
Faces da História
, Assis/SP, v.6, nº2, p.06-10, jul./dez., 2019 
Já  Felipe Yera Barchi em seu artigo “Referências Bibliográficas sobre o Islã no 
Brasil: um estudo de caso dos livros didáticos de Gilberto Cotrim e Cláudio Vicentino” 
centra-se na análise da forma como o Islã, e temas relacionados ao país, são abordados 
nos livros didáticos de História em nosso país e, entre suas conclusões, verifica-se uma 
cristalização da história do Islã nos títulos didáticos analisados pelo autor, a despeito das 
revisões feitas nas obras.  
Por sua vez, Bruno Bartolo do Carmo, em “Memórias do Café Árabe: costumes, 
ritos e modos de preparo em narrativas de sírios e libaneses em São Paulo (1970-2019)”, 
oferece-nos as  tradições e os rituais do preparo do café árabe pelas narrativas de 
imigrantes e refugiados de origem árabe radicados no Brasil, como uma forma de 
contribuir aos estudos sobre a imigração e sobre a própria história da bebida declarada 
como patrimônio pela UNESCO. 
A partir de temas ligados à memória, ao testemunho, identidade, resistência e 
narrativas virtuais, o terceiro bloco agrega a Coreia do Sul, a Palestina e o Estado 
Islâmico. Camila Regina Oliveira no artigo “Museu, memória, testemunho e a construção 
do fato: um estudo do caso Seodaemun Prision History Hall, Seul-Coreia do Sul” toma 
como objeto de análise a exposição permanente desse Museu para tratar das narrativas, 
memórias e testemunhos sobre a colonização japonesa no país e, sobretudo, para 
problematizar a questão da construção da identidade cultural sul-coreana, bem como a 
concepção de uma consciência nacional. 
É na perspectiva do debate sobre projeto nacional, identidade, resistência que 
Carolina Ferreira de Figueiredo  desenvolve seu texto “O local e o global em charges: 
expressões de um artista palestino em Haifa nas décadas de 1970 e 1980”, analisando a 
obra de Abed Abdi, publicada no periódico comunista Al-Ittihad, baseado na cidade de 
Haifa. Usando a arte como expressão de um ativismo político, as charges abordam temas 
relacionados ao imperialismo, colonialismo, intervencionismo e invasões que ainda 
permanecem em terras palestinas, sem perder de vista as questões locais (o conflito) e 
as globais (a “grande” política). 
De outra perspectiva, Gilvan Figueiredo Gomes  em “Califado Virtual: a Hisbah 
como ferramenta de construção de um Estado Islâmico em Dabiq  (2014-2016)” utiliza 
como fonte de pesquisa as narrativas veiculadas pela revista do grupo jihadista para 
analisar a ação midiática, os ambientes digitais e as redes sociais como meio de 
expressão de organizações políticas dessa natureza. Além disso, o autor problematiza os 
conceitos de Califado tanto do ponto de vista da disputa e da legitimidade do poder, 
como do ponto de vista Virtual não apenas vinculado ao digital, mas também na 
eminência do vir a ser, da possibilidade que se concretiza como fato.