![](data:image/png;base64,iVBORw0KGgoAAAANSUhEUgAAAJEAAAFqCAIAAACVmC8aAAAACXBIWXMAABYlAAAWJQFJUiTwAAALWElEQVR42u3da3BTVQLA8XPzuHm39EFbCsTWd1EoCgxIrYizUoXVGQqIHxZ8QFFgFfy6zrhfnWFnYHUdmK7FyogP6DrCOs44KjplQRh8UJ906dBSAjShNqRNm/fNfjj0eg3bXXw0KdP//wNzc5NAyI+Te3J6E5ShoaHa2lpBV08mh8PBs3B1paTTaZ6Fq2yc8RRgRpgRZpgRZoQZZoQZYYYZYUaYYUaYEWaEGWaEGWGGGWFGmGFGmBFmmBFmhBlhhhlhRphhRpgRZpgRZoQZZoQZYYYZYUaYEWaYEWaEGWaEGWGGGWFGmGFGmBFmhBlmhBlhhhlhRphhRpgRZpgRZoQZZoQZYUaYYUaYEWaYEWaEGWaEGWGGGWFGmBFmmBFmhBlmhBlhhhlhRphhRpgRZpgRZoQZYYYZYUaYYUaYEWaYEWaEGWaEGWFGmGFGmBFmmBFmhBlmhBlhhhlhRphhxlOAGWFGmGFGmBFmmBFmhBlmhBlhhhlhRpgRZpgRZoQZZoQZYYYZYUaYYUaYEWaEGWaEGWGGGWFGmGFGmBFmmBFmhBlmhBlhRphhRpgRZpgRZoQZZoQZYYYZYUaYEWaYEWaEGWaEGWGGGWFGmGFGmBFmmBFmhBlhhhlhRphhRpgRZpgRZoQZZoQZYUaYYUaYEWaYEWaEGWaEGWGGGWFGmGFGmBFmhBlmhBlhhhlhRphhRpgRZpgRZoQZYYYZYUaYYUaYEWaYEWaEGWaEGWGGGU8BZoQZYYYZYUaYYUaYEWaYEWaEGWaEGWFGmGFGmBFmmBFmhBlmhBlhhhlhRpgRZpgRZoQZZoQZYYYZYUa/MMs4+XsmEonBwcFoNBqJRAaGC4VC4XA4HA739/eHw4ODg4NDQ4ORSCQajcZi8UQiPjQUMZlMZrPZZDJZLBZVtaqq6nS6VFW12VSbzWa32x0Oh8PhcLncbrfL5XJ5PB75q9/vt9lsCxYswOyXm/l8vltvvfXK76JpWjgcNplM6XRaURRFUaSfqqpXcvcNGzZMnFgyGmbj5bXR6XR2dXWFw+Gf8dSYTHl5eW632+PxyEHkcDiuECyRSLS1td1//30cz35VdXV1586dy86f1dbWpqrqrFmzMPtVWa3WG2+8MTt/Vmtr67p166xWK3OQsV4kEjlw4EBZWVlvb++mTZuYN+Y4TdNee213IOAPBoPl5ZM3btygX5VMJo8ePbp//z8PHmy9eDH0zDObly5dajabMctxPp/v+eefT6fTQogNG9br+1taWrZv33H+/Hl5lRDCZrPPnj2b99TZq6ur68KFC5fvP3XqlNxQFGX+/PlyOxwOb9269dy5czqY2Wy+5ZZpiqLwnjp7vfPOO83Nr1ZUVNx228y5c+fed9+l+XpHR4eEKSwsrK6uljubm1/t6wsa715be+coTRcxG7HJkyfHYrH29vb29vY9e/bW1ta6XC4hRHt7u7xBdfUMi8UihBgYGHjjjdczpqabN28e7UfIa2NmhYWFxle2aDQ6fDw7KzdqamqGB1lzxiBbvHjxTTfdhFm2mzhxonGuGIvFhRCpVKq7u1seruTBrL+///XX38hYann66aey8AjHu1ksFrvczGQy6dONeDwmhPD7/RcvXhRCTJ06taKiQgjxyiuvyD16K1YsLy8vx2zUS6VSPp/PuKeoqMhmsw9fUiTqqVOn5AREzi9CodCbb75lvFd+fv6TTz6Zncc83s2cTmcgEAgGfzwsqaqan58/fCktzU6e7JCr+7W1dwohdu7cmTHIHnlk9YQJEzDLUjNnznz//feNewoK8jPmICdOfC+EsNls8+bNCwaDb721x3j7SZMmPfroo1l7wJgJk8k0Z86c9957z2BWcGmUpS+NM/n6WVV1c35+flNTUygUMv4OTzzxhMPhwCyrXXfddZFI5Pz58/ohTb8qEolomnbmjE8IMXfu3L6+vr17W4z3vf7665cvX5bVf2SAyZYuXXrkyFE50SgtLdP3Dw0N+f2Bvr4+RVFqamqampr6+/uNd3zqqT+O3nIwZv/nFfLuuxd0dXUJIUpLS4zHs87OU5qmFRQUeL3ejEFWXV29aNGiLD9U1q6MU48CuShVXFysKIocc9FoVK403n777bt27RoYGDAyb968KQf/vKAy5vF4pJlxnMmVxhkzpu/Zs9d445qa+fPmzcNsTFRSUqIvOcbj8dOnu61W67fffmccZNlZDsbsSisuLlZVq27W3d3t8XgOHz5kvE1d3aJp06bl5OEp+g/rSC+dTi9ceI/f75djLhAIZNzA4XDs379vypQpjLOxkqIoeXl5cvtyMCHEsmX1uQLDbMQKCwtGuio/P3/9+vW5fFsCzwhmhSNdtWrVH/7HtZjlLLkUMn369BtuuOGn+0sfe+yx3D423lP/9+bMmV1UVLh27dpQKFRXVxcKXVqvamhocDqdOT7cMm8caer49ddfa5qmKEooFDpz5owQQlXV+vr6LK8uYnaltbS0PPfcn+Uc8uWX/37HHXcIIQ4fPlxZWTlp0iTMxlyxWGzJkt+fPXtWP4atXr3K5/O1tPzj2Wf/tHLlSo5nY65du3bpYEIIv9+/Zctf5PaFC705f3jMGzMLhULNzc0jXdvTcx6zMVdjY2PGmabGensZZ2Osnp6ejPNzhBBms1n/9F8weBGzsdWLL/5tcHBQv2i32202dePGDWVlpXJPxilymOW4jo6Od99917hn9uxZyWRq4cKFqmrTzRKJhDwPHLPct23bX+PxuH7R7XZXVVVZLJaKigq7/dKZxUNDQ/39/RaL5csvv8Qsx33xxReffPKJcc+yZfXffff9hAkT7Ha7vl6VTCYDgUB5eXkwGPxZ31yB2W/f1q3bUqmUftHlcq1ateqrr9rkD2Xs9kuvjYqiyKnjXXfdlXGiP2ZZ7eOPP/7888+Ne+rrl3Z2dobDgyUlJUII/TThdDr9ww8/CCEsFkvWvrkCs8w0TXvhhReMa3hut3vdunUHD/4rnU7L1UXjWr7ff+kn1/pHnjDLdvv27Ttx4t8/PZItKy4uPnbsmBg+b87lchvMepjr57J4PL5jxw4hfhxkHo+7oWGt3+/v6OgQQshx5na7Lh9nmOWm3bt3d3efMe5Zvnx5UVHRkSNHksmkEEKeqyPPVR1+ixbELGcNDAw0Ne007snLy2toaBBCtLa2yg8JlpWVZZjlfPlqXJs1NjbKSaDeihUrCgoKNE07frxNCKGqqpw3Op1O/cziUOii8V0BZtkrEAhc/pnotWvXCCFOnGjv6ekRQpSVlcoVEPkVIcOjM2xck8Qse7300ksZCxkPPbRCfib6008Pa5omhJg6daq8yjjXl0shmGW7zs7Offv2ZwyyNWvWyO1Dhw7LjYqKysvNRK5/ijZOzbZt25bxzSAPP7xSfl1BNBr95ptv5M6qqpvlxpQpU5YsWez1es1mixjhhPCsNR7PBzl+/PhHHx0w7ikoKHj88cfl9meffSZfMxVFufbaa/UbbNmyRQjR3d197Nix3J56NR7NPvzwQ+PEz2Kxrl69Sv9QxaFDh+Q6ltlsrqyszLiv1+v1er25ffzjzkx+ml0fRvfe+7sHHnhAH09CiJMnOyorKz0ej9frNXy5yxhqfJ3fGI1GP/jgg97eXp/P9+CDD+pfw2hMvpUey3+L8WXW2Ng4ffp0eVLw1ds4mjeGQqG33357VL8pWG9UF0rGkdn27duvuaZilL7zPiNN0zJ+iIrZz663t3fv3hb5rXBZyGq1plKpUTqxbrzMG1tbW8vLJ82YMeP06dOxWCwej6dSqVQqlUgkNS2VTCY1TUsmk6mUlkwmI5EheZtkMplIJOS1JpPJ6XSZzSaLxWKxWKxWq74hk6f6OBwOu90u/88M41lcv2H/AdQy0qs6pCNkAAAAAElFTkSuQmCC)
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FACES DA HISTÓRIA, Assis-SP, v.1, nº2, p. 32-48 jul.-dez., 2014.
Interações entre historiograa e losoa grega: a noção de kairós em Isócrates como
alternativa ao lósofo do mito da caverna platônico
livro O efeito sofístico: sofística, losoa, retórica e literatura, Barbara Cassin
aproxima a noção de kairós ao momento da “crise” para o médico, da decisão
necessária entre a cura ou a morte, ou mesmo ao momento em que a echa
é lançada, estando entre o acerto e o erro. É “o nome da meta na medida em
que depende inteiramente do instante, o nome do lugar na medida em que é
integralmente temporalizado” (CASSIN, 2005, p. 206-208). Cassin assume a
hipótese de Onians, em que a palavra kairós, originariamente, confundia-se
com kaîros, esta que, por sua vez, é para Chantraine a “corda” ou “o” que
xa a extremidade da urdidura no tear.
8
Por outro lado, ainda referindo-se ao
tear, Onians considera kaîros o espaçamento ou o vazio criado pela abertura
dos cadilhos
9
. Contudo, embora o caráter bastante técnico diculte uma
abordagem precisa, o importante é que algumas hipóteses consideravelmente
plausíveis indicam que, na sua origem, a palavra kairós pertencia à semântica
da tecelagem, da junção e do entrelaçamento de os em um momento preciso.
O momento singular do kairós, essa meta enquanto dependente do
instante ou lugar integralmente temporalizado, remete facilmente a nossa ideia
de circunstância, de conjuntura ou, alargando um tanto o sentido, de contexto.
E quando Isócrates arma que é preciso adequar as nossas opiniões (dóxai), os
nossos discursos e os nossos usos do passado enquanto herança comum ao
kairós, ocorre precisamente um entrelaçamento entre os pensamentos, ações
e decisões do philósophos a uma situação especíca, a um caso sobre o qual
é preciso deliberar enquanto momento crítico no presente. Se as dóxai, em
Isócrates, para terem legitimidade, necessitam estar entrelaçadas ao kairós,
em tudo se afasta a ideia de um sábio que precise se afastar das turbulências
do mundo social para descobrir verdades não-humanas que permanecem
no tempo, pois o próprio pensamento, as próprias relações com a tradição e
as deliberações não podem prescindir das circunstâncias. Da mesma forma,
pensar em uma historiograa que busque apenas recontar o diálogo dos
mortos, que ambicione reconstruir a imagem deixada por uma sociedade de
si mesma, implica que o passado seja um monólogo estático a ser ouvido.
Por outro lado, ao concebermos um estudo histórico que se instaura como
diálogo entre presente e passado, estas duas temporalidades se entrelaçarão
8 Chantraine sobre a palavra kaîros: “Todos os empregos de kaîros e derivados são técnicos
e evocam, por outro lado, a noção de ‘nó, os amarrados, unidos’. A etimologia é obscura
[...], mas a palavra pode estar associada à kairós, que seria um uso gurado (‘o ponto exa-
to, o ponto de encontro, o nó’?) com mudança de acento.” (CHANTRAINE, 1999).
9 Nas palavras de Onians, “Nós podemos agora suspeitar que kaîros e kairós, dos quais temos
razões para acreditar que signicavam a abertura, a passagem através da qual os arqueiros
tentam atirar, eram originariamente a mesma palavra. A diferenciação por aqueles que inse-
riram os acentos não provam mais, por sua origem, que os casos acima citados de dēmós e
dḗmos, myríoi e mýrioi, etc. O uso na tecelagem explicará melhor o sentido de ‘tempo crítico’,
‘oportunidade’ [...]; pois nela a abertura da urdidura permanece por tempo limitado, e o ‘tiro’
deve ser feito enquanto está aberta. A crença na tecelagem do destino com a extensão dos
os da urdidura representando a extensão do tempo pode ter auxiliado esse uso de kairos.”
(ONIANS, 1951, p. 346-347). A última palavra não é acentuada no original.