DEWES, Elisângela Cândido da Silva
*
http://orcid.org/0000-0002-2281-7017
SOUZA, José Edimar
**
https://orcid.org/0000-0003-1104-9347
RESUMO: Este é um excerto de pesquisa que
investiga o uso da imprensa pedagógica na
disseminação de representações no contexto
da escola rural. Busca-se identificar a
influência do ruralismo pedagógico nas
práticas das comunidades rurais em Caxias do
Sul-RS. A problematização do estudo gira em
torno dos sentidos possibilitados pelo
periódico sobre as prescrições disseminadas.
O objeto do estudo o Despertar foi
produzido pelo órgão de ensino da referida
localidade, entre os anos 1947 e 1954. A
metodologia de pesquisa foi a análise
documental histórica; e, o aporte teórico
situou-se na História Cultural sobre os
conceitos de representação. Como resultado, a
compreensão de que o Despertar foi uma
estratégia para a propagação de orientações
acordadas aos preceitos ruralistas, que
evidenciavam as expectativas da gestão
municipal em relação a transformação das
práticas naquelas localidades.
PALAVRAS-CHAVE: Imprensa pedagógica;
Educação rural; Ruralismo Pedagógico.
ABSTRACT: This is an excerpt from the
research which investigates the use of the
pedagogical press in the dissemination of
representations in the context of the rural
school. It seeks to identify the influence of
pedagogical ruralism on the practices of rural
communities in Caxias do Sul-RS. The study's
problematization revolves around the
meanings made possible by the journal around
the disseminated prescriptions. The object of
the study - the Despertar was produced by the
teaching agency of that locality, between the
years 1947 and 1954. The research
methodology was the historical documentary
analysis; and, the theoretical contribution was
based in Cultural History on the concepts of
representation. As a result, the understanding
that the Despertar was a strategy for the
propagation of agreed guidelines to the ruralist
precepts, that evidenced expectations of the
municipal management in relation to the
transformation of the practices in those
localities.
KEYWORDS: Pedagogical press; Rural
education; Pedagogical ruralism.
Recebido em: 09/02/2021
Aprovado em: 05/03/2021
* Mestre em Educação pela UCS, Caxias do Sul-RS, integrante do GRUPHEIM - PPgedu Ucs, Caxias do Sul-
RS.
DEWES, E. C. S. O Despertar: um periódico da diretoria de instrução pública para uma comunidade rural.
In:
DEWES, E. C. S. O despertar: uma história das práticas da educação rural em Caxias do Sul (1947-1954).
2019. 177 f Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade de Caxias do Sul: UCS, Caxias do sul,
2019, p. 74-140. E-mail: elisangela.silva@ucs.br.
**
Doutor em Educação pela Unisinos, São Leopoldo-RS. Professor do Programa de Pós-graduação em
Educaçào da UCS, Caxias do Sul-RS. E-mail: jesouza1@ucs.br.
Este é um artigo de acesso livre distribuído sob licença dos termos da Creative Commons Attribution License.
Considerações Iniciais
A imprensa pedagógica é um campo investigativo ainda com amplo potencial
exploratório, que possibilita que se renovem as perspectivas para a compreensão sobre a
história da educação. Os periódicos possuem informações que indicam o
aperfeiçoamento de práticas, a organização do sistema de ensino, tornando-se, segundo
Bastos (2007, p. 167), “[...] uma instância privilegiada para a apreensão dos modos de
funcionamento do campo educacional [...]”.
Desse modo, esses aparatos podem servir como documentos relevantes para a
análise documental e, ainda, como ricos objetos de pesquisa. Para Bastos (2007, p. 1688):
O estudo do lugar da imprensa pedagógica no discurso social, as estratégias
editoriais ante os fenômenos educacionais e sociais revelam-se, assim, ricos de
informações ao pesquisador para o resgate do discurso pedagógico, das
práticas educacionais, do cotidiano escolar [...].
Neste âmbito, a proposta deste estudo é a de evolver uma investigação sobre a
imprensa pedagógica, mais especificamente a cerca de um rol de documentos produzidos
pela Diretoria de Instrução Pública, que circularam na cidade de Caxias do Sul, no
contexto da escola rural, no recorte temporal de 1947 a 1954 (o período analisado
corresponde aos anos de circulação de 53 edições levantadas nos acervos históricos da
cidade). Cabe, contudo, observar que este assunto que emergiu foi apresentado em
formato de subcapítulo na dissertação de mestrado da autora deste artigo. Portanto,
considera-se para esse excerto o seguinte problema norteador: tendo em vista a
comunidade da área rural, que sentidos esse periódico possibilitou para a compreensão
de modelos e prescrições disseminados sobre a educação rural, no contexto de Caxias do
Sul?
Esta proposta de pesquisa busca investigar o uso da imprensa pedagógica na
disseminação de representações na área rural, verificando a influência do ruralismo
pedagógico nas práticas desenvolvidas no contexto da escola rural de Caxias do Sul, com
base na análise do periódico denominado
Despertar
.
Como argumenta Souza (2012), nas pesquisas da área da História da Educação
diferentes formas de abordagens da história, e diversificação de fontes como, por
exemplo, de arquivos e documentos oficiais que ressaltam o caráter interdisciplinar de
elaboração do conhecimento histórico. Além disso, os documentos metodologicamente
analisados cooperam para identificar o modo como em diferentes lugares e momentos
uma determinada realidade social é construída e rememorada; representa ainda uma
interpretação de fatos elaborados por seu autor, e, portanto, não devem ser encarados
como uma descrição objetiva e neutra desses fatos.
Com efeito, o estudo sustenta-se em aportes teóricos na área da História
Cultural e dialoga com a História da Educação, que colaboram na busca da compreensão
sobre a atuação do periódico como meio propagador de representações que possam ter
influenciado as práticas dos habitantes da área rural. Considerou-se, de modo especial,
os estudos de Roger Chartier em torno das ideias sobre representações, uma vez que o
autor evolveu reflexões sobre a produção de conteúdos para a literatura e, também, em
aparatos da imprensa escrita. Esses conceitos cooperam para o entendimento sobre a
construção de significados pelos leitores do
Despertar
, tendo em vista a discrepância de
habilidades para a leitura entre as pessoas que possivelmente tinham acesso aos
exemplares do periódico. As ideias de Chartier (1988) possibilitam compreender que os
textos revelam possibilidades semânticas que operam sobre a experiência, construindo
representações aceitas ou impostas de um mundo social.
Este estudo foi desenvolvido pelo processo metodológico de análise documental
histórica, por meio da consulta de 53 edições do
Despertar
, além de utilizar outros
documentos históricos descobertos em acervos de Caxias do Sul, tais como: João Spadari
Adami, Centro de Memória da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, e do Instituto de
Memória Histórica e Cultural da Universidade de Caxias do Sul. Após uma pesquisa
sobre a imprensa pedagógica na cidade, levantou-se alguns títulos de periódicos com
vínculos com escolas ou órgãos de ensino, optando-se, assim, por analisar o
Despertar
pela riqueza de material encontrado e, também, pela possibilidade de que emergissem
evidências sobre a história da educação rural em Caxias do Sul, sob uma perspectiva
ainda não analisada, uma vez que o
Despertar
não havia sido utilizado como objeto de
pesquisas, apenas como fonte em um número restrito de estudos e citações.
A partir dessa definição, realizou-se o trabalho de organização do documento,
considerando uma classificação em meses/ano de edições que foram acessadas e
baixadas pela plataforma digital do acervo. Em seguida, realizou-se uma primeira leitura
para a definição dos critérios que seriam utilizados durante o processo de análise,
paralelo a esse trabalho, definiu-se a ferramenta para a catalogação das informações
analisadas. Após pesquisa feita em torno dos procedimentos metodológicos realizados
em estudos semelhantes e, considerando-se o conhecimento e a habilidade da
pesquisadora no uso do aplicativo Microsoft Excel, optou-se por organizar uma planilha
nessa ferramenta, para a sistematização da análise do documento.
Desse modo nas colunas da planilha organizada, utilizou-se os temas analisados
em cada edição (edição, ano/número, número de páginas, nome da coluna, componente
texto ou imagem, teor do conteúdo, excerto quando interesse, categoria); e, as linhas
foram preenchidas com as referidas informações de cada coluna considerando-se a
análise na íntegra de todas as edições localizadas. Esse processo gerou um número de
1840 registros na planilha do Microsoft Excel. Cabe salientar que as categorias
emergiram a partir da leitura dos exemplares e, com base nas recorrências desses temas,
ocorreu a delimitação das categorias que seriam analisadas sob uma perspectiva mais
aprofundada.
Ainda é pertinente salientar que o uso da ferramenta Microsoft Excel permitiu o
cruzamento de informações, por meio da criação de filtros no documento. Além de
possibilitar uma busca rápida, por termos, excertos, e outros dados analisados, apenas
com a indicação de palavras-chave na caixa de função localizar.
Em relação ao objeto deste estudo, o
Despertar
, foi um aparato produzido com o
foco na comunidade rural caxiense, escrito por profissionais vinculados ao órgão de
ensino e ainda contava com o suporte da Diretoria de Fomento e Assistência Rural para
as informações da coluna intitulada Informações Rurais. Apresentava uma tiragem de
cerca de 1.200 exemplares por edição (na década de 1950 a população rural dessa
localidade girava em torno de 23.000 habitantes), e possuía uma média de 8 páginas por
edição. A primeira edição localizada foi a do lançamento do periódico em setembro de
1947 e, a última edição levantada foi a de novembro de 1954, todas elas recuperadas no
Acervo Histórico Municipal João Spadari Adami. Acredita-se que os exemplares foram
guardados por professores que atuaram na área rural, pois em algumas edições estão
escritos nomes que identificam docentes da época. Das edições localizadas, 19 estão
incompletas faltam páginas ou algumas colunas foram recortadas. Não havia uma
regularidade para o lançamento de novas edições, infere-se que a ideia dos produtores
era de uma circulação mensal, porém outras questões interferiam em sua publicação, tais
como: férias escolares, falta de conteúdo, entre outras. Na figura 1 é possível observar o
número de exemplares por ano:
Figura 1: Gráfico do número de edições por ano de circulação do
Despertar
Fonte: DEWES (2019).
O
Despertar
foi idealizado pela professora Ester Troian Benvenutti
1
com o apoio
do prefeito Demétrio Niederauer. Além de coordenar a produção do impresso, Ester era
a responsável pela Diretoria de Instrução Pública de Caxias do Sul. (EDITORIAL, 1951b,
p.1). O
Despertar
foi um meio para a promoção do ensino e para a disseminação de
informações oportunas aos agricultores, por isso, era escrito em uma linguagem que
respeitava os “diferentes níveis” de leitores, o que se evidencia durante a análise do
conteúdo escrito e por meio de declaração de seus produtores:
O lema deste jornalzinho estimula, inspira e educa. É o tônico que reforça os
conhecimentos. É a dignidade se esparramando pela colônia, onde vai encontrar
o espírito de abnegação e desprendimento dos homens que vivem do produto da
terra. Sabemos que a chegada de cada edição do Despertar em nosso meio rural
constitui um verdadeiro dia de festa. Se o papai ou a mamãe não tiveram a
felicidade incomparável de frequentar os bancos toscos de uma escola, lá está o
Joãozinho ou a Mariazinha, lendo para eles as matérias interessantes que o
publicadas nesse robusto veículo de divulgação de nossas unidades de ensino...
Parabéns à diretora Ester que tem sido a garantia da tua circulação, sem
interrupções. Cumprimentos sinceros aos nossos denodados agricultores e seus
filhos, que tem sabido dar valor a tua missão de inteligência e de cultura...
(EDITORIAL, 1951b, p.1).
1
A professora Ester foi importante para o ensino caxiense, teve uma experiência de vida na área rural,
descendente de imigrantes italianos, os avós trabalharam como agricultores nessa região. Ainda bem
jovem, aos 13 anos, foi incentivada pela família a se constituir docente na localidade rural onde a família
residia, aprovada como professora pelo intendente do município, Ester teve uma carreira em ascensão
junto ao órgão público de ensino municipal, foi a primeira orientadora do ensino no estado do RS, e a
primeira mulher na cidade a assumir a função como diretora de Instrução Pública. Foi eleita, no final da
década de 50, a primeira vereadora da cidade de Caxias do Sul.
Desse modo, o periódico valorizava e reforçava a identidade dos habitantes das
áreas rurais, e se inseria nesse espaço, assumindo uma identidade e ocupando uma
condição que lhe conferia a permissão para circular por entre essas localidades. Outra
peculiaridade tangencia as imagens publicadas no meio, muitas delas desenhadas à mão,
somente a partir de abril de 1951 verificou-se o uso de fotos para ilustrar as matérias. As
imagens, quando publicadas, buscavam reforçar o conteúdo das matérias às quais eram
anexadas. Na figura 2 é possível identificar a imagem que ilustrava a capa e que foi
associada como a identidade visual do periódico até a edição de agosto de 1952.
Figura 2: Imagem de Capa do Despertar outubro de 1948
Fonte: Editorial (1948).
A próxima ilustração (figura 3) foi utilizada a partir de setembro de 1952, uma
nova identidade visual lançada no mês de aniversário do periódico:
Figura 3: Imagem de Capa do Despertar setembro de 1952
Fonte: Editorial (1952e).
Verifica-se que as imagens são estratégias para estabelecer um vínculo com as
comunidades rurais, a partir de símbolos conhecidos dos sujeitos que ali viviam, como
por exemplo: as ferramentas de trabalho; o produto agrícola; os animais; a imagem da
árvore araucária, pica dessa região do sul do país. Na figura 3, de uma forma muito
mais enfática foram trabalhadas as imagens que representam o trabalho agrícola e o
produto da colheita, talvez pela necessidade inicial de criar um nculo e de suplantar
uma possível incredulidade dos habitantes daquelas localidades para o meio de
comunicação que estava sendo proposto pela administração municipal. Em
contrapartida, na figura 3, percebe-se que uma mudança no cenário apresentado
inicialmente, há utilização das representações iconográficas da escola, tais como, o
caderno, o lápis, a professora e os alunos sobrepostos às imagens que representam o
produto agrícola daquelas regiões. Nesse contexto, acredita-se que essa transformação
possa estar associada ao aumento do interesse das comunidades em receber o periódico,
por acreditarem nos seus propósitos, desse modo, houve certa liberdade do órgão de
ensino de trazer em primeiro plano a referência da escola, uma vez que esse instrumento
era tido como um órgão das escolas caxienses. E, também, pode evidenciar um
movimento de transformação nos objetivos do órgão de ensino para aquelas
comunidades, tais como a inserção de novas políticas, por meio da escola, que
possibilitassem a mudança de determinadas práticas. Essas referências, utilizadas nas
imagens, cooperavam para o entendimento de que esse aparato era um meio daquelas
comunidades se fazerem representar.
Considerando os indícios analisados nos elementos iconográficos e nos textos do
Despertar
, que indicam que a produção objetivava alcançar os habitantes das áreas
rurais e, buscando entender o contexto de movimentos da escola rural que pudessem ter
influenciado o órgão de ensino na região de Caxias do Sul, buscou-se, neste estudo,
identificar e compreender como as ações propostas nessa localidade assemelhavam-se
às propostas pelo Ruralismo Pedagógico em nível nacional e de que maneira poderiam
interferir sobre as práticas desenvolvidas nas áreas rurais.
O ruralismo no Despertar
ou o Despertar do Ruralismo
O movimento do ruralismo pedagógico apresentava uma proposta de educação
para as pessoas que viviam no campo, de uma forma diferente da desenvolvida na área
urbana. Um dos objetivos era criar atrativos ou melhores condições, a fim de que essas
pessoas não migrassem para a cidade em busca de novas perspectivas de vida,
vislumbradas pelo crescimento da indústria. No entanto, o desenvolvimento de
programas relevantes às escolas que atuavam na área rural aconteceu de forma mais
contundente a partir de 1930, com a consolidação das ideias dos pioneiros do Ruralismo
Pedagógico. Na década seguinte, as ideias dos ruralistas visavam combater o “inchaço”
das cidades, nesse contexto, o campo da educação cooperou de forma importante, de
modo especial, por esclarecer os sujeitos que viviam na área rural sobre a importância
desse espaço. Nessa conjuntura, a proposição da adaptação dos programas e
currículos de ensino à cultura rural. Para isso, também foram recomendadas ações para
o incentivo à modernização das cnicas aplicadas no trabalho rural; para a
profissionalização do trabalho; entre outras que buscavam fortalecer a ideia de que a
modernização elevaria a condição de vida das comunidades rurais. (BRESOLIN; ECCO,
2008, p. 3-4).
A proposta de educação do trabalhador rural, apresentada pelo Ruralismo
Pedagógico, estava fundamentada na ideia de fixar os sujeitos no espaço rural com a
escola como apoiadora. Porém, o que aconteceu em algumas regiões foi a criação de
cursos de ruralismo, no lugar de Escolas Normais Rurais - idealizadas para o
desenvolvimento dos professores para uma atuação especializada. (BEZERRA NETO,
2016, p. 15-18). Contudo, o professor, que não tinha a possibilidade de cursar uma
formação específica, recebia orientações e suportes, por meio de aparatos, como por
exemplo, o
Despertar
. Esse suporte material colaborava para que houvesse uma
compreensão sobre as especificidades de vida na área rural e, consequentemente, para a
sua atuação nesse contexto. Além de ser um meio importante para a propagação das
ideias em torno das práticas alinhadas aos preceitos do Ruralismo Pedagógico.
Tanto em Caxias do Sul, quanto nas cidades vizinhas, é possível identificar que
havia a atenção do poder público em direção ao desenvolvimento de ações voltadas no
sentido de estancar o êxodo dos habitantes das áreas rurais. Essa reflexão é apoiada por
meio do acesso ao documento que registra a I Conferência Regional de Cooperação
Intermunicipal em Caxias do Sul, que aconteceu em 1940, quando prefeitos da região da
serra apresentaram trabalhos sobre o êxodo da população das zonas rurais. Esse
documento apresenta a tese do Prefeito de Garibaldi, Vicente Dal Bó, que propõe
diferentes ações, tais como: a redução dos impostos sobre a terra e outros encargos
sobre a produção; a inserção de novas culturas e a disseminação de orientações para o
aprimoramento do trabalho. Além de destacar a importância da área da educação para o
princípio de um trabalho com os sujeitos das áreas rurais: “[...] mister se torna difundir
as linhas mestras dessa remodelação, a começar pelas crianças nas escolas primarias,
preparando convenientemente, o respetivo professorado e, até aos jovens das casernas,
ministrando-lhes os conhecimentos e estudos adequado [...]”. (DAL BÓ, 1940, p. 4).
Essa iniciativa das autoridades da região da serra gaúcha de guarnecer os
habitantes das áreas rurais com saberes que os assistissem no sentido de uma melhora
na condição de vida é evidenciada na análise do periódico
Despertar,
no qual é possível
fazer a leitura de orientações sobre novas técnicas para a agricultura e prescrições para
uma maior produtividade e para uma produção com maior qualidade. No entanto, é
possível inferir que essas ações não eram projetadas somente para o favorecimento das
famílias de agricultores, mas também, porque possibilitavam o crescimento do segmento
agrícola e, como consequência, da economia dessa localidade.
Diversos assuntos que cercavam o cotidiano de vida na área rural apareceram no
Despertar
. Foram contabilizados 310 registros, a partir da leitura das 53 edições do
periódico. O tema tinha um espaço cativo no
Despertar
com a coluna intitulada
Informações Rurais, que apresentava conteúdo informativo prescritivo para o segmento
agrícola e de pecuária, evidenciado em excertos tais como: “Organizamos cinco pomares
modelos [...] observamos todos os requisitos da Técnica: escolha e exposição do terreno;
escolha de variedades [...] adaptáveis ao nosso solo; distância de planta a planta e plantio
acompanhado da poda de formação.” (EDITORIAL, 1954a, p. 3).
Orientações similares aos do excerto anterior apareceram em todas as edições
(íntegras) do
Despertar.
Também, constatou-se que, em essência, os conteúdos
publicados nessa coluna não sofreram alterações com o passar dos anos. As publicações
traziam temas sobre a produção de uma variedade de hortifrutigranjeiros: “Está a cargo
do Técnico Rural Valdir Mugnol... o que denominaremos de Centro Avícola Municipal. Os
interessados para uma exploração desta natureza, encontrarão explicações de grande
utilidade sobre as melhores raças adaptáveis a nossa região [...]” (EDITORIAL, 1954a, p.
3). O espaço incluía indicações para o preparo do solo: “O solo é pobre quando os
vegetais que nele crescem apresentam um aspecto raquítico: ramos compridos e finos e
folhas pequenas e fracas. Nestes solos para se ter boas colheitas deve-se usar estrume e
adubos químicos e trabalhar bem a terra [...]” (DESPERTAR, 1952c, p. 3). Além disso,
apresentava dicas para o combate às pragas e doenças que afetavam plantações e
criações: “Como combater algumas pragas das frutas. Nos pessegueiros. No inverno
podem ser combatidos pela Calda Sulfocálcica de 2 a 3% e pelo Alboliniun a 1,5%. Êste
remédio... se encontra na Diretoria de Fomentos Agrícola [...]” (EDITORIAL, 1953a, p. 3).
Nesse contexto, compreende-se que o
Despertar
se constituiu como um guia
prático na resolução de problemas para a área rural. E cooperou na propagação de
orientações pertinentes às práticas desenvolvidas por essas comunidades, por esse
motivo, supõe-se, tenha angariado leitores fiéis. Sob outro viés, é presumível que tenha
colaborado com os órgãos municipais, sendo um aparato conveniente para os objetivos
traçados pelo poder público, além de possibilitar o encurtamento da distância, física e
social, entre a administração e os habitantes dessas áreas.
Outro ponto que merece destaque é o que tangencia o envolvimento dos alunos
das escolas rurais nos assuntos relacionados ao trabalho. O
Despertar
traz evidências de
que eram os condutores das informações publicadas no periódico para as famílias. Em
certas edições é possível observar uma espécie de “chamamento” às crianças para que
realizem o papel de “tradutores”, para os pais, dos ensinamentos apresentados nas
páginas do
Despertar:
Estrumeiras modêlo - Criança, para o teu paizinho que: A Prefeitura
Municipal vai dar início à campanha da estrumeira modêlo. Esta é uma iniciativa
que virá trazer grandes benefícios aos agricultores. Todos conhecem a
importância que tem o estrume no aumento das produções. Além disso o
estrume dos animais de cocheira é o adubo mais barato com que pode contar o
colono para fertilizar as suas terras... O que a Prefeitura se propõe a fazer é o
seguinte: entrega a cada agricultor interessado a planta de uma estrumeira, fácil
de construir e cujo tamanho varia conforme o número de animais e dará todas
as explicações necessárias para a sua construção [...]. (EDITORIAL 1952a, p. 3)
O apoio da administração municipal para o desenvolvimento da agricultura
familiar se mostra didático e facilitador para a aplicação dos modelos propostos. O aluno,
filho do agricultor, conduzia as prescrições dadas pela administração municipal e, desse
modo, cooperava para o aperfeiçoamento das práticas e para a inserção de novas
técnicas.
Evidencia-se, também, que o órgão responsável pela organização das atividades
rurais no município a Diretoria de Fomento e Assistência Rural - mantinha uma relação
de proximidade com o órgão responsável pelas escolas municipais a Diretoria de
Instrução Pública. Essa relação conferiu, ao primeiro órgão, assinar a coluna
Informações Rurais; além de inspirar o teor dos textos publicados em outras colunas.
Ao professor, além da educação de crianças e jovens, competia a tarefa de mediar
a comunicação entre os agricultores e a administração municipal. Tendo assim, um papel
relevante para o entendimento das publicações do
Despertar
, inclusive para as
prescrições que surgiam na coluna Informações Rurais. Pela expertise dos docentes para
os conhecimentos da vida rural, a sua atuação cooperava com ambas as diretorias. Uma
situação facilitada pela confiança e pelo respeito adquiridos junto às comunidades rurais,
fatores que ajudavam a transpor a incredulidade dos habitantes dessas localidades para
com as intenções dos órgãos municipais, como pode ser evidenciado no excerto abaixo:
A Diretoria de Fomento e Assistência Rural da Prefeitura, com a colaboração da
Diretoria de Instrução Pública e da Agência de Estatística local e com plano
apôio do Sr. Prefeito, vai dar início ao levantamento geral das propriedades do
município. Quer dizer, tôdas as propriedades agrícolas do Município vão ser
visitadas pelas professoras das Escolas ou outras pessoas encarregadas, para
colher dados referentes a vida da colônia. O Governo Municipal quer o bem da
colônia. Não quer aumentar os impostos, nem explorar os colonos. Ele quer o
bem dos nossos agricultores, quer que a nossa colônia viva melhor e que os que
trabalham a terra ganhem mais dinheiro. Por isso ele manda encarregados a
fazer perguntas aos agricultores. Perguntas simples que todos podem
responder. Com estas respostas, de todos os agricultores do município, o
Govêrno Municipal fica conhecendo não mais ou menos, não de qualquer jeito,
mas fica conhecendo bem como é a vida da colônia. Pode então traçar planos,
tomar medidas que imediatamente tragam benefícios à colônia. Por isso, devem
os bons agricultores atender bem, como sempre fazem, as pessoas que lhes
forem procurar para esse trabalho e responder com exatidão às perguntas.
(EDITORIAL 1952f, p. 3).
Nesse sentido, a Diretoria de Instrução Pública colaborava para o atingimento dos
interesses da Diretoria de Fomento enquanto trabalhava para o desenvolvimento do
ensino nas áreas rurais. A sua atuação, autodefinida no próprio periódico, como a de “[...]
orientar e assistir às atividades da colônia afim de que elas produzam sempre maiores
rendimentos [...]” (EDITORIAL, 1952d, p. 3), apresentava estratégias que evocavam o
Ruralismo Pedagógico
Outro indício observado por meio do
Despertar
, são as matérias que tornam
público o projeto de “planificação agropecuária do município”, que apresenta ações tais
como: a melhorias de vida das pessoas que viviam nas áreas rurais; a redução de
impostos; a mecanização do trabalho; a oferta de água encanada e meios de
aquecimento; a melhoria de vias de comunicação; e a organização e a criação de espaços
sociais (sociedades). (EDITORIAL, 1952b, p. 7).
Entre as diversas sugestões a serem desenvolvidas em torno do Ruralismo
Pedagógico, algumas ideias eram comuns, como por exemplo: a defesa da língua
portuguesa e o fortalecimento do ensino e da nação. Segundo Bezerra Neto (2016), entre
os pensadores dessa época, alguns defendiam a industrialização, como por exemplo,
Anísio Teixeira; outros, como Sud Menucci, Carneiro Leão e Alberto Torres, sustentavam
a ruralização do Brasil. Mas, entre esses idealizadores destaca-se Sud Menucci, por
elaborar propostas que uniam o ruralismo e o nacionalismo.
Para Sud Menucci (1934), o problema do Brasil implicava na questão de o país
copiar outras nações, e, com isso, favorecer o surgimento de leis para a proteção das
cidades e do urbanismo, e de uma organização de serviços que não contemplavam o
campo. O defensor do ruralismo criticava a instituição das escolas nas áreas urbanas e,
também, o modo operante das escolas rurais. Sud Menucci (1934) defendia a formação
dos professores para o campo, pois acreditava que os docentes enviados para as
localidades rurais eram inexperientes e incapacitados para uma atuação específica, o que
cooperava para a falta de sucesso das escolas nessas regiões. O estudioso defendia uma
escola formadora de mentalidades que reconhecessem o indivíduo no seu modo de agir,
atentando para a nacionalidade. Para isso, era preciso facilitar a posse da terra às
pessoas que viviam nas áreas rurais; desenvolver um perfil de professor rural, com
consciência agrícola; e investir em uma escola de formação específica que contemplasse
o pedagógico, o higiênico e o agrícola. Também defendia o oferecimento de atrativos, tais
como: a luz elétrica, o rádio e o telefone.
Em relação aos pontos recomendados por Sud Menucci (1934), no contexto da
escola rural de Caxias do Sul, é possível reconhecer traços dessa política, em registros
nas colunas do
Despertar
. Como por exemplo, nos trechos que anunciam os
investimentos realizados pelo poder público municipal:
Ilmo. Sr. Major Euclides Triches D. D. Prefeito Municipal Caxias do Sul. Cabe-
me o grato dever de apresentar-vos, em nome dos moradores da Linha São
Maximiliano, os nossos sinceros agradecimentos pela gentileza demonstrada
por vossa senhoria por nos ter obsequiado com um telefone em nossa
localidade, o qual se acha em franco funcionamento. Achamo-nos
satisfeitíssimos pelo prêmio oferecido por vossa senhoria. Abraços do
amiguinho Amado F. Lazzarotto, aluno do 4 ano, da Escola Isolda Pinheiro
Machado. (EDITORIAL, 1954b, p. 4)
Os investimentos realizados compreendiam a aquisição de equipamentos
facilitadores ao trabalho do agricultor, o que fica evidente no excerto a seguir:
Prosseguindo o programa que nós traçamos por ocasião das eleições, entendo
que o ato do Govêrno Municipal é um passo acertado em pról dos nossos
bravos e esforçados agricultores, permitindo-se assim maior produtividade.
Quanto às máquinas, que são possantes, fizemos questão que fossem movidas a
óleo crú, e serem o mais econômicas. Já fizemos encomenda, além do arado e da
grade, uma enxada mecânica para ser adaptada ao trator. Essa enchada
provocará uma verdadeira revolução [...] Palavra do Prefeito Major Euclides
Triches. (EDITORIAL, 1953b, p. 8).
Ainda foram observadas divulgações que faziam propaganda positiva para as
condições de vida na área rural e, negativa, na área urbana:
A nossa região colonial serrana está em condições bem favoráveis para a
produção da maioria das frutas conhecidas... Hoje em dia a Agricultura está
sofrendo um grande impulso com a mecanização da lavoura. A Fruticultura
também está seguindo um melhoramento em seu cultivo quase moderno. Anos
atrás, muitos agricultores abandonaram suas terras para virem morar na cidade.
As leis trabalhistas prometiam bons ordenados. Hoje em dia, a tendência é
voltar para a colônia. Hoje o operário não está seguro. (EDITORIAL, 1954c, p. 3)
Outro vestígio encontrado no
Despertar
são as referências sobre a instalação de
espaços de apoio aos conhecimentos agrícolas, tais como, os clubes agrícolas. Esses
espaços forneciam conhecimentos sobre técnicas de trabalho na área rural,
disponibilizavam matérias-primas aos agricultores e incentivavam uma formação técnica
das crianças. De acordo com Nicolau (2015), enquanto as escolas primárias rurais
respondiam ao Ministério da Educação, os clubes agrícolas eram responsabilidade do
Ministério da Agricultura, que, por meio de sua instituição permitiam a difusão de uma
formação mais técnica aos jovens, oxigenando as práticas desenvolvidas na área rural.
Nessa conjuntura, os clubes atendiam aos anseios de classes dominantes, trabalhando na
constituição futura do trabalhador do campo, impulsionando as atividades agrícolas;
especialmente em um Brasil, após Segunda Guerra Mundial, que mirava nos jovens como
um público potencial para o uso de novas técnicas. (NICOLAU, 2015, p. 1-2).
Segundo Fiori (2002), nos anos 40, o Serviço de Informação Agrícola do
Ministério da Agricultura, realizava campanhas com cartazes, folhetos e filmes com
temas rurais. Também existia uma biblioteca especializada, com traduções de
publicações americanas, uma vez que os EUA reproduziam o sucesso da “agricultura
científica” e, por isso, serviam de modelo para o Brasil. De acordo com a pesquisadora,
os clubes agrícolas propagavam um sentimento de amor pelo campo e, atraíam,
normalmente, os filhos dos colonos que executavam atividades semelhantes às
realizadas habitualmente, como por exemplo: plantar, cuidar dos animais e da terra.
Nesse sentido, percebe-se uma incipiente política de inclusão da produção
agrícola local aos espaços escolares no meio rural, ou seja, com a comercialização das
produções das hortas, os recursos financeiros eram revertidos em melhoramentos na
escola. Havia ainda a oferta de subsídios aos programas de ensino. (FIORI, 2002, p. 240-
244). Essa atuação dos clubes agrícolas pode ser observada no
Despertar
em notícias
como a que segue:
O Clube Agrícola da nossa escola está todo limpo. E sempre com satisfação
que vamos trabalhar na horta, quando nos é permitido. As professoras dirigem
os trabalhos e temos em depósito no registro do Clube Cr$ 52,00 renda esta
da venda de batatas e feijão e que compraremos lápis e cadernos para a nossa
escola. Cultivando a horta escolar aprendemos melhor cultivar a terra e assim,
quando seremos homens trabalharemos melhor a terra e sabendo cultivá-la ela
produzirá melhor. Cultivando com amor a terra é o que nós precisamos, pois, o
Brasil precisa da lavoura para tornar-se cada vez maior. Henrique Polo aluno do
4 ano da Escola Municipal “Frei Caneca” 2
o
distrito. (EDITORIAL, 1952b, p. 5)
O trabalho do órgão de ensino local, junto aos professores, para a instalação de
novas unidades dos clubes agrícolas, foi essencial para a ampliação do número desses
espaços: “No decorrer do ano em curso serão criados mais cinco Clubes Agrícolas
anexos às escolas Municipais [...] As professoras regentes interessadas na fundação
dessa útil instituição, devem procurar mais informações na diretoria de Instrução.”
(EDITORIAL 1951a, p. 8). A atuação da Diretoria de Instrução Pública era de divulgar e,
também, de orientar quanto aos procedimentos de instalação dos clubes. Além de
fornecer matéria-prima (sementes) para a produção das hortas, que ficavam sob
responsabilidade dos alunos das escolas municipais.
Para que todas essas ações desenvolvidas pela gestão municipal obtivessem êxito,
era preciso angariar a confiança das pessoas que viviam nas áreas rurais. Uma estratégia
evidenciada no
Despertar
foi a valorização do agricultor/colono, por intermédio de
mensagens que denotam o sentimento de apreço pelo trabalho realizado pelos
agricultores. Esses textos buscavam uma aproximação entre as pessoas que viviam
nessas localidades e os representantes dos órgãos públicos. Uma ação vantajosa para a
implementação das políticas projetadas, particularmente as que estavam relacionadas ao
trabalho.
A valorização das práticas desenvolvidas pelos agricultores, de certo modo,
também servia para o fortalecimento da identidade desse grupo, pois difundia os
sentimentos de reconhecimento e de pertencimento. Esse fator pode ter sido relevante
na tarefa de desencorajá-los a procurar novas perspectivas de vida fora da área rural, e
entusiasmá-los com as alternativas propostas pela administração, que sustentavam um
panorama diferente no contexto rural.
Segundo Chartier (1991), os integrantes de um grupo social se identificam por suas
práticas e pela realidade construída, por meio da significação dada às representações
compartilhadas pelos diferentes grupos:
[...] as práticas que visam a fazer reconhecer uma identidade social, a exibir uma
maneira própria de ser no mundo, a significar simbolicamente um estatuto e
uma posição; enfim, as formas institucionalizadas e objetivadas em virtude das
quais "representantes" (instâncias coletivas ou indivíduos singulares) marcam
de modo visível e perpétuo a existência do grupo, da comunidade ou da classe.
(CHARTIER, 1991, p. 183)
As estratégias da administração pública em torno do ruralismo, essencialmente,
trabalhavam a questão da identidade do grupo de pessoas que habitava a área rural. O
interesse era o de que esses sujeitos conservassem determinada coesão em relação às
suas práticas. Também caminhavam em direção do estabelecimento de condições
atrativas para a permanência das pessoas na área rural. Para tanto, a escola rural e os
seus aparatos pedagógicos serviram como meios importantes para a busca por esses
objetivos.
Considerações Finais
A imprensa pedagógica mostrou-se importante para o fortalecimento de ideais e
de representações que foram compartilhadas pelos grupos de leitores. Essas produções
cooperaram na construção de significados sobre as práticas, em alguns casos, foram
meios para propagar orientações que transformavam os comportamentos, e também, as
condições de vida das pessoas por onde circulava o aparato.
A investigação sobre esses meios permite entender de que lugar escreviam os
seus produtores, para quem escreviam, com que objetivo e de que forma suas
publicações poderiam obter sucesso face as expectativas formadas. Possibilita reflexões
sobre os processos educativos, que segundo Nóvoa (1997), são a melhor maneira para
apreender a diversidade do campo educativo:
De fato, imprensa revela as múltiplas facetas dos processos educativos, numa
perspectiva interna ao sistema de ensino [...] A imprensa constitui uma das
melhores ilustrações de extraordinária diversidade que atravessa o campo
educativo [...] a imprensa é o lugar de uma afirmação em grupo e de uma
permanente regulação coletiva, na medida em que “cada criador está sempre a
ser julgado, seja pelo público, seja por outras revistas, seja pelos seus próprios
companheiros de geração [...] (NÓVOA, 1997, p. 13-14).
Nesse cenário, de produções de cunho pedagógico, como aparatos para a
propagação de ideais, especialmente, as que envolviam a constituição de escolas
formadoras de indivíduos moldados aos interesses de movimentos da época, considera-
se que este estudo apresentou os vestígios do Ruralismo Pedagógico nas concepções da
escola rural em Caxias do Sul.
Esta investigação possibilitou elucidar que as matizes do ruralismo pedagógico
ficaram impressas no periódico e na história da educação dessa cidade, ao menos, no
recorte de tempo e no espaço analisados. Os saberes publicados no impresso,
possivelmente foram relevantes para a mudança de comportamentos e para uma
significação das práticas que eram desenvolvidas e das que estavam sendo propostas
pelos órgãos blicos. A escola se constituiu em um meio condutor de conhecimentos
que sobrepujavam a formação escolar de crianças e alcançavam o espaço do trabalho, da
família e da comunidade, transformando os modos de fazer e consequentemente as
perspectivas de vida na área rural.
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