obteve 67,8% dos votos na cidade. Este aumento do percentual de votos de entre 1954 e
1958, bem como os altos índices de audiência e intenção de votos em Brizola, podem ser
percebidos também na maioria das outras cidades pesquisadas, como Santa Maria, Bagé,
Rio Grande e Pelotas. Dessa forma, o rádio pode ser compreendido como uma
importante ferramenta para a captação de votos, tanto em localidades em que o PTB
possuía historicamente um baixo desempenho eleitoral, como a região colonial – soma-
se aqui a aliança com o PRP, já citada –, como também em cidades onde o partido era
hegemônico – Porto Alegre, Rio Grande, Bagé, Pelotas –, vide os resultados de 1954, nas
quais Brizola não apenas manteve, mas foi capaz de ampliar o percentual de votos na
comparação com o pleito anterior.
Indo ao encontro dos relatos do Diretório Dr. João Goulart, da entrevista de
Brizola e também da pesquisa de opinião e resultados eleitorais acima expostos, o
comentarista político Armando Fay Azevedo (1960, p. 259-260), em sua análise acerca
das eleições de 1958 publicada na
Revista Brasileira de Estudos Políticos
, afirma que o
rádio constituiu-se como peça-chave para a construção da popularidade do candidato
trabalhista, bem como para aquilo que classifica como “Fenômeno Brizola”, referindo-se
à expressiva vitória obtida pelo mesmo na disputa governamental. Conforme Azevedo,
Brizola soube, de forma incansável, madrugar através de uma extensa fala radiofônica,
semanalmente, durante anos, “[...] usando de uma linguagem tosca, de sofredor,
injustiçado, perseguido pelos poderosos, na sua sempre apregoada luta em defesa dos
desprotegidos da fortuna [...]”, remetendo todo o tempo às suas origens de homem do
povo. Com isso, passou a ser, todas as sextas-feiras, como “uma das pessoas da casa”
em inúmeros lares do Rio Grande do Sul.
Tal como dito por Azevedo (1960) acerca do rádio, a questão da linguagem
utilizada por Brizola aparece também em uma entrevista de Guido Mondin ao
Diário de
Notícias
, em sua edição do dia 07/10/1958, na qual analisou os fatores da vitória da chapa
PTB-PRP-PSP.
Identificação dos candidatos com o povo, contatos pessoais e, principalmente,
debate amplo e saudável, de princípios, de problemas e de soluções para esses.
Em nossos comícios (1506), deixamos o povo a vontade. Nunca criamos nos
comícios da coligação PTB-PRP-PSP um clima de tensão. As nossas reuniões a
céu aberto eram verdadeiras festas cívicas. Nelas, muitas e muitas vezes
deixamos o povo falar. [...] Mas acima de tudo [...] o que realmente deu a vitória
à nossa causa foi o candidato Leonel Brizola. A sua maneira franca, objetiva,
simples de falar, de abordar problemas e – o que é mais importante – de
apontar soluções para os mesmos [...] (DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 1958, p. 1).
Presente tanto nas suas falas no rádio quanto em comícios e no “corpo-a-corpo”
com o eleitorado, o “fator linguagem” materializou-se também na propaganda de Brizola