RIBEIRO, Fernando da Silva
*
https://orcid.org/0000-0003-4482-3183
OLIVEIRA, Maria de Fátima
**
https://orcid.org/ orcid.org/0000-0002-9519-8093
VERDE, Giuliana Muniz Vila
***
https://orcid.org/0000-0003-3073-6193
RESUMO: O Meia Ponte é um dos principais rios do
estado de Goiás, foi fundamental na construção da
nova capital (Goiânia), e cerca de 50% da
população goiana vive em sua bacia hidrográfica
atualmente. Assim, o objetivo deste artigo é
analisar a relação de Goiânia com este rio, desde a
sua fundação até os dias atuais. A reflexão
perpassa pela relevância do rio no projeto inicial, as
consequências advindas com o crescimento da
cidade e com a falta de políticas públicas de
proteção para esse manancial, transformando-o em
vítima de degradação e descaso. O estudo dialoga
com extensa bibliografia sobre a nova capital,
tendo como principais fontes os jornais, os projetos
urbanísticos de Goiânia e os decretos oficiais. O
referencial teórico é o da perspectiva da História
Ambiental, concebendo como indissociáveis as
relações e interações humanas com o meio
ambiente.
PALAVRAS-CHAVE: Goiânia; Rio Meia Ponte;
Degradação; Modernidade.
ABSTRACT: The Meia Ponte is one of the main
rivers in the state of Goiás. It was fundamental in
the construction of the new capital (Goiânia), and
about 50% of the population in Goiás currently
lives in its hydrographic basin. Thus, the aim of this
article is to analyze the relationship between
Goiânia and this river from its foundation to the
present day. The reflection permeates the
relevance of the river in the initial project, the
consequences arising from the city's growth and
the lack of public policies to protect this source,
turning it into a victim of degradation and neglect.
The study dialogues with an extensive bibliography
about the new capital, having as main sources the
newspapers, the urban projects of Goiânia and the
official decrees. The theoretical framework is from
the perspective of Environmental History
conceiving human relationships and interactions
with the environment as inseparable.
KEYWORDS: Goiânia; Meia Ponteriver;
Degradation; Modernity.
Recebido em: 18/02/2021
Aprovado em: 03/05/2021
*
Graduado em História pela Pontifica Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Goiânia-GO. Professor de
História na rede particular de Goiânia-GO e Aparecida de Goiânia-GO. Mestre pelo Programa de Pós-
graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER) pela Universidade Estadual de
Goiás (UEG), Anápolis-GO. E-mail: fernandodasilvaribeiro@gmail.com.
**
Doutorado em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia-GO; Docente do Curso de
História da Unidade de Ciências Socioeconômica e Humanas (CCSEH) e do Programa de Pós-graduação
em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER) da Universidade Estadual de Goiás (UEG),
Anápolis-GO. E-mail: proffatima@hotmail.com
***
Doutorado em Biologia Molecular pela Universidade Federal de Goiás (UFG); Docente do Curso de
farmácia e do Programa de Pós-graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER) da
Universidade Estadual de Goiás (UEG), Anápolis-GO. E-mail: giuliana.muniz@ueg.br.
Este é um artigo de acesso livre distribuído sob licença dos termos da Creative Commons Attribution License.
Introdução
O rio Meia Ponte atravessa 37 municípios, mas
é quando corta Goiânia que suas águas mais
sofrem com a degradação causada por
indústrias e moradores. (GOIÁS, 2001, p. 7).
Este artigo trata da relação entre a cidade de Goiânia (GO) e o rio Meia Ponte.
Embora até o momento já se tenha produzido significativo número de pesquisas e
publicações sobre Goiânia, uma abordagem com foco na relação da cidade com o rio
Meia Ponte ainda é pouco explorada. As matérias sobre os problemas decorrentes com o
rio são constantes na mídia goiana e tema de relatórios institucionais, mas a imagem
predominante sobre ele é a de abjeção. Neste sentido, busca-se analisar esta relação sob
a perspectiva da História Ambiental, campo que segundo Worster (2003, p. 24), “[...]
começou a tomar forma nos anos 70, quando houve diversas conferências sobre a grave
situação global e os movimentos ambientais cresciam, popularizando-se.”, e para o qual o
ambiente é entendido como agente ativo na história, visto que as pessoas organizam e
reorganizam suas vidas relacionando-se com o meio natural.
Apesar dos estudos sobre a natureza estarem presentes desde os primórdios da
escrita humana, Ferri (2017) afirma que foi apenas na metade do século XX que a
historiografia desenvolveu uma atenção sistemática aos fatores ambientais e suas
conexões com a história humana. Desse modo, o foco é analisar a contraditória relação
da cidade de Goiânia com rio Meia Ponte sua importância para a construção da nova
capital na década de 1930, seus significados como principal curso d’água e
posteriormente sua degradação vinculando assim, as ciências humanas e as ciências
naturais, pois, de acordo com Worster (2003, p. 26), “Onde quer que as duas esferas, a
natural e a cultural, se confrontem ou interajam, a história ambiental encontra seus
temas essenciais”. Porém, para se chegar nessa interação mencionada pelo autor,
Drummond (1991) argumenta que foi necessário um projeto reformista para a história
ambiental, como o que aconteceu em várias disciplinas sociais, como na sociologia, na
antropologia e na economia. Essas transformações ocorreram após algumas pressões de
cientistas naturais e movimentos sociais, sendo essas disciplinas desafiadas “[...] a
superar o seu paradigma e a incorporar variáveis naturais ao seu repertório legítimo de
pesquisa.” (DRUMMOND, 1991, p. 180). Assim sendo, muito mais que dialogar com outras
ciências, é necessário compreender suas linguagens e usá-las a serviço da História. A
abordagem ambiental vai além do diálogo entre as áreas do conhecimento, pois, ao
abordar uma perspectiva holística de história, que a complexidade contemporânea
reclama, transpõem-se os limites usualmente percorridos pela ciência histórica até
então.
É nessa perspectiva que se busca compreender a relação entre o rio Meia Ponte e
a cidade de Goiânia. Relação esta que se inicia com a construção da nova capital, pois o
rio foi uma das condições determinantes para a sua fundação naquele local. Neste
sentido, o primeiro plano urbanístico da nova capital incorporou o Meia Ponte, com a
construção de uma usina hidrelétrica no trecho conhecido como cachoeira do Jaó
1
. Um
represamento foi realizado e uma proposta de valorização do rio na paisagem urbana
representada em projeto de construção de uma Avenida Parque, com o objetivo de
atender a população da nova capital em relação à prática de esportes e lazer.
Contudo, no período que é compreendido entre os anos de 1950 e 1960 houve o
que chamamos de (des)encontro entre Goiânia e o rio Meia Ponte, provocado pelo
crescimento desordenado da cidade causando assim um processo de degradação do rio,
criando uma imagem negativa deste perante a população goianiense. Neste cenário,
mesmo Goiânia sendo considerada uma cidade verde
2
com vários parques e projetos de
sustentabilidade, o rio foi deixado de lado, fora do âmbito da ideia da cidade sustentável e
do cotidiano dos seus habitantes. Neste caso, a ideia de sustentabilidade está muito
ligada a uma perspectiva de reconciliação, pois, esta “pode fornecer ferramentas para se
alcançar uma integração plena entre sociedade e natureza, de forma que ambas
prosperem a longo prazo.” (PELLEGRINO, 2000, p. 162).
Rios e cidades
O historiador francês Laurent Vidal (2010, p. 105) em artigo intitulado
Poética da
cidade-rio na História do Brasil
, lembra-nos que “O encontro do rio e da cidade marca o
encontro do espaço e do tempo; e, no encontro do espaço e do tempo, nascem histórias,
começa a História”. De modo geral, os rios demarcam territórios, formam corredores de
circulação de pessoas, são geradores de alimentos e riquezas, espaços blicos de lazer
e de convivência, são utilizados para o turismo, e são também elementos fundadores de
cidades. Os rios não são mais estudados apenas como um fenômeno natural,
1
Segundo Nádia Lima (2011a), o termo Jaó é referente a uma espécie de pássaro muito comum na região,
que durante a construção da usina, se aglomeravam no lago. Também foi construído um bairro com o
mesmo nome, o Bairro Jaó.
2
Goiânia, Campinas, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba estão, nesta ordem, entre as cidades acima
de um milhão de habitantes mais arborizadas do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a partir de dados do Censo Demográfico 2010: Características urbanísticas do entorno
dos domicílios. Goiânia tem 89,5% de arborização. Atualmente a cidade de João Pessoa na Paraíba é a
cidade mais arborizada do país de acordo com mesmo instituto.
representando divisa de fronteiras, meio de abastecimento de vilas e cidades, ao
contrário, eles passaram a ser objeto de estudos interdisciplinares e por diversas áreas
do conhecimento como, por exemplo, pela História. O rio não é visto como mero curso
d’água, pois O rio, com suas imagens, suas histórias, seus relatos, como aparece nos
documentos, trata-se de uma construção humana, antes de mais nada.” (ARRUDA, 2008,
p. 10).
Houve épocas em que os rios eram os atores principais da realidade urbana, mas
com o crescimento das cidades foi-se destruindo e anulando sua importância e
relacionando-os a poluição, mau cheiro, obstáculo à circulação e ameaça de inundações.
Muitos rios urbanos perderam seu protagonismo e com isso, as lembranças referentes às
épocas de balneabilidade, onde a maioria dos locais com curso d’água eram fontes de
lazer, ficaram apenas no imaginário. Esta realidade, segundo Baptista e Cardoso (2013),
iniciou-se no final da Idade Antiga e Média, pois os cursos d’água recebiam grandes
quantidades de cargas sanitárias e resíduos comerciais. Ainda segundo os autores, a
Revolução Industrial iniciada por volta de 1760 na Inglaterra potencializou a degradação
dos rios.
As condições de salubridade das cidades e de seus rios precárias
deterioram-se ainda mais ao final do século XVIII, com o advento da revolução
industrial, sendo os grandes rios convertidos em fontes privilegiadas de
abastecimento para as indústrias e, ao mesmo tempo, receptores de águas
residuais altamente contaminadas. (REYNOSO, 2010 apud BAPTISTA;
CARDOSO, 2013, p. 132).
Desta forma, percebe-se que a função dos rios foi alterada, se tornando neste
caso fontes de abastecimento da Revolução Industrial, que por sua vez irá acelerar a
degradação dos mesmos durante os séculos XIX e XX. Ainda neste contexto, a década de
1950 é marcada por um aumento da urbanização, assim a relação entre os rios e as
cidades passaria por mais alterações. Consequentemente, os rios viveriam um processo
sem fim de degradação, poluição, uma grande precariedade no saneamento básico com
grandes transformações hidrológicas e morfológicas e, logicamente, a ocupação irregular
das margens. O que se percebe é que quando as cidades invadem as águas, estas
invadem as cidades, num processo irreversível e inerente ao crescimento urbano.
(GORSKI, 2010).
Para entender melhor este cenário, buscamos a pesquisa do historiador Janes
Jorge (2006), ao estudar a realidade do rio Tietê no final do século XIX e nas primeiras
décadas do XX, mostra que neste período o rio era bastante utilizado pelos paulistanos
em atividades como a prática de pesca, lazer e esportes. Entretanto, o pesquisador
observa que com o crescimento da cidade o rio caminhava para uma triste realidade
sendo que a década de 1930 foi marcada pela transformação de suas margens, dando
origem a forma atual do Tietê. Em relação a tais transformações como as analisadas por
Jorge (2006) em referência ao rio Tietê, muitos outros rios urbanos apresentam os
mesmos problemas. Na cidade de Goiânia as relações com córregos, ribeirões e rios
também estão muito longe de uma realidade diferente, harmoniosa, pois:
mais uma década que o córrego Cascavel quando atravessa a Avenida
Castelo Branco produz um mau cheiro insuportável 24 horas em todos os dias
do ano, causando náuseas, vômitos e dor de cabeça nos moradores e
trabalhadores na região. Diagnóstico da Bacia do Rio Paranaíba elaborado em
1982 pelo DNAEE departamento. Nacional de Águas e Energia Elétrica, CPRM
Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais indicava: que à altura de
Goiânia as condições de qualidade do Rio Meia Ponte tornava-se crítica; e que a
demanda doméstica e industrial de Goiânia prevista para 1990 seria igual à
vazão mínima que permanecia durante sete dias. (O MAU..., 22 de ago. de 2018).
Existem dois lados dessa nova relação entre os cursos d’água e as cidades no
âmbito urbano. Aqueles sofrem ao longo do tempo um processo de degradação contínua,
transformando-se em alvo de esquecimento e rejeição. Por outro lado, as cidades sofrem
com inundações e carência de mananciais adequados para abastecimento público:
Entre os meses de outubro a março, chuvas rápidas, porém intensas, ocorrem
com frequência em Goiânia e favorecem o aumento do volume das águas nos
córregos e rios que cortam a malha urbana, fator que torna maior o risco de
inundações em determinados locais. Além disso, a impermeabilização das vias
públicas implica no escoamento superficial das águas pluviais e a falta de
planejamento da infraestrutura - que considere as características das chuvas e
do relevo da cidade - facilitam a ocorrência de alagamentos em diversos pontos
de Goiânia, como confirmou a pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de
Climatologia (Climageo) do Instituto de Estudos Socioambientais da
Universidade Federal de Goiás. (VELOSO, 2015, s/p).
De acordo com Sachs (2005), foi a partir da década de 1970 que algumas cidades
começam a se preocupar com a situação de seus cursos d’água. Assim, algumas
autoridades internacionais iniciam um debate sobre a relação entre metrópole e rios e
surgem então as primeiras conferências e reuniões com intuito de resolver problemas
causados a partir do crescimento urbano e o (des)encontro com os rios. Portanto, neste
contexto observa-se uma revisão das ações antrópicas sobre a bacia hidrográfica e sobre
os recursos hídricos de configuração mais ampla. Inicialmente, sobressaem as visões
dissociadas da relação rio-paisagem urbana e o rio enquanto recurso hídrico e bem
necessário à saúde.
3
Em Goiânia, este debate inicia-se na década de 1990 e continua nos
anos 2000, a partir de medidas adotadas por autoridades e órgãos competentes.
Neste cenário, é interessante relembrar sobre a Agenda 21
4
, que apresenta em seu
capítulo 18, o tema referente à Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos
Hídricos, propondo algumas ações e medidas para as águas continentais, conforme
segue: a) Avaliação dos recursos hídricos; b) Abastecimento de água potável; c) Proteção
da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos; d) Água e desenvolvimento urbano
sustentável; e) Avaliação dos impactos das mudanças climáticas sobre os recursos
hídricos. Todavia, as ações mencionadas acima ficam apenas no campo das promessas
ou planos ineficazes na maioria dos países.
No Brasil poucos casos de rios urbanos que passaram por processos de
recuperação. Gorski (2010) destaca o Projeto Beira-Rio
5
, desenvolvido na cidade de
Piracicaba (SP) em 2001, que buscava associar a revitalização do espaço urbano com
uma revalorização do rio; outro exemplo de recuperação de um rio urbano foi elaborado
na Bacia do rio Cabuçu de Baixo entre os anos de 2002 a 2005, localizado na região
metropolitana de São Paulo. Este Projeto que objetivava o controle das cheias,
renaturalização dos cursos d’água, preservação e recuperação ambiental (GORSKI,
2010). Citando estes exemplos nacionais, percebemos que as soluções existem, mas é
necessário que o poder público atenção à questão por meio de projetos e ações
efetivas para esse fim. Entretanto, de acordo com Frey,
O sistema político, tanto no nível internacional, quanto no nacional e local, tem-
se mostrado incapaz ou insuficientemente preparado para traduzir e
transformar as crescentes demandas de cunho ambientalista em políticas
públicas capazes de promover um modelo alternativo de desenvolvimento.
(FREY, 2001, p.2).
Logo, percebe-se que na relação entre rios e cidades, Goiânia enfrenta a mesma
realidade de outros centros urbanos em referência aos seus cursos d’água, a de
3
Gorski (2010), ressalta que este debate referente a conservação ambiental e consequentemente o
processo de degradação do meio ambiente devido ao crescimento urbano e demográfico foi motivo de
preocupação século XVIII pelo economista britânico Thomas Malthus. no século XIX, o ambientalista
estadunidense George Perking Marsh publicou em 1862, uma obra que intitulava
Man And Nature
onde se
preocupava com a diminuição das reservas florestais.
4
Documento assinado por 179 países durante a "Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento" ou "ECO-92", realizada na cidade do Rio de Janeiro. O seu principal objetivo é criar
soluções para os problemas socioambientais mundiais, baseando-se no seguinte pensamento: “pensar
globalmente, agir localmente”.
5
O projeto Beira-Rio surgiu do poder público municipal e foi incorporado à Agenda 21 local, com objetivo
de valorizar a orla urbana do rio Piracicaba, na cidade de Piracicaba (SP). A execução do projeto
contemplou a recomposição da vegetação ciliar da margem esquerda do rio, prevalência do pedestre, a
manutenção dos usos consolidados e o dado cultural como elemento definidor. (GORSKI, 2010).
degradação e indiferença, principalmente quando vemos a situação em que se encontra o
rio Meia Ponte. Mesmo com o desenvolvimento de algumas políticas públicas
6
e projetos
no âmbito municipal e estadual, estes não conseguiram alcançar resultados significativos
em sua recuperação e conservação.
Goiânia e sua fundação a questão hídrica
A Revolução de 1930 trouxe expectativas de que a partir de então o Brasil
passaria por transformações profundas, pois as antigas oligarquias que ditavam as
regras eleitorais em seus estados, em sua maioria seriam combatidas pelo novo governo.
Em Goiás não foi diferente, a então oligarquia dos Caiados foi destituída dos cargos
públicos do Estado a mando do interventor Pedro Ludovico Teixeira. De acordo com
Chaul (2015, p. 238), “Goiânia surge de disputas políticas entre o novo e o velho”. Mesmo
com manifestações
7
contrárias à construção da nova capital lideradas pelo antigo grupo
oligárquico, o interventor coloca seu plano em execução. Neste cenário de disputas
políticas intensas foi preciso criar justificativas para tal fato e através do principal
idealizador, vários fatores
8
foram apresentados como, por exemplo, a questão hídrica.
Portanto, na escolha da região que receberia a nova capital, deveria ser levado em conta
que esta precisava ter uma rica hidrografia para abastecimento e fornecimento de
energia elétrica. Três regiões foram pré-escolhidas para receber o projeto, Bonfim (atual
Silvânia), Pires do Rio e Campinas, e todas foram aprovadas em relação à questão
hídrica. Em relatório apresentado ao presidente da comissão responsável pela escolha do
local destinado à edificação da nova capital de Goiás pela subcomissão técnica, os
engenheiros J. Argenta, Jerônimo Curado Fleury e Dr. Laudelino de Almeida descrevem a
região de Campinas ressaltando suas qualidades em relação à questão hídrica, com
destaque para o rio Meia Ponte:
- Rio Meia Ponte, situado a nordeste, a sete quilômetros de distância, com
uma descarga horária de 15.120.00 (quinze milhões, cento e vinte mil) litros.
Nesse rio existe a corredeira denominada “Jaó”, com uma diferença de nível
aproximadamente de 8 metros, podendo fornecer uma força hidráulica efetiva,
6
Segundo Stucky (1997), o entendimento de políticas públicas está vinculado à ação do Estado. Envolve
suas iniciativas, seus investimentos, suas prioridades e os indivíduos atingidos em uma determinada área
ou setor. Contudo, essas ões não nascem de necessidades do próprio Estado, mas são decorrentes de
demandas da sociedade.
7
De acordo com Lena Castello Branco Ferreira de Freitas (2010) em seu livro
Poder e Paixão a saga dos
Caiados,
volume 2, após a promessa de mudança da capital por parte de Pedro Ludovico Teixeira, houve na
Cidade de Goiás várias manifestações contrárias a tal mudança. (FREITAS, 2010, p. 337).
8
São muitas as justificativas para reafirmar a construção da nova capital, ao interventor citou o
saneamento básico precário em Vila Boa sem perspectiva de melhora; a topografia; a falta de modernidade;
e a questão hídrica. (COELHO; VALVA, 2018).
na máxima estiagem, de 450 (quatrocentos e cinquenta) cavalos que poderão
vantajosamente ser aproveitados enquanto o permitir o desenvolvimento inicial
da nova capital. (MONTEIRO, 1942 apud COELHO; VALVA, 2018, p. 52).
O relatório ainda destaca outros pontos hídricos como o rio Anicuns, Córrego
Cascavel, Ribeirão Macambira e o rio Santo Antônio. Importante reforçar que o relatório
afirma que o rio Meia Ponte seria fundamental para o abastecimento “inicial” da nova
capital portanto, se pensava no rio como ponto inicial do surgimento da nova capital e
não para um processo contínuo de abastecimento e lazer para os moradores de Goiânia.
Fruto do urbanista Attílio Corrêa Lima, o projeto de Goiânia previa a organização
e zoneamento da cidade, a regulamentação das construções e a prestação de serviços de
limpeza, esgoto e energia. No mesmo ano do lançamento da pedra fundamental da nova
capital, o Estado firmou um contrato com a empresa de propriedade do engenheiro José
Madureira Júnior para a construção de uma usina em trecho especial do rio Meia Ponte,
represado para a formação de um reservatório. Cogitava-se que o lago formado pudesse
ser usado para a prática de esportes aquáticos e como espaço para pista de pouso de
hidroaviões (LIMA, 2011a). Com a construção da represa no rio Meia Ponte, seria
formado um lago na extensão de quase quatro quilômetros e de grande largura, superior
a 500 metros em alguns pontos, para o reaproveitamento da cachoeira do Jaó, que
forneceria energia elétrica a nova capital do estado.
O empresário Jerônimo Coimbra Bueno, superintendente das obras, apresentou
sugestões e medidas indispensáveis de saneamento, reflorestamento e defesa da
salubridade pública (LIMA, 2011a). A barragem da represa em hipótese alguma deveria
ser fechada sem que nas áreas marginais a serem alagadas se procedesse a uma limpeza
radical, deixando-as isentas de qualquer vegetação, por pequena que fosse de modo a
dar facilidade de escoamento e evitar estagnações perniciosas ou focos de mosquitos.
Assim, ao completar três anos, Goiânia passou a contar com uma usina hidrelétrica: a
Usina do Jaó, localizada no rio Meia Ponte. A nova capital, que se propunha a ser um
exemplo de modernidade, imagem oposta à histórica Cidade de Goiás, em seus
primeiros anos começou a oferecer eletricidade aos seus habitantes, lembrando que água
encanada e energia elétrica eram privilégios de poucos goianos.
Havia todo um projeto do governo para o local, que incluía a Avenida Park da
Represa do Jaó, o Iate Clube e o Jardim Botânico. A criação das
park-ways
,
adequadas à
região e ao clima local, formaria um eixo cujas bases agradariam a população, resultando
em uma generosa malha verde que articulava a vida urbana com o máximo possível de
espaços livres. Abaixo pode se ver a localização da Usina do Jaó e o rio Meia Ponte no
plano original de Attílio Corrêa Lima.
Figura 1: Usina do Jaó e o rio Meia Ponte.
Fonte: Celina Manso, 2001.
Pelo exposto acima se torna evidente que os dois profissionais se preocuparam
com a preservação da mata nativa ocorrente às margens do rio Meia Ponte, dos
mananciais e outras áreas verdes.
De uma maneira especial, ambos profissionais trataram claramente da
importância da defesa das matas de galeria, e na proteção das encostas dos
leitos e nascentes, num raio determinado por técnicos competentes,
demonstrando sua preocupação com a preservação das áreas ao redor dos
córregos e rio, onde as nascentes seriam transformadas em áreas de parques,
de defesa do verde e recreação, em harmonia com as
park-ways
que
percorreriam ao longo dos leitos. (RIBEIRO, 2004, p. 61-72).
Attílio Corrêa Lima e Armando de Godoy projetaram a nova capital pensando no
seu futuro em relação à integração de áreas verdes com o espaço urbano. Ou seja, os
usos e ocupações capazes de proporcionar uma imagem positiva e criar uma identidade
de natureza, dos espaços verdes e dos cursos d’água para com a cidade. Para compor a
paisagem do lago seria implementada uma estrada, a “Avenida Park” ao redor do lago
com objetivo de sanear e manter uma vigilância. (LIMA, 2011a).
O principal objetivo da construção do lago com a chamada Avenida Park” ao seu
redor era proporcionar lazer para os goianienses, como a prática de atividades físicas,
esportes aquáticos e outras diversões, fato que assemelhava ao da Lagoa da Pampulha
em Belo Horizonte. Outro fator importante foi o da possibilidade da instalação de
chácaras de pequeno porte, ao longo da futura Avenida das Indústrias
9
com a função de
9
Armando de Godoy sugeriu em relatório uma avenida onde se estabeleceria a parte industrial da nova
capital.
promover o abastecimento da capital com produtos como hortaliças, o que demonstra
também, uma preocupação de ordem econômica com usos diversos da área. Nesse
sentido, o sistema de malha verde do projeto promoveria a relação da natureza e da
população, em especial da cidade com o rio Meia Ponte.
O sistema aconselhável para o caso é o separativo. A rede de águas pluviais
relativamente simples, pois serão despejadas nos córregos, não obrigará a
utilizar grandes seções. Quanto à rede de materiais fecais deverá ser coletada
num emissário que transporte os resíduos abaixo da represa do Jaó, não sendo
aconselhável de maneira alguma que o despejo se faça acima desta; embora este
seja aconselhável após um tratamento bacteriológico ou químico. Este
último, de preferência, para serem aproveitados como adubo os resíduos.
(MONTEIRO, 1938, p. 145).
Portanto, percebe-se que a relação entre meio ambiente e meio urbano não foi
desconsiderada no projeto inicial da nova capital, pois a perspectiva de seus
idealizadores era a de uma cidade moderna convivendo harmoniosamente com a
natureza. Entretanto, devido a conflitos de ideias e falta de pagamentos referentes ao
projeto, Attílio Corrêa Lima desligou-se dele em 1935, deixando Armando de Godoy como
o principal projetista. Desse modo, o projeto inicial foi modificado principalmente após a
influência da empresa
10
Coimbra Bueno, que ficou responsável pelas obras.
Assim sendo, a cidade que foi o resultado concreto das disputas políticas no
estado de Goiás mudou de um cenário de “atraso” para uma nova perspectiva, a tão
sonhada modernidade citada e defendida pelos novos políticos em ascensão. Nesse
contexto, modernidade é entendida como progresso, ou seja, “[...] o culto do novo e a
rejeição do passado, como forma de inserir, cada vez mais, Goiás no cenário nacional.”
(CHAUL, 2015, p. 231). É bom ressaltar que a construção de Goiânia representava o novo,
a modernização da região central do país, em contraposição ao termo “atraso” que era
comumente utilizado para se referir ao estado de Goiás.
Para Chaul (2015), Goiânia é considerada a capital do sertão, sendo a primeira
materialização dos ideais de colonização do sertão brasileiro no século XX. Sua
construção é o melhor exemplo de um momento histórico em que uma nova ordem
pretendia estabelecer-se ao nível local e nacional. É de significativa importância que
Goiânia representa, juntamente com outras cidades planejadas, a manifestação desta
saga de modernização, simbolizando a utopia brasileira de uma estrutura agrária, para
outra que se vinculou a processos de industrialização e urbanização.
10
A empresa foi criada em 1935, pelos irmãos Jerônymo e Abelardo Coimbra Bueno, que foi a responsável
pelos trabalhos de construção da nova capital do estado de Goiás. (COELHO; VALVA, 2018).
A construção da linha férrea no início do século XX trouxe consequências
positivas ao desenvolvimento do estado, porém não foi o bastante. Neste sentido, a
transferência da capital, ou melhor, a construção de uma cidade planejada em pleno
sertão, traria o moderno, o centro-oeste seria visto de modo diferente. O objetivo não
era acabar com a tradição, com a importância de uma cidade histórica como era Vila Boa
(antiga capital de Goiás), mas sim promover mudanças na região, mesmo que por trás
das mesmas estivessem os interesses políticos. Embora os moradores da antiga capital
do estado tenham visto a chegada da modernidade, ou seja, a construção de uma nova
capital como uma ameaça à sua história e tradições, esta mesma modernidade
desenvolveu uma rica história e uma variedade de hábitos próprios. Sobre isso, Berman
afirma que,
A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e
raciais, de classe e nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido, pode-se
dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade
paradoxal, uma unidade de desunida de: ela nos despeja a todos num turbilhão
de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambiguidade
e angústia. (BERMAN, 1982, p. 11).
Deste modo, apesar da resistência ao novo por parte dos moradores da antiga
capital, ligada ao antigo grupo dominante do estado, a construção de Goiânia trouxe em
seu bojo a ideia do novo, expectativa de progresso, desenvolvimento e oportunidades,
pois “Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria,
crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor [...]” (BERMAN,
1982, p. 15). O pressuposto para a garantia da modernidade advém do desenvolvimento,
todavia tanto o conceito de modernidade como o de desenvolvimento
11
sofreram
alterações com o passar do tempo no qual os rios e as cidades não ficaram ilesos a estas
transformações, como, por exemplo, o rio Meia Ponte que faz parte da Região
Metropolitana de Goiânia (RMG)
12
. Sonhada e colocada em prática pelo interventor Pedro
Ludovico Teixeira
13
, político que ascendeu na política goiana com a Revolução de 30,
11
O processo de construção do conceito de desenvolvimento tem um longo percurso histórico e pode ser
analisado por diferentes ângulos, como o político, o social, o econômico, o ambiental, entre outros.
Concordamos com Santos et al. (2012, p. 60), quando enfatizam que tal conceito “traz em si o resultado de
um processo histórico da sociedade capitalista com seus erros e acertos, avanços e limites”, e que, ao se
falar em desenvolvimento é necessário falar também no seu contrário, pois em seu significado estão
inclusos não apenas os elementos políticos, econômicos, sociais, ambientais, mas também elementos
como o direito, a liberdade, a oportunidade e a equidade individual e coletiva”.
12
A Região Metropolitana de Goiânia (RMG) é o conjunto de municípios que integram a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas, todos de interesse comum, no total de 20 municípios. (LEI
COMPLEMENTAR Nº 139, DE 22 DE JANEIRO DE 2018).
13
Pedro Ludovico Teixeira nasceu na cidade de Goiás, então capital do estado de Goiás, em 23 de outubro
de 1891, filho do médico João Teixeira Álvares e de Josefina Ludovico de Almeida. Transferiu-se para o Rio
de Janeiro e bacharelou-se em Medicina. Retornou a Goiás em março de 1916, fixando residência em Bela
Goiânia foi planejada, arquitetada nos moldes da expressa modernidade dos anos de
1930. A região da cidade de Campinas foi escolhida por ser plana, centralizada e com
uma ótima hidrografia, sendo o rio Meia Ponte o mais importante manancial tanto para o
estado de Goiás quanto para Goiânia.
Segundo o relatório do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH),
elaborado em 2001, o rio Meia Ponte
14
é um dos principais rios do estado de Goiás, cerca
de 50% da população goiana vive em sua bacia hidrográfica. Sua nascente se localiza no
município de Itauçu na chamada Serra dos Brandões a 60 km de Goiânia, contudo
descobertas recentes apontam outra nascente no município de Taquaral a 80 km de
Goiânia. São mais de 30 municípios goianos que fazem parte da sua bacia hidrográfica,
com destaque para Aparecida de Goiânia, Anápolis, Pontalina, Morrinhos, Piracanjuba,
Senador Canedo e Silvânia, sendo que sua extensão é de 471,6 km. Sobre sua bacia
hidrográfica, neste caso podem ser encontradas fitofisionomias, como cerrado
stricto
sensu
, floresta estacional decidual e semidecidual, e áreas de tensão ecológica
15
. O rio é o
principal afluente do gigante rio Paranaíba (GOIÁS, 2001).
Ao longo da sua trajetória, o rio é utilizado para diversos fins, desde
abastecimento de água, irrigação de lavouras, dessedentação de animais, lazer e até para
despejo de esgotos domésticos e industriais figurando como uma grande piscina de
efluentes
16
. Os efluentes ao serem despejados no meio ambiente causam a alteração da
qualidade nos corpos d’água, receptores e consequentemente a sua poluição
(degradação). Com o crescimento da industrialização, vem surgindo uma grande
variedade de processos industriais com a consequente produção de efluentes industriais
muito diversificados do ponto de vista químico, requerendo processos de tratamento
mais complexos (COSSICH, 2006).
Logo, a poluição hídrica devido à gestão dos efluentes é algo recorrente e
fator comprometedor da saúde humana e animal (GIORDANO, 2004).
Vista, onde começou a clinicar. Em 1917 mudou-se para Rio Verde (GO) e no ano seguinte casou-se com
Gercina Borges Teixeira. Grande crítico da oligarquia dominante no estado de Goiás, apoiou a Revolução
de 30, e com isso foi indicado pelo então presidente da república, Getúlio Vargas, como interventor do
estado. Foi o grande idealizador da construção da nova capital no estado em 1933, Goiânia. (FREITAS,
2010).
14
A história referente ao nome do rio está ligada ao papel dos bandeirantes na procura do ouro na região
do atual estado de Goiás. De acordo com Raymundo José de Cunha Matos em relatório enviado ao
imperador D. Pedro I em 1824, o rio recebeu este nome, pois os paulistas chegando às margens do rio
fabricaram duas toras de madeiras para auxiliar na travessia, devido as cheias, uma das toras foi levada
pelas águas, recebendo assim a tal denominação de Meia Ponte. (MATTOS, 1979).
15
Áreas de tensão ecológica são aquelas em que ocorre a transição entre dois ou mais tipos de vegetação,
conhecidas por ecótonos segundo o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 2012).
16
Efluente significa “aquele que flui” e se referem aos resíduos das indústrias, esgotos domésticos e das
redes pluviais que são lançados no ambiente na forma líquida ou gasosa (COELHO, 2020). Segundo Dezotti
(2008), trata-se de qualquer gás ou líquido fruto da atividade humana, que seja lançado no ambiente.
O (des)encontro da cidade com o rio
Como analisado acima, o projeto inicial dos urbanistas Attílio Corrêa Lima e
Armando de Godoy incluía o rio Meia Ponte na nova capital como palco paisagístico com
a construção de um lago com uma avenida circundante, além de ser a principal fonte de
fornecimento de energia elétrica. Assim, foi construída a Usina do Jaó, sendo inaugurada
em 15 de novembro de 1936 após o lançamento da pedra fundamental de Goiânia. A
cidade moderna passou a ser iluminada com o aproveitamento da força promovida pelas
corredeiras do rio para produzir energia.
A Usina do Jaó com seus 180 “quilovoltsampère(KVAs) de potência, estrutura
impressionável para os padrões da época, contribuiu para o desenvolvimento
nos primeiros anos da capital, uma vez que a advento da energia ainda era raro
no Brasil, sobretudo no Centro-Oeste. (LIMA, 2011a, p. 17-18).
Assim, as construções do lago e da usina marcaram de maneira contundente a
ação do homem sobre a natureza nesse espaço da nova capital. Tais obras reafirmam
a importância do Meia Ponte para o desenvolvimento de Goiânia, tanto pelo lado
energético quanto para uma imagem paisagista, inclusos nos primeiros planos.
Figura 2: Visita à barragem da usina e aspectos da região na década de 1940
Fonte: Jornal da Biodiversidade Goiana, 2009 apud: PINTO; ARAÚJO (2014, p. 84).
Na década de 1960 foi construído o Clube de Regatas Jaó, pelo casal Ubiratan
17
,
que financiou o empreendimento. Este se caracterizou por oferecer, além das atividades
17
Nascido em Porto Franco, hoje estado do Tocantins, em 1913, ingressou na Faculdade de Odontologia de
Goiás, que funcionava na antiga capital. Trabalhou em negócios em garimpos no norte do estado de Goiás,
hoje Tocantins. Casou se com Stella Dalva Rocha e em 1959 mudou se para Goiânia, após investir em
de um clube social aquático, a prática de esportes náuticos, como barco, esqui, lancha e
remo, possibilitados pelo represamento do rio Meia Ponte. Após a desativação da Usina
do Jaó, o clube passou a se chamar Clube Jaó e não mais promoveu tais atividades. A
existência do clube até os dias atuais mostra a importância do rio para o lazer, antes
valorizado como um bem público e hoje confinado à especulação de um empreendimento
privado e de usufruto de poucos.
Em nossa ótica, dois elementos principais provocaram o que chamamos de
(des)encontro entre a cidade de Goiânia e o rio Meia Ponte. O primeiro está relacionado
ao abandono do projeto por Attílio devido a problemas já citados, pois com isso a
empresa de construção Coimbra Bueno assumiu parte do projeto, modificando aspectos
importantes como os que se referem à expansão da cidade. Já o segundo elemento
corresponde ao crescimento da população, intensificada, segundo Moysés (2004) nas
décadas de 1950 e 1960, pois para o autor, o país passava por um fluxo maior de
urbanização, tendo o êxodo rural um acréscimo considerável devido ao aumento
industrial.
Em Goiânia, além de um crescimento industrial, a cidade apresentava novas
oportunidades para pessoas de todo o país, atraindo migrantes de diversas regiões. A
construção de Brasília, cerca de 30 anos mais tarde que Goiânia, contribuiu para o
crescimento demográfico na nova capital goiana cumprindo os anseios do presidente
Juscelino Kubitschek de interiorização do Brasil.
A saída de Attílio Corrêa Lima da execução do projeto da nova capital es
relacionada a alguns acontecimentos. Em primeiro lugar, houve um desentendimento
com a construtora dos irmãos Coimbra Bueno sobre como seriam as obras da nova
cidade. De acordo com Attílio, o próprio Estado deveria ser o responsável pelas terras
em relação à compra e venda, respeitando na íntegra o projeto inicial. O objetivo era
impedir a especulação imobiliária que, com certeza, iria contra as ideias do urbanista
(MOTA, 2004). Em segundo lugar destaca-se a falta de pagamento por parte do Estado
aos serviços de Attílio, o que teve como consequência o abandono dos trabalhos no
início do ano de 1935 como relata Ackel (2007):
No começo de 1935, Attílio retorna ao Rio de Janeiro. As divergências com a
construtora Coimbra Bueno, o descontentamento de Pedro Ludovico Teixeira
com o atraso e morosidade nas obras, as pressões da família do próprio
arquiteto e a falta de pagamento fizeram com que Attílio reincidisse os
contratos que tinha com estado, em abril de 1935. Antes disso, em janeiro
postos de gasolina em Brasília, comprou do cunhado uma chácara nas margens do lago do jaó, onde
idealizou o futuro clube. (LIMA, 2011b).
entregou um relatório que era nada mais que seu plano diretor para a nova
cidade, acompanhada da planta geral. (ACKEL, 2007, p. 144).
A relação entre os irmãos Jeronymo e Abelardo Coimbra Bueno e o então interventor
Pedro Ludovico Teixeira é de longa data. Os dois irmãos eram naturais de Rio Verde, a
mesma cidade do interventor. Segundo Godinho (2018), Pedro Ludovico convidou o
conhecido Jeronymo para ser superintendente geral de obras para a construção da nova
capital. Em 1935, o irmão Abelardo criou a empresa de engenharia Coimbra Bueno e Cia.
que ficou encarregada de construir Goiânia. Como os recursos financeiros eram
escassos, o interventor ofereceu aos irmãos como contrapartida os primeiros
loteamentos da nova capital.
Com a saída de Attílio Corrêa Lima, Armando de Godoy ficou responsável pelo projeto,
com o apoio da construtora Coimbra Bueno, que estava lucrando com a especulação
imobiliária na construção de Goiânia. Armando de Godoy era um conhecido urbanista
brasileiro que naquele momento estava envolvido em vários projetos pelo Brasil e com
isso coube à construtora a realização e execução da maior parte do projeto de Goiânia,
inclusive atendendo seus interesses econômicos (MOTA, 2004).
Com essas mudanças, o que se viu nos anos seguintes da década de 1940 foi a ruptura
com o projeto inicial da nova capital. A ideia do lago próximo à Usina do Jaó com a uma
avenida que a circundasse não se concretizou, não nos moldes propostos por Attílio.
Assim, a relação da cidade de Goiânia com rio Meia Ponte distanciou da ideia inicial e
estas mudanças, sem dúvida, modificaram para pior a situação do rio no âmbito urbano,
principalmente neste trecho específico.
Outra questão a ser observada, comum à maioria dos rios urbanos, foi à apropriação
regular e irregular de suas margens, o que contribuiu para sua degradação, tanto pela
construção de moradias, quanto pela instalação de indústrias. Em Goiânia o cenário foi
semelhante pois, após a ruptura com o projeto inicial e com o aumento da especulação
imobiliária, houve um povoamento de áreas periféricas sem controle, principalmente por
pessoas em condições financeiras desfavoráveis. Este fato está ligado a um processo que
se desenrolou em cidades planejadas, no qual geralmente o centro é destinado a uma
população com melhores condições financeiras (autoridades, funcionários públicos, a
elite de modo geral), e a periferia ficava para os trabalhadores que foram usados na
construção da cidade, operários e demais indivíduos em busca de oportunidades. Em sua
edição de 21 de outubro de 1953, o jornal
O Popular
apresentava um edital de loteamento
comum para aqueles anos de crescimento urbano da cidade:
Edital de loteamento
Milton, Ribeiro Guimarães. Oficial do registro geral, comarca de Goiânia, capital
do Estado de Goiás, na forma da lei, etc.
Faço público para conhecimento dos interessados, que, pelo senhor Elias
Bufaiçal e sua mulher Maria Luiza Bufaiçal, me foi requerido, de acordo com a
lei 3.079 a inscrição do loteamento (Parque industrial) situado na fazenda
“água branca” nesta capital, com as seguintes divisas: começa em um marco
situado à margem esquerda da estrada que vai de Goiânia à Colônia Santa
Marta, na divisa de terras do Sr Orlando de Morais, seguindo por uma cerca de
arame, nesta divisa, até as margens do rio Meia Ponte. (EDITAL..., 23 de out. de
1953).
A propaganda acima demonstra a ocupação das margens do rio Meia Ponte naquele
ano, pois apresenta a autorização do oficial Milton Ribeiro Guimarães para o loteamento
na fazenda Água Branca, pertencente ao proprietário Sr. Elias Bufaiçal com a localização
próxima às terras do Dr. Orlando de Morais, nas margens do rio mencionado. Nas
décadas de 1950 e 1960, Goiânia vai sofrer com um aumento demográfico significativo, a
cidade que foi planejada para 50 mil habitantes, no final na década de 1940 tinha
aproximadamente este número, conforme a tabela abaixo.
Tabela 1: Taxa da variação da evolução populacional entre 1940 a 1950.
MUNICÍPIOS
1940 1950
Tx.
Variação
%
Urbana
(%)
Rural
(%)
Total
Pop.
Urbana
(%)
Rural
(%)
Aparecida de Goiânia
-
-
-
-
-
-
Goiânia
31,2
68,8
53.389,0
74,7
25,3
10,84
Goianira
21,6
78,4
1.188,0
24,6
75,4
-18,35
Nerópolis
23,4
76,6
5.739,0
31,8
58,2
20,62
Senador Canedo
-
-
-
-
-
-
Trindade
14,6
85,4
17.342,0
47,6
52,4
78,09
Total de aglomeração
77658,0
21,12
Fonte: Adaptado pelos autores de IBGE (1960).
Segundo Moysés (2004), esse crescimento populacional está ligado ao processo
migratório, principalmente de famílias da região norte do país e também do estado, além
da influência da construção da capital federal que ocasionou o deslocamento de muitas
pessoas para Goiânia.
De 1951 a 1979, foi o período que pode ser denominado
do sonho ao
pesadelo
e que se subdivide em dois momentos: até o final dos anos 1950,
quando os gestores da cidade abandonaram o seu plano original e o poder
público perdeu o controle sobre o parcelamento do solo, ficando o desenho
urbano por conta da iniciativa privada; dos anos de 1960 até o final dos anos de
1970, quando se consolidou definitivamente esse processo de urbanização,
instaurado no descontrole sobre o processo de ocupação do período anterior,
apesar das tentativas de se promover o crescimento planejado da cidade.
(MOYSÉS, 2004, p. 21-22).
Assim, a partir desse período o rio Meia Ponte sofre mais com a degradação
devido ao aumento populacional, com sua poluição, o assoreamento, o desmatamento e
principalmente com a falta de políticas públicas voltadas para sua proteção. Neste caso,
faltou ao município de Goiânia e também ao Estado ações, metas e planos que poderiam
proteger ou recuperar o rio Meia Ponte de forma direta. De fato, o que houve foram
intervenções que não surtiram efeitos esperados, como a instalação de Estações de
Tratamento de Esgoto (ETE) no decorrer do percurso do rio no espaço da capital.
A utilização do rio tanto no que foi sugerido nos primeiros projetos urbanísticos
da cidade, quanto relativo ao processo de crescimento da mesma é o resultado dos usos
e ocupações irregulares na relação do goianiense com o Meia Ponte. Partindo desses
lugares próximos ao rio e da experiência dos moradores com eles, este importante corpo
d’água pode ter sua imagem ressignificada, criando assim uma configuração diferente do
que é apresentada atualmente. Deste modo, tanto as imagens jornalísticas quantos as
pesquisas científicas contribuem para o entendimento dos elementos que afetaram a
relação harmônica entre cidade e natureza, entre Goiânia e o rio Meia Ponte, uma vez
que este recurso drico apareceu entre os sete mais poluídos do Brasil
18
em 2012.
Segundo Sakai (2015), essa compreensão determina a condição de espaço residual do rio
Meia Ponte, um espaço sem significados que, tendo sido objeto de um planejamento
preocupado com seu futuro e em vista de sua importância histórica para a construção da
cidade, revela a aparência concretizada nos sentidos coletivos reproduzidos do que
realmente o rio representa atualmente.
Figura 3: Usos da água suja do Meia Ponte.
18
Afirmação feita pelo secretário de Estado das Cidades e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Meia Ponte, Igor Montenegro, em 2012, para o jornal da Universidade Federal de Goiás (VEIGA, 2012).
Fonte: Diário da Manhã, 1987, apud: SAKAI (2015, p. 87).
Figura 4: Esgoto doméstico lançado no rio Meia Ponte
Fonte: RIBEIRO, 2021. (grifado).
Figura 5: Rio Meia Ponte na região norte de Goiânia.
Fonte: CAMINHOS..., 7 de out. de 2017.
Assim, em referência ao rio Meia Ponte, o que resta no âmbito urbano em alusão à
construção da capital, seguindo dados do site oficial da prefeitura de Goiânia, são as
pequenas reservas verdes nas margens do rio. Essas reservas escassas não representam
muito para a sua sobrevivência, sendo extremamente importante a efetivação de
projetos de recuperação
19
do rio como forma de aproximar ou promover uma melhor
interação entre os goianienses e o Meia Ponte, em uma relação harmoniosa de lazer e
saúde.
Conclusão
19
Segundo relatório da Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Meia Ponte realizado em 2018, o ideal seria um
plano que incluísse a recuperação e preservação ambiental, reflorestamento, tratamento de água e esgoto
eficiente e a inclusão do rio como ambiente paisagístico da cidade.
Os debates em relação ao meio ambiente se intensificaram em todas as áreas do
conhecimento nas décadas de 1960 e 1970 e, assim, a História também passou a
participar dessas discussões. Os questionamentos políticos, econômicos e sociais
repercutiram, fazendo com que a História levantasse novos problemas, abordasse novos
objetos, passando a utilizar novas fontes de pesquisa. Assim, o que se discutia não eram
as Ciências Humanas ou a História, mas sim as relações e interações do homem com o
meio ambiente, propiciando novos olhares ao tema por um viés interdisciplinar,
investigando o papel e o lugar na natureza na vida humana, o que muito tem contribuído
para o planejamento e desenvolvimento das cidades. Desse modo, esta análise buscou
compreender o encontro/desencontro entre um elemento da natureza, o rio Meia Ponte
e a ação humana organizada, a cidade de Goiânia.
Em larga medida, este discurso se refere à relação entre a cidade e a natureza
como expressão da narrativa da modernidade, tendo em vista que os centros urbanos se
estabelecem em conflito com o ambiente anterior a urbanização, que consequentemente
sofre alteração em sua paisagem. A mesma modernidade que traz prejuízos à natureza
propõe a preservação munida de um discurso oficial de sustentabilidade, pois percebe
que a sociedade atual privilegia e clama por um tipo de desenvolvimento atrelado à
proteção do meio ambiente. Logo, uma cidade sustentável é projetada considerando os
impactos socioambientais, pensando em um modelo e dinâmica de desenvolvimento,
além dos padrões de consumo, respeitando e cuidando dos recursos naturais e das
gerações futuras.
Todavia, de se perceber que muitos discursos e promessas sobre a
recuperação dos cursos d’água nos espaços urbanos consideram prioritariamente os
grandes rios, e o poder público tem mostrado mais interesse em incluí-los em projetos de
reintegração à paisagem urbana. Neste cenário, infelizmente, os pequenos rios urbanos e
seus mananciais correm sérios riscos devido à falta de empenho por parte das
autoridades responsáveis, uma triste realidade, pois estes estão sendo transformados em
lugares de despejos de dejetos, esgoto a céu aberto e prejuízos à saúde humana. Projetos
voltados para a preservação de rios, como o caso do rio Meia Ponte em Goiânia,
apresentam dificuldades em conseguir apoio social e político para a manutenção de sua
sobrevivência, muito embora esse curso d’água represente historicamente um símbolo
importante para a formação da capital.
No projeto dos urbanistas Attílio Corrêa Lima e Armando de Godoy ficou evidente
a preocupação com a inclusão do rio Meia Ponte no ambiente social, para que a
população goianiense pudesse usufruir do mesmo. A edificação, por exemplo, da Usina
Jaó mostra a importância do rio, pois com o represamento para a construção da usina
construiu-se um clube recreativo, que embora seu uso tenha sido restrito às classes
sociais mais abastadas, visava essa aproximação entre os moradores com o rio. Porém,
muito pouco do que foi pensado e planejado para o rio Meia Ponte foi colocado em
prática, pois as décadas que se seguiram ao processo de crescimento desordenado com a
ocupação através de loteamentos legais e clandestinos, aliado à falta de infraestrutura
para o tratamento do esgotamento sanitário provocaram a degradação e poluição do rio,
como o que é visto atualmente.
A cidade cresceu e com o seu crescimento o rio foi deixado de lado. Mesmo
ganhando prêmio como o de cidade mais arborizada do país no ano de 2010, segundo o
Censo Demográfico realizado pelo IBGE no mesmo ano, pode-se dizer que Goiânia se
afastou do rio. Projetos que debatem a arborização, a sustentabilidade, não incluíram e
não incluem o Meia Ponte. Mesmo considerando o seu importante papel para a fundação
da capital e apresentar importantes elementos históricos, seu significado reduziu-se a
um espaço residual, sem importância para a população goianiense, como se tivesse se
transformado em uma paisagem invisível. Este é lembrado por ocasião dos problemas
como o mau cheiro, da escassez de água ou das enchentes.
Assim, o que se buscou nesta análise foi mostrar que, embora o rio Meia Ponte
esteja muito poluído e em franco estado de degradação, ele continua sendo um lugar de
memória como o rio das pescarias e do lazer, como relataram os pioneiros da cidade de
Goiânia. O rio é uma referência de lugar e de espaço que faz parte da identidade de um
povo, mas no caso do Meia Ponte, ao mesmo tempo em que se torna, de certo modo,
“invisível” aos olhos dos goianienses, ele continua afirmando a sua importância para a
capital do estado, principalmente como fonte de abastecimento.
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