Essa obra está dividida em três partes, a escrita da história, usos do passado e o
ensino de história, que estão organizadas de maneira sistemática, a partir das temáticas
discutidas nos ensaios, articulando-se em uma diversidade de discussões que se
interligam em diferentes momentos. Causando uma sensação de fazerem parte de uma
mesma narrativa, com início, meio e fim, mesmo que não tenham sido escritas em ordem
cronológica, ou que não sejam lidas na ordem apresentada. Por outro lado, pela sua
heterogeneidade, cada capítulo inicia uma discussão independente das outras e rica em
si mesma. Na primeira parte, “A escrita da história”, inicia a discussão sobre o trabalho
do historiador e o estatuto da história enquanto disciplina, problematizando sobre o
lugar do arquivo e sobre a prática historiadora – da análise documental ao seu processo
de escrita. Enquanto isso, em “Usos do passado”, propõe reflexões sobre passado,
memória, patrimônio, comemorações, traumas e esquecimentos. Dessa maneira, possui
um olhar criativo sobre esses conceitos tão caros a história, como também,
conceitualiza-os, explicitando seus significados e usos, e propondo uma (re)apropriação
deles. Na terceira parte do livro, “O ensino de história”, centraliza as discussões acerca
da disciplina histórica e o ensino da história na Educação Básica. Demonstrando que
além de um erudito e pesquisador, ele também é professor, defendendo a necessidade de
um ensino de história que se reinvente dada a situação atual da educação escolar.
Dando início, no capítulo que dá nome ao livro, “O tecelão dos tempos: o
historiador como artesão das temporalidades”, defende as razões para que o trabalho do
profissional da história seja considerado como de um artesão, pois
[...]a história nasce como este trabalho artesanal, paciente, meticuloso, diuturno,
solitário, infindável que se faz sobre os restos, sobre os rastros, sobre os
monumentos que nos legaram os homens que nos antecederam que, como
esfinges, pedem deciframento, solicitam compreensão e sentido
(ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2019, p. 30).
As metáforas enriquecem o texto de maneira que o leitor pode compreender a
atividade do historiador a partir da comparação com outros ofícios. Mas também,
oferece ao profissional uma reflexão sobre a sua prática, principalmente, sobre a sua
escrita que, muitas vezes, se vê enrijecida por um texto acadêmico sem vivacidade. Em
certo momento, o autor compara o trabalho do historiador com o de um cozinheiro do
tempo “aquele que traz para nossos lábios a possibilidade de experimentarmos, mesmo
que diferencialmente, os sabores, saberes e odores de outras gentes, de outros lugares,
de outras formas de vida social e cultural” (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2019, p. 32).
Em seguida, no capítulo “O passado, como falo?: o corpo sensível como um
ausente na escrita da história”, ele faz uma defesa da colocação do corpo, do sensível,