojeto de lei que daria base para criação do Decreto Lei n. 25 de 30 de novembro
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1937 que institui o tombamento dos bens históricos e artístico nacionais e a criação da
Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN)
1
revela um pouco da
trajetória do intelectual enquanto agente do poder na promoção do patrimônio histórico
e artístico no Brasil (CHUVA, 2012).
A ideia de patrimônio cultural de Mário de Andrade estava assentada na visão de
algo distanciado de um passado glorioso e mais próximo de sua época. Ao mesmo tempo,
ela se distanciava, ainda, das grandes metrópoles e voltava seus olhos para o tradicional.
Em outras palavras, o patrimônio brasileiro, para ele, seria aquilo que estaria presente na
cultura popular e no folclore. Neste sentido, Chuva comenta qual seria a matéria-prima a
ser recuperada como referência para a ideia de patrimônio de Mário de Andrade:
Não um passado que não existe mais, mas justamente a existência, nesse
imenso Brasil, de diferentes temporalidades, encontradas por ele em suas
missões ao interior do Brasil, distante de São Paulo ou das grandes cidades;
distante das elites e da sua erudição europeia e bastante próximo do popular,
encontrado no próprio tecido social, a ser apreendido por meio do que vem do
olhar, do escutar, do saborear, do conversar (CHUVA, 2012, p. 153).
Neste sentido, Mário de Andrade considerava importante para a construção da
nação brasileira as buscas por suas raízes nas tradições. Desta forma, ele foi um
importante nome em pesquisas realizadas durante os anos de 1936 a 1938, que visavam
constituir um inventário do folclore brasileiro, dando subsídios para a criação da
Comissão Nacional do Folclore
2
. Logo, a visão desse patrimônio idealizado pelo
intelectual abrangia não somente bens materiais, mas também imateriais. É interessante
comentarmos, também, que Barroso possuía uma proposta de criar um museu
ergológico. Nele, afirma, haveria uma suposta “alma da nacionalidade”, pois o intelecto
estaria situado em outro lugar: que seriam as classes superiores e o Estado que as
comandava. Dessa forma, o folclore fazia parte, na visão de Barroso, da constituição de
um “grande Brasil”, em que cada detalhe seria a parte de um todo maior (BARROSO,
1945). Porém, ainda que o folclore fosse parte da não, o próprio autor comenta que ele
1
Atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
2
“No Brasil, uma ampla movimentação em torno do folclore e da cultura popular iniciou-se na década de
1950, reunindo nomes como Cecília Meireles, Câmara Cascudo, Gilberto Freyre, Artur Ramos, Manuel
Diégues Júnior, Renato Almeida entre tantos outros. O país de então orgulhou-se de ser o primeiro a
atender à recomendação da UNESCO, criando uma comissão para tratar do assunto a Comissão
Nacional do Folclore, no Minisrio do Exterior. No contexto do pós-guerra marcado pela preocupação
internacional com a paz, o folclore era visto como fator de compreeno e incentivo à aprecião das
diferenças entre os povos. O conjunto das iniciativas então desenvolvidas foi designado como Movimento
Folclórico, implantando diversas Comissões Estaduais de Folclore, algumas atuantes até hoje. Seu apogeu
foi a criação, em 1958, da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, no então Ministério da Educação e
Cultura. O atual Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, da FUNARTE, com ricos acervos
museológicos, fotográficos, sonoros e bibliográficos, é o herdeiro institucional desse movimento
(VILHENA, 1997, p. 69).
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não fazia parte do âmbito intelectual do Brasil, sendo que este estaria presente somente
nas classes superiores. Dessa forma, podemos perceber algumas aproximações entre
Mário de Andrade e Barroso, já que ambos possuíam como proposta a criação de um
museu ergológico. Ambos, além disso, consideravam o folclore como constituinte da
nação brasileira. Porém, apesar dessas semelhanças, observamos uma distinção entre o
que é o folclórico e o que é o racional, para Barroso. Este acreditava que o folclore seria
a alma, ou seja, o espírito, aquilo existente no campo do místico, no irracional, no
imaginário. O campo concreto, para Barroso, seria o da inteligência, o das classes
superiores. A ideia de Mário de Andrade, por sua vez, não apresenta essas dicotomias
expressas de forma clara: não há uma oposição entre as classes superiores e o folclore, o
racional e o impensável.
A ideia de Mário de Andrade sobre patrimônio era abrangente, e isto se refletia no
seu anteprojeto. Ainda assim, algumas de suas principais noções a respeito do
patrimonializável foram revisadas por Rodrigo Melo Franco de Andrade,
3
então Chefe de
Gabinete do Ministro dos Negócios da Educação e Saúde Pública e não aparecem no
Decreto Lei n. 25/1937. rio de Andrade, em seu anteprojeto, previa a preservação de
crenças, hábitos, cantos, lendas, dentre outros (SALA, 1990), englobando não apenas
bens materiais (objetos e monumentos) mas também esses saberes. Porém, este caráter
voltado para o patrimônio imaterial foi totalmente retirado do Decreto publicado em
1937, sendo a ênfase dada aos bens materiais e às edificações. A ideia de se preservar um
patrimônio imaterial associado aos saberes e fazeres só voltou a ser discutida no Brasil
em 1988, com o artigo 216, que delimita que os patrimônios imateriais e materiais são
aqueles que possuem referências a identidade, ação, e memória de diferentes grupos.
Essa questão é também tratada no Decreto n. 3551 de 04 de agosto de 2000, que
equipara a proteção dos patrimônios imateriais aos patrimônios materiais.
Nesta perspectiva, Mário de Andrade também pensava os museus, que, para ele,
deveriam se dedicar à sua função educativa, uma vez que o processo de preservação do
patrimônio cultural estaria associado à alfabetização (CHAGAS, 2015). Assim, diante da
atuação de Mário de Andrade nas políticas culturais de sua época, bem como do seu
entendimento do que é patrimônio cultural, ele pode ser considerado um mediador
simbólico, da mesma maneira que o museu, na forma como ele o pensa, também poderia
ser entendido como uma instância de mediação (CHAGAS, 2015).
3
Com a publicação do Decreto-Lei n.25 Rodrigo Melo Franco de Andrade torna-se o primeiro diretor da
Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).
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Por outro lado, durante a década de 1930 existiam outros entendimentos em
relação ao que seria o patrimônio cultural brasileiro, além de qual seria o papel dos
museus na difusão da memória.
Neste contexto, Gustavo Barroso, intelectual ligado ao Movimento Integralista,
dedicou-se a estudar as questões que envolviam a construção da nação e de seu
patrimônio histórico. Barroso concentrou parte de suas pesquisas no campo da história
militar e entendia a identidade nacional brasileira como “herança da colonização
europeia, no qual o branco, europeu, português, católico, consubstanciariam o elemento
civilizador” (DANTAS, 2014, p.41). Parte dessa visão estava presente no seu projeto para
o Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro:
Em 1922, sua relação com Epicio Pessoa lhe garante a direção do recém-
inaugurado, Museu Histórico Nacional (MHN). Em seu projeto museogico
celebra-se o passado da nação, identificado com o Brasil Império, a atuação das
Forças Armadas e da Igreja Católica e o culto às relíquias, objetos históricos que
deveriam conduzir as pessoas a ‘um passado que não deveria passar’, um
passado que a partir da coleção de objetos tidos como históricos, deveria
reabilitar o presente. O MHN seria a materialização da memória, onde o culto à
tradição, ligada ao passado, e aos objetos tidos como relíquias, transformariam
memórias particulares, locais, individuais, em memória coletiva da nação
(DANTAS, 2014, p. 42-43).
Desta forma, a ideia de Barroso para o MHN sobre patrimônio estaria mais
atrelada a uma memória de grandes personagens e feitos históricos, de uma memória
oficial de um passado glorioso, indo na direção oposta ao entendimento de Mário de
Andrade, cuja ideia de patrimônio estava focada no popular. A divergência de ambos
intelectuais esbarra, ainda, no próprio entendimento que eles tinham de museus e suas
funções, conforme Chagas discute:
Enquanto Gustavo Barroso, criador do Museu Histórico Nacional (1922),
pensava o museu como um local destinado a realizar e a ensinar o ‘culto à
saudade’, a ‘exaltação da pátria’ e a exaltação do ‘vultos gloriosos’ Mário de
Andrade o considerava como espaço de estudo e reflexão, como instrumento
capaz de servir às classes trabalhadoras, como instituição catalisadora e ao
mesmo tempo resultante da conjugação de forças diversas, como âncora de
identidade cultural. Todavia ambos debruçaram-se sobre o problema do
nacional e focalizam a dimensão educativa dos museus (CHAGAS, 2015, p.72).
Esses debates em torno do nacional evidenciam uma preocupação crescente com
aquilo que seria associado ao passado e às memórias que sustentariam a ideia de nação.
Em especial na área da cultura, a interferência do Estado na década de 1930 foi um
marco no que se refere às primeiras legislações na área. Dentre elas estão o decreto que
eleva Ouro Preto à categoria de monumento nacional (1933), o decreto que organiza o
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serviço de inspeção dos monumentos nacionais, com sede no Museu Histórico Nacional
(1934), e o decreto-lei n.25 que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico
nacional (1937) (CHAGAS, 2015).
Em meio a esses embates de disputa intelectual pelo campo do patrimônio é que
foi fundado o primeiro Curso de Museus do Brasil, o qual, posteriormente, se tornaria o
primeiro Curso de Graduação em Museologia do país. A concepção e o currículo deste
curso refletem, em grande medida, as ideologias e os entendimentos de uma dessas
vertentes de pensamento, seguida por Gustavo Barroso. Desta forma, analisar os
entendimentos sobre patrimônio é uma das maneiras de se refletir os processos de
formação dos profissionais que atuaram diretamente na área e também com as poticas
de memória no país.
Tradição x popular
A memória passa a adquirir lugares históricos a partir de museus, arquivos,
associações. Pierre Nora (1993) afirma que quando alguns objetos são valorizados como
símbolo de uma comunidade ou como patrimônio, as políticas de patrimônio criam
“lugares de memória” para estabelecer identidades coletivas.
Essas identidades coletivas, de acordo com Regina Abreu (1996), estão atreladas
ao conceito de Nora de “memória nacional”, na qual os indivíduos revisitam experiências
que reforçam laços de identidade. Nesse mesmo sentido, Abreu afirma que no MHN,
principalmente no contexto de sua fundação, houve um predomínio do exercício da
memória, em especial da nacional.
Nesse momento, os intelectuais que se articulavam para pensar o nacional se
preocuparam com a criação de lugares de memória. Assim, Gustavo Barroso afirmava a
importância da criação de um museu histórico, o qual seria responsável por resgatar o
passado, sendo o local que preservaria os documentos e objetos capazes de manter essa
memória nacional. Ele considerava como extremamente importante a escrita de uma
história brasileira que fosse vinculada a uma valorização do passado e visava instruir a
população sobre a importância da exaltação de fatos e também de personalidades
consagradas de nossa história. Assim, o Museu, em sua concepção, deveria contribuir
para sacralizar o passado, sendo essencial para construir um sentimento nacional e uma
moralizão da sociedade. (BARROSO, 1997)
Nesse sentido, foi criado, como afirma Siqueira (2009), o Museu Histórico
Nacional em 1922. Gustavo Barroso, o fundador e primeiro diretor do MHN, foi também,
de acordo com Abreu (1996), seu principal ideólogo. Este preocupava-se com as noções
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de tradição e passado, e para isso buscava obter objetos para o museu que legitimassem
um certo grupo social: o da nobreza e fidalguia. Desta forma, Barroso ressaltava a
importância do sangue e dos grandes feitos dentro do museu.
Além disso, para o primeiro diretor do MHN mostrava-se presente a concepção
de história mestra da vida que, como afirmado, buscava exemplos retirados do passado
para que, no presente, servissem de modelos éticos e morais. Assim, havia a busca por
um “museu-memória”, como apresenta Abreu (1996). O diretor buscava objetos que
despertassem nos indivíduos a lembrança de acontecimentos essenciais para a formação
da nação.
Esses acontecimentos deveriam transmitir os valores da civilização para todo o
Brasil. Nesse sentido, o museu de história auxiliaria o Estado Nacional em formar
cidadãos patrióticos e que se sentissem identificados com a ideia de nação em
construção. Porém, devemos nos perguntar se todos realmente se sentiam contemplados
pela história retratada no Museu Histórico Nacional.
Como ressalta Abreu (1996), esse museu se tornou uma galeria de histórias e
pessoas consideradas como exemplares, as quais seriam reis, ministros do Estado,
condes e rainhas; seria, desta forma, um museu das elites. A população economicamente
menos favorecida não estava no MHN representada, o que possibilitava que se
perguntassem: qual o nosso lugar na não?
Entretanto, como demonstra Chagas (2015), enquanto Barroso considerava que
os museus em especial o MHN - deveriam colaborar na construção de uma identidade
e de uma memória atrelada à exaltação da pátria e dos personagens gloriosos, Mário de
Andrade pensava nestes locais como ambientes que deveriam ser espaços de reflexão e
estudo. Os museus, na visão de Andrade, deveriam servir não somente a elite, mas
também as classes trabalhadoras, sendo esta uma instituição capaz de conjugar e
representar forças e grupos sociais diversos. Dessa forma, o projeto de museus de Mário
de Andrade buscava englobar uma maior diversidade, fazendo com que mais grupos
fossem representados.
O Curso de Museus
Na disputa sobre o entendimento do que seria patrimônio e o papel dos museus
dentro desse contexto, a visão de Mário de Andrade se apresentava como mais plural do
que a de Gustavo Barroso. Entretanto, no campo dos museus, em especial nos de caráter
histórico e artístico, ela não predominou e isto fica mais claro quando analisamos a
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trajetória do Curso de Museus
4
(1932) criado dentro do Museu Histórico Nacional. Este
curso foi o primeiro do tipo nas Américas e tinha como objetivo formar profissionais
para atuarem diretamente na área, o que mostra a preocupação do próprio MHN e de
seu idealizador, Gustavo Barroso, tanto com o aspecto educativo da instituição quanto
com o estabelecimento de diretrizes que embasassem a formação de um novo campo
intelectual especializado, como escreve Faria:
O Museu Histórico Nacional, desde sua criação apresentou em seus projetos a
dimensão educativa da instituição, estando compromissado com a educação
pública por meio do Culto à Saudade. Uma das ações colocadas em prática foi o
Curso de Museus, que visava formar profissionais especializados para o
trabalho nos museus, traçando um perfil de diplomados muito singular. Esses,
titulados como conservadores de museus, passaram a integrar as instituições
museológicas brasileiras e estabelecer uma matriz intelectual do campo dos
museus brasileiros (FARIA, 2013, p. 79).
Criado em 1932, inicialmente era um curso técnico com duração de dois anos e foi
pensado para suprir as necessidades de técnicos para o próprio MHN. A criação do
cargo de Conservador do Museu no MHN já havia sido solicitada por Gustavo Barroso
no ano de 1923, sendo que esse funciorio teria como responsabilidade zelar pela
conservação dos objetos, assim como coordenar os serviços de limpeza e restauração
(MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 1924 apud SIQUEIRA; GRANATO, SÁ, 2008). Neste
sentido, o curso estaria em consonância com o Decreto n. 15.596 de 2 de agosto de 1922,
que criou o MHN, e previa, em seu Capítulo VI, um Curso Técnico que supriria as
necessidades de mão de obra especializada para três instituições: o Museu Histórico
Nacional, o Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional (FARIA, 2013). Segundo este
decreto, faria parte da formação no curso
[...] a realização de cursos e conferências públicas pontuais, com caráter
instrutivo e educativo, sobre a história da pátria e educação cívica,
apresentando sempre que possível projeção ilustrativa e objetos históricos ao
público para aprimorar o aprendizado (FARIA, 2013, p. 106).
Ciente do papel do Museu Histórico Nacional frente às poticas nacionais e sua
importância no campo educacional, desde o ano de 1935 Gustavo Barroso almejava que o
museu tivesse seu nome mudado para “Casa do Brasil”, se utilizando deste conceito em
seus discursos junto à imprensa (FARIA, 2013). Este fato mostra como seu diretor estava
em consonância com as ideias nacionalistas do período e o Curso de Museus não
escapava a esta lógica.
4
Criado pelo Decreto-lei n. 21.129, de 7 de março de 1932.
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Sob a direção de Gustavo Barroso durante os anos de 1932 a 1959
5
, o Curso de
Museus passou por dois momentos em que teve sua grade curricular repensada. Nos
primeiros anos, enquanto curso técnico de 1932 a 1944, o currículo possuía a seguinte
estrutura:
1º ano - História Política e Administrativa do Brasil (período colonial),
transformada em 1934 em História da Civilização Brasileira; História da Arte
(Brasil); Arqueologia aplicada ao Brasil; e Numismática (parte geral) e no 2º ano
Técnica de Museus; História Política e Administrativa do Brasil
(Independência até atualidade); Numismática (brasileira); Sigilografia; Epigrafia;
Cronologia (SIQUEIRA; GRANATO; SÁ, 2008, p. 149).
No ano de 1944 a estrutura começou a ser repensada para se adequar aos
requisitos de um curso universitário, sendo estendida a duração de dois para três anos a
fim de instaurar as habilitações para Museus de História ou Museus de Arte. Esta
mudança foi firmada pelo Decreto-lei n. 6.689, de 13 de julho de 1944, mediante acordo
assinado entre o MHN e a Universidade do Brasil
6
. Desta forma, a grade curricular
contemplava dois anos de disciplinas, que visavam uma formação geral, e um ano na área
específica. Esta estrutura curricular permaneceu por cerca de 20 anos e seria modificada
no ano 1966, com a introdução de disciplinas de metodologia e pesquisa, além da
possibilidade de o aluno poder tirar ambas as habilitações após a finalização do curso.
Será apenas na década de 1970, que o perfil do curso começa, efetivamente, a
ser repensado. Isto se deve ao impacto de novas correntes de pensamento, como os
debates em torno da área de museus e patrimônio, como foi o caso da Carta de Santiago
do Chile (1972).
A partir de 1973, o Curso adota o sistema de créditos e a forma de ingresso
passa a ser o sistema unificado de vestibular. Em 1974, são suprimidas as
habilitações específicas e a duração ampliada para quatro anos (Projeto de
Reformulação Curricular, 2007) e, em 1977, o curso foi incorporado à Federação
das Escolas Federais Isoladas do Rio de Janeiro - FEFIERJ, continuando a
funcionar nas instalações do MHN. Pelo Decreto-lei nº66.655 de 1979, a FEFIERJ
passou a denominar-se Universidade do Rio de Janeiro - UNI-RIO e, em agosto
deste mesmo ano, o Curso foi transferido do MHN para o antigo prédio do
Centro de Ciências Humanas (CCH), na Urca. (SIQUEIRA; GRANATO; SÁ, 2008,
p. 173)
5
“Em novembro de 1930 Gustavo Barroso foi destituído do cargo de diretor do Museu Histórico Nacional
por ordem do Presidente Getúlio Vargas. A motivação teria sido o apoio publicamente divulgado de
Barroso à candidatura de Júlio Prestes nas eleições do mesmo ano. Neste momento, foi convidado para
dirigir o museu o historiador Rodolfo Augusto Garcia.” (FARIA, 2013, p. 86) Inicialmente o curso foi dirigido
por Rodolfo Garcia, mas, no 1932 Gustavo Barroso retornou a direção do MHN, assumindo, assim, a frente
do Curso de Museus até 1959, ano de seu falecimento.
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Foi apenas com sua saída de dentro do MHN e sua passagem para o âmbito
universitário que o currículo do Curso de Museus rompeu, definitivamente, com a forma
como havia sido pensado por Gustavo Barroso e teve sua estrutura repensada para dar
conta da pesquisa e da produção científica seguindo parâmetros acadêmicos. Durante o
período em que esteve atrelado ao MHN, de 1932 a 1977, o Curso de Museus foi
responsável pela formação de profissionais que atuaram em vários museus e instituições
governamentais no Brasil, participando da elaboração de políticas da área de patrimônio,
sendo o único Curso de formação disponível até 1969, ano em que a foi aberto o Curso
de Museologia na Universidade Federal da Bahia.
Considerações finais
Em nosso artigo visamos refletir sobre como as noções de patrimônio, que
predominaram no período, e a criação do curso estavam atreladas às ideias de
nacionalismo e também de uma criação identitária brasileira.
Podemos observar que não havia uma única concepção do que seria o patrimônio
e do que seria o museu. Autores contemporâneos disputavam, a partir de suas ideias, o
que deveria estar presente nas instituições que iriam criar memórias. Gustavo Barroso,
em sua defesa do que seria o patrimônio histórico, apresentava uma visão de que os
homens que haviam participado mais politicamente e militarmente deveriam ser os
modelos presentes em museus e que, assim, serviriam de ensinamento sobre o que seria
o justo, o correto. Isso em uma visão de que a História, como já afirmava Cícero, era uma
grande mestra da vida. Ao considerar que a construção nacional deveria ser feita
somente a partir das grandes narrativas de personagens históricos, vistos como
importantes - ou seja, homens, brancos, políticos -, Barroso acabou deixando de lado
outros sujeitos históricos como as mulheres, a população rural, as e os negros, os e as
trabalhadoras.
Mário de Andrade, por sua vez, trouxe uma visão de patrimônio - no mesmo
período que Gustavo Barroso - mais plural e diversa, permitindo que uma parcela maior
das pessoas pudesse se reconhecer representada, como afirma Chagas:
O projeto de Mário de Andrade para os museus municipais passa pela
valorização do existente: do mais singelo ao mais sofisticado, do popular ao
erudito, da cópia ao original, do testemunho natural ao cultural, sem a
preocupação de coleções fechadas. A narrativa museogica, nesse caso,
deveria surgir do diálogo com a população interessada na constituição do
museu. (CHAGAS, 2015, p. 96)
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Assim, o museu não somente representaria as populações que não eram da elite,
mas também seria construído em diálogo entre o povo e a instituição museológica.
Percebemos, a partir das visões de museu de Mário de Andrade e de Gustavo Barroso,
que havia diferentes noções do que seria o museu e quem nele estaria representado.
Como aponta Mariana Ribeiro (2011), o museu iria criar memórias, e a memória social é
um campo de disputas. Porém, ainda que os conflitos estivessem presentes, a visão de
Gustavo Barroso imperou, e foi a partir dessa visão que se criou o Curso de Museus.
A visão de Barroso foi aplicada no Curso de Museus, no MHN e essa era uma
percepção que focava em um tipo particular de indivíduos: os grandes personagens.
Essas concepções do que deveria estar presente nos museus, porém, é datada, e as
concepções se transformam. A partir de debates trazidos pela Carta de Santiago do Chile
(1972), por exemplo, houve visões de que as comunidades deveriam ser integradas nas
ações dos museus, sendo seu patrimônio valorizado e entendendo que os objetos
museológicos são símbolo da criação cultural humana. Desta forma, os museus podem
ser entendidos como espaços que devem englobar a multiplicidade e a pluralidade
brasileira e não apenas de um segmento. Como defendido pela Convenção para a
Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (documento produzido pela UNESCO), ou
pelo Decreto-lei n. 107 de 9 de Setembro de 2001, esses lugares devem evocar a
diversidade cultural humana e demonstrar que as mulheres, os e as negras, os e as
trabalhadoras existem e possuem lugar nas instituições que ajudam a criar as memórias:
os museus.
Apesar de a visão de Barroso ter predominado na formação dos profissionais da
área, a história se transforma, e hoje vemos que muitos museus transformaram seus
circuitos, trabalhando com sujeitos que antes não eram vistos como agentes históricos.
Parte dessas mudanças diz respeito às próprias transformações dentro do campo da
Museologia e da formação de seus profissionais, que se inserem no campo de debates e
assumem posturas dialógicas diante da multiplicidade de agentes que o museu engloba.
Reforçamos, assim, a importância de ações e instituições museológicas que se
preocupam, então, em mostrar as diversas histórias da população brasileira, afinal:
Os museus também provocam sonhos, neles estão em pauta memórias e
esquecimentos, poderes e resistências, luzes e sombras, vivos e mortos, vozes e
silêncios (CHAGAS, 2009, p. 81).
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