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PRADO, Gustavo dos Santos*
https://orcid.org/0000-0002-9710-6455?
RESUMO: O artigo procura investigar as
interpretações que os punks tiveram da cidade
de São Paulo, ao longo da década de 1980. Para
tanto, o trabalho analisará os seguintes
impressos que circularam no movimento
underground da cidade: Falange Anarquista
(1987), Violência Gratuita (1988, 1989), Aos
Berros (1986), Sp Punk (1982), Chantagem
Ocasional (1987) e Ex (s.d). Os temas
recortados nesses impressos foram a
violência, transporte urbano, custo de vida,
participação política e meio ambiente.
Metodologicamente a pesquisa propõe uma
análise dos fanzines através das reflexões de
Cruz e Peixoto (2007). As imagens foram
problematizadas seguindo as propostas de Didi
Huberman (2010). Espera-se que ao final, o
artigo consiga trazer uma interpretação das
tensões vividas pelos punks na cidade de São
Paulo.
PALAVRAS-CHAVE: Punks; fanzines; São
Paulo.
ABSTRACT: The article aims to investigate the
interpretations that punks had of the city of
São Paulo, throughout the 1980s. To this end,
the study will analyze the following forms that
circulated within the underground movement
of the city, namely: Falange Anarquista (1987),
Violência Gratuita (1988, 1989), Aos Berros
(1986), Sp Punk (1982), Occasional Blackmail
(1987) and Ex (s.d). These forms encompassed
themes such as violence, urban transport, cost
of living, political participation, and the
environment. Methodologically, the research
proposes an analysis of fanzines through the
reflections of Cruz and Peixoto (2007). The
images within the fanzines were critically
examined following the proposals put forth by
Didi-Huberman (2010). Ultimately, this article
aims to provide na interpretation of the
tensions experienced by punks in the city of
São Paulo.
KEYWORDS: fanzines; punks; São Paulo.
Recebido em: 19/02/2023
Aprovado em: 22/04/2023
Introdução
Os fanzines foram grandes manifestações culturais da segunda metade do século
XX. Trata-se de um tipo de impresso que permitia a circulação de várias ideias para um
determinado reduto de fãs (GUIMARÃES, 2005, p. 36-55). Ray Palmer criou o primeiro
* Graduado em História pela Universidade Estadual Paulista, Assis SP, mestre e doutor em História social
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o Paulo. Professor do Centro Universitário da
Fundação Assis Gurgacz, Cascavel Paraná. E-mail: gspgustavo.historia@hotmail.com.
Este é um artigo de acesso livre distribuído sob licença dos termos da Creative Commons Attribution License.
fanzine chamado The Comet, em 1930. Henrique Magalhães (2004, p. 11) defende que a
palavra fanzine, como sinônimo de “magazine de fã”, tenha sido usada pela primeira vez
em 1941 por Russ Chauvenet, nos Estados Unidos.
Edson Rontani criou o Ficção, primeiro fanzine produzido no Brasil, em 1965.
Independente e amador, o fanzine era produzido por um único editor, que contava com
uma rede de colaboradores formada por fãs ou admiradores de um determinado assunto
ou tema: música, artes, filosofia, quadrinhos. Pelo fato de os editores não sobreviverem
da difícil atividade de produzir um fanzine, historicamente os impressos apresentaram
produções irregulares e efêmeras (MAGALHÃES, 2004, p. 45).
Mark Perry, bancário norte-americano de 19 anos, editou o primeiro fanzine punk
chamado Sniffing Glue após assistir a um show dos Ramones. Ele estimulava outros
jovens punks a produzir os seus próprios impressos, seguindo à máxima punk conhecida
como Do it your self (faça você mesmo). Em São Paulo, os primeiros impressos surgiram
em 1982, com o Factor Zero, MD e SP Punk. (PRADO, 2019, p. 30).
O momento era difícil para o mercado underground. O punk havia caído em
estado de descrédito por conta de sua incorporação massiva no mercado de bens
culturais. Ganhou relevo a figura do empresário Malcolm Maclaren, que tinha percebido
que a proposta artística punk canalizada pelos Sex Pistols e seu discurso anarquista
soariam bem nos ouvidos de jovens britânicos que haviam sido colocados na
marginalização social por conta do Choque Mundial do Petróleo de 1973 e o
neoliberalismo agressivo de Margaret Thatcher (PRADO, 2017, p. 34-35).
Os fanzines de São Paulo surgiram trazendo à reflexão a proposta hardcore
(miolo duro), vinda dos Estados Unidos e Reino Unido e que tinha uma pauta mais
politizada e radical. Flyers e os próprios fanzines apareceram como possibilidades reais
para circular as ideias dentro do mercado underground (GALLO, 2015). O hardcore
forma uma “paisagem sonora” (SHAFER, 2011) que tinha tempos acelerados, canções
curtas, interpretação agressiva, vocais estridentes, notas pesadas e abria espaço para
revoltas individuais e coletivas (OLIVEIRA, 2001, p. 134).
Uma boa parte dos fanzines punks produzidos na década de 1980 tinham uma
estética agressiva, caótica e poluída (PRADO, 2014). Os impressos foram produtos
diretos da “cultura gráfica” (CHARTIER, 2007) daquele momento. Os punks
representavam uma estética rude na sociedade, seja na dança (mosh pit), na linguagem
(repleta de palavrões), no vestuário (jaquetas, botas operárias e botons) e na total
negação ao capitalismo e ao Estado, oriunda da influência da cultura anarquista. Tais
ideias e práticas circulavam pelo cotidiano dos punks, que as representavam no papel
através da estética da colagem.
É claro que a divulgação de bandas, shows e outros fanzines tinha importância
para os editores punks. Em 1982, o Factor Zero, o MD e o SP Punk apareceram para
divulgar o show de lançamento do LP “Grito Suburbano”, que reuniu bandas importantes
à frente da Estação Santana, em São Paulo, a exemplo do Olho Seco, Inocentes e Cólera.
Imagem 1. Folder de divulgação do show de lançamento do LP Grito Suburbano. SP
Punk. São Paulo, 1982.
Fonte: Arquivo Movimento Punk (CEDIC.PUC/SP)
1
No entanto, para além de bandas e músicas, os editores punks colocaram em
discussão no interior dos seus impressos um retrato complexo do cotidiano da
metrópole de São Paulo. Integrantes de bandas e editores de fanzines punks surgiram no
fim da década de 1970 e início dos anos de 1980, período marcado pela crise do “milagre
econômico” que levou à sepultura a Ditadura Civil-Militar (DREIFUSS, 1981).
Metodologicamente, a análise dos fanzines é uma tarefa árdua; muitos não
registram nomes de editores, cidade ou mesmo ano de publicação. São raros os
impressos que possuem uma mínima organização: predominam a falta de colunas, frisos
e subtítulos, afinal, sua organização caótica tem os seus motivos. A efemeridade dos
números, a baixíssima tiragem e a linguagem rebuscada criaram enormes desafios
(PRADO, 2019)
1
O Centro de Documentação e Informação Científica, vinculado à Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, detém um arquivo chamado “Movimento Punk”, onde o pesquisador realizou a coleta documental. A
pesquisa no arquivo resultou na digitalização de 100 impressos. O pesquisador teve contato com mais de
500 fanzines, coletivos anarquistas e outros documentos que foram doados por Antônio Carlos de Oliveira
à Instituição.
A proposta de análise de impressos de Cruz e Peixoto (2007) permitiu ao
pesquisador catalogar o projeto gráfico, produção e distribuição, circulação, proprietário
(nome do editor), assuntos, músicas, bandas, shows e fitas/LPS/compactos. Tendo em
mente a difícil transição da democracia e a péssima gestão econômica de JoSarney,
que deteriorou ainda mais a condição de vida nas periferias das grandes cidades
brasileiras (PRADO, 2017), o pesquisador encontrou nos fanzines de São Paulo cinco
temas que discutem à metrópole: a violência policial, o custo de vida, as eleições
municipais, o transporte público e o meio ambiente insalubre. O artigo segue
problematizando o importante papel que os fanzines tiveram para que os editores
refletissem sobre o seu próprio cotidiano na cidade de São Paulo.
Punks x São Paulo: As representações da cidade presentes nos fanzines (década de
1980)
O rock, desde a sua gênese, deixou uma marca profunda no ambiente urbano.
Usou do espírito de contestação da década de 1960 e criou um clima cultural que
permitiu uma discussão fecunda de vários dilemas e conflitos pelos quais passaram a
juventude, que para além da simples idade, tornou-se uma “estética da vida cotidiana”
(SARLO, 2006, p. 36).
Bandas de garagem passaram a criar e ressignificar suas próprias identidades,
jogando com os nomes, assim como ocorreu com estilos visuais e sonoros, “num
malabarismo de criatividade orientado para o prazer e o arranjo musical” (PAIS, 2006, p.
32). Para além dos nomes das bandas, os títulos dados aos fanzines pelos editores
revelariam traços de um cotidiano sofrível em uma cidade amalgamada pela segregação
econômica: Aborto Imediato para renascer um novo espermatozoide, Agonia, Ato Punk,
Vítimas do Sistema, Alerta Punk, Incivilizado, Nervoso Exposto, Os explorados,
Violência Gratuita, Descarga Suburbana, Lixo Cultural...
Imagem 2. Falange Anarquista. São Paulo,
1987
Imagem 3. Violência Gratuita. São Paulo,
1988.
Fonte: Arquivo Movimento Punk Fonte: Arquivo Movimento Punk
(CEDIC.PUC/SP) (CEDIC.PUC/SP)
Dialogando com a linguagem dos quadrinhos, típica do universo do jovem, o
Falange Anarquista explorou uma temática cara aos punks, que seria a violência policial.
O tema é corriqueiro nos fanzines de São Paulo, sendo encontrado em todos os
impressos feitos por punks da cidade. A Polícia Militar manteve sua conduta repressiva
durante e após a abertura democrática. Mesmo com a proposta de “distensão lenta,
gradual e segura” e a promessa de abrandamento da Ditadura Civil Militar, o final do
mandato de Ernesto Geisel e o início da trajetória de João Figueiredo foram marcados
por inúmeros atritos entre a população e as forças de repressão, que insistiam na
manutenção da conduta coercitiva, inclusive desrespeitando ordens vindas do centro do
governo militar (GASPARI, 2003).
Analisando a imagem em movimento, no qual Didi-Huberman, concordando com
Walter Benjamin insinua que a prática analítica da imagem revelaria um turbilhão de
possibilidades que “nos obriga a escrever esse olhar” (2010, p. 172), nota-se que o punk
representado foi abordado por um policial com a arma engatilhada como se fosse um
bandido. Daí então o “PM” perguntou: “Aí, marginal, quem é o seu inimigo?”. Por seu
turno, o punk, rendido, diz: “É todo aquele que tenta me tirar a liberdade”.
Forças policiais e a própria mídia da época gostavam de reproduzir a face violenta
dos punks, que, de fato, tinham inúmeros problemas por conta das intrigas internas, que
foram inclusive discutidas no interior dos fanzines (PRADO, 2019). No entanto, o
desenho exposto ajuda a entender a forma com que o próprio Estado agia com os punks.
A face agressiva e violenta do policial (ver a boca mostrando dentes cerrados de
forma rude e o olhar frio) tornou-se um espelho da própria conduta da Polícia Militar
durante a década de 1980: mesmo em tempos de abertura política, as forças de repressão
insistiram na ideia de tratamento coercitivo, alegando que seriam os “guardiães da
democracia” e usando excessivamente do poder (ZAZERUSCHA, 2021. Apud: CASTRO,
Celso; D´ÁRAÚJO, 2001, p. 12) A Violência Gratuita externou de forma satírica como era
truculenta a ação do Estado: “Venham com a gente, os PMS humilham, batem e matam”.
Imagem 4. Aos Berros. São Paulo, 1986.
Fonte: Arquivo Movimento Punk (CEDIC.PUC/SP)
A Polícia Militar do Estado de São Paulo seguiu à risca a cartilha encomendada
pela Nova República, que delegava à PM o direito de tutelar as relações entre Estado e
sociedade civil, resultando em um ciclo de violências e excessos que ainda continuam
rotineiramente cristalinos com populações que vivem nos extremos da cidade de São
Paulo.
O editor de Aos Berros trouxe uma representação da força e violência da Polícia
Militar, que estaria obedecendo às ordens de repressão do governador do Estado de São
Paulo. Provavelmente, o fragmento foi retirado de uma charge da grande mídia, haja vista
que é incomum nos fanzines concederem créditos aos materiais que serviram de base
para a estruturação do impresso.
Policiais da Rota foram representados grandes, fortes e obedientes às ordens do
mandatário (vide como o desenho coloca os policiais com o rosto cheio de sorrisos e
feições alegres). Entre as décadas de 1970 e 1990, houve um aumento exponencial da
violência, e, com o processo de redemocratização, surgiram vários estudos preocupados
com a ação violenta das polícias, que se acostumaram durante a Ditadura Civil-Militar a
realizar operações de rondas em que eram feitas detenções e “revistas” de forma
discriminatória e ilegais, criando um clima de vigilância, visando coibir manifestações
populares (NEME, 1999, p.31). No caso da Rota, criada nos anos de 1970, ela ficou
conhecida por sua ação violenta repleta de ilegalidades, seja forjando cenas de crimes ou
até mesmo promovendo assassinatos em massa, escondendo marcas nos corpos e
fazendo desaparecer testemunhas (FISH, 2016).
Como a cidade é palco da história, sua territorialidade sempre é construída por
múltiplas experiências individuais e coletivas que desnudam as suas próprias
contradições (MATOS, 2002, p. 34-35). Fanzines punks trouxeram a cidade de São Paulo
repleta de violência, afinal, é conhecida a trajetória brasileira que tem a tendência de
associar a pobreza à criminalidade, principalmente em áreas periféricas. Os jovens punks
viviam nas periferias da cidade nas zonas norte, oeste, leste e sul e usavam escolas e
associações de moradores como locais de encontro (OLIVEIRA, 2007, p. 27).
Bandas importantes como Restos de Nada, AI-5, lera e Condutores de Cadáver
começaram a surgir a partir da socialização de estudantes da Escola Estadual Tarcísio
Álvares Lobo, na Zona Norte da cidade (TEIXEIRA, 2007, p. 78-79). Ali, iniciaram suas
experiências juvenis, seguindo a cartilha da cultura punk, que serviu para eles refletirem
o duro cotidiano que foi vivido naquela conjuntura histórica.
Além da trabalhada violência policial, outro tema comum nos fanzines de São
Paulo foi o preço das passagens de ônibus. Este apareceu como algo oneroso, ainda mais
para jovens que viviam na periferia da cidade e que dependiam do transporte coletivo
para se locomover pela urbe:
O transporte coletivo pelo jeito agora é coisa para rico, porque nós
trabalhadores assalariados não podemos pagar o absurdo em que se
transformou o preço da tarifa. Está certo que precisamos de mais ônibus, pois
não aguentamos mais coletivos que estão caindo aos pedaços, mas o nio
Quadros tem que entender que estamos passando por tempos difíceis e não
iremos passar necessidades para pagar os ônibus que ele está comprando (ou
está reformando e pintando de vermelho). Nossa luta é justa pois não
podemos pagar, continuaremos pegando o coletivo e descendo por trás
(FALANGE ANARQUISTA, São Paulo, 1987, s.p.).
O fanzine funciona como uma espécie de dia radical, termo bem delineado por
John Downing (2002). Nessa interpretação, o fanzine expandiria as informações e as
reflexões para além do discurso convencional, fora que “frequentemente tenta ser mais
sensível do que a mídia convencional às vozes e aspirações dos excluídos” (p. 81).
Nota-se que o Falange Anarquista retrata o reclame dos punks contra o aumento
das tarifas de ônibus em uma cidade que, historicamente, adotou o perfil individualista,
que priorizou carros em detrimento de políticas públicas que efetivassem a
implementação de um sistema de transporte que fosse rápido, coletivo e mais acessível
(SILVA, 2014, p. 8).
Tal modelo foi preconizado por Prestes Maia, que na sua segunda gestão (1961-
1965), optou pelo modelo rodoviário, canalizou vários rios, construiu largas avenidas
(Marginais, Aricanduva e do Estado), resultando em uma explosão de áreas periféricas
com claro objetivo: negar aos mais pobres e segregados o direito à cidade (ROLINK,
2009, p. 31-36).
A fonte ainda externa a revolta contra os ônibus que estavam sendo “pintados de
vermelho”. Jânio Quadros, prefeito de São Paulo, sem consultar o povo, implementou no
centro linhas que tinham ônibus vermelhos, o “Fofão”, de dois andares, similar àqueles
que existiam em Londres. Tal medida, que não foi acompanhada de nenhuma consulta
popular, veio acompanhada de uma baixíssima aprovação, pois, obviamente, não
resolveu o problema do transporte coletivo (SILVA, 2014, p. 8).
O desenvolvimento urbano capitalista previu uma expansão das cidades,
aumentando a segregação urbana (visível no Falange Anarquista), o ritmo de trabalho, o
aumento nas distâncias e nos tempos da viagem, acirrando os conflitos sociais e
trazendo o transporte para a arena do debate político (VANCOSCELOS, 1999, p. 60).
Em São Paulo, bairros operários foram surgindo no início do século XX,
estimulados pelas indústrias xtil e alimentícia, financiadas pela elite cafeeira. Lapa,
Bom Retiro, Brás, Pari, Belém, Mooca, Ipiranga, Santo André, São Bernardo, São Caetano
e Osasco foram recebendo grandes contingentes populacionais (MATOS, 2015. Apud:
LEENHARDT, 2015, p. 38-64).
Por seu turno, o centro e o sudoeste (Bela Vista, Bom Retiro, Liberdade,
República, Sé, Santa Cecília, Campos Elíseos, Higienópolis, Jardins e Paulista) contaram
com um bom planejamento urbano, que teve a participação de Joseh-Antoine Bouvard.
No Centro, houve a instalação de transporte, redes de telefonia, energia, arborização,
espaços para o lazer (Theatro Municipal) e a construção de largas avenidas,
resplandecendo uma forma de planejamento similar ao europeu para melhorar a vida da
elite paulistana (SEGAWA, 2004, p. 55-96).
São Paulo traz em sua trajetória uma negação da cidade aos pobres, uma vez que
a urbe é marcada pelo segregacionismo e a “concentração de poder” (ROLNIK, 1997, p.
14). Os fanzines traziam uma discussão dos jovens punks com relação ao “direito à
cidade” (CARLOS, 2006, p. 75), que historicamente adotou excludentes espacial e
urbano.
Imagem 5: Falange Anarquista. São Paulo, 1987.
Fonte: Arquivo Movimento Punk (CEDIC.PUC/SP)
Há, em vários impressos, um movimento estimulando os punks a pular as
catracas: “Pagamos caro demais para pegarmos ônibus malconservados e lotados”
(FALANGE ANARQUISTA, São Paulo, 1986, s.p.). O documento usa de uma charge
oriunda de um jornal de grande circulação, que coloca Jânio num frasco de álcool, para
defender que o prefeito era um político atrasado, arcaico e que não teria condições de
resolver os problemas da cidade. Os fanzines punks eram um tipo de mídia que permitia
um debate mais plural da cidade, trazendo à tona reivindicações legítimas que visavam
melhorar as condições de vida de jovens que viviam na periferia das cidades e que
dependiam do transporte público para o trabalho, o estudo e o lazer.
Vários fanzines retratam o atrito dos punks com o ex-deputado estadual Afanásio
Jazadgi, do Partido Democrático Social (PDS), que surgiu após o fim da Arena, partido
que alocou em seus quadros membros da Ditadura Civil Militar durante o tempo que
vigorou o bipartidarismo. O jornalista era conhecido por suas opiniões polêmicas em um
programa na Rádio Capital, líder de audiência na segunda metade da década de 1980
(MORGADO, 2005, p. 76).
Ouvido por mais de um milhão de pessoas, Afanásio ficou conhecido por opinar
sobre crimes com discursos contrários aos direitos humanos: “Rota mata ladrão de
linguiça! Bem feito, ladrão tem que morrer”; ou “Rota mata bandidão no Jaraguá! A cidade
fica livre de mais um assaltante!... mais um que vai para o inferno” (BARCELLOS, 1992, p.
148-162. Apud Morgado, 2005, p. 2).
Imagem 6. Violência Gratuita. São Paulo, 1988.
Fonte: Arquivo Movimento Punk (CEDIC.PUC/SP)
O impresso punk coloca que Mauro (Garotos Podres), Rédson (Cólera), João
Carlos (Não Religião) e Jacal (Ataque Frontal) fizeram perguntas ao pré-candidato das
eleições municipais de 1988, que foi vencida por Luiza Erundina, do Partido dos
Trabalhadores. Afanásio teria dito que “quebraria a cara” dos jovens. Para além do clima
de tensão no estúdio, que segundo o Violência Gratuita (São Paulo, 1986, s.p.), “estava
repleto de funcionários da emissora prontos para intervir se o episódio descambasse em
briga”, o gesto do político polemista era alimentado pela própria cultura de
criminalização dos punks, que eram constantemente rotulados pela mídia impressa e
televisiva como violentos, num intenso processo de “coisificação” (CHAUÍ, 1980) dos
partícipes do movimento punk.
Dificilmente levava-se em conta o cenário de miséria e exclusão vivida pelos
punks, tampouco se procurava entender que a própria cultura identitária dos jovens
poderia resultar em práticas violentas, pois as rupturas “redundam em graves conflitos
com os pais, professores, policiais e, muitas vezes, geram posturas de violência
descontrolada e sem direção” (ABRAMO, 1994, p. 34). Afanásio Jazadgi alimentou em
seu discurso a visão distorcida da realidade de jovens punks, alimentado por sua
interpretação avessa a direitos sociais e à preservação da dignidade da pessoa humana,
tradição que infelizmente ainda se mantém viva em vários tipos de programas
policialescos.
O fanzine SP Punk (1982), bem editorado, trouxe uma matéria “A geração
abandonada”, do Estado de São Paulo, que representa as visões que a imprensa da cidade
tinha dos jovens punks que circulavam pela metrópole.
Vamos falar deles também, a seu tempo: dos punk seupultura, dos punk-de-
vômito, dos punk-moicanos, dos punks-do-terror, dos punk-satã, alguns dos
quais se organizavam em gangs de até 600 jovens, homens e mulheres,
pálidos e que andam sempre armados. Com correntes, estiletes, facas,
canivetes, machados, às vezes, até revólveres. Discípulos de Satã, ídolo que
veneram, eles não vêm muita diferença entre Deus e o Diabo, entre Marx,
Kenedy ou Hitler, entre Bem e Mal. Eles gostam de bater, só isso. (...) Avessos à
política, sujos, segregacionistas, eles cantavam as canções do meteórico
conjunto musical Sex Pistols, repetindo que a sociedade está podre, e se
ninguém nem eles pode salvá-la, o negócio é destruir de uma vez (1982, s.p.)
O jornalista Luis Fernando Emediato assinou a matéria. Ele desqualifica por
completo a ação do movimento punk, reduzindo-o à violência e à carência ideológica.
Além disso, insinua que os jovens punks tinham como único objetivo “bater”, sem pensar
em absolutamente mais nada. O argumento do articulista de carência ideológica dos
punks não se mostrou crível no trato com os fanzines punks, que muitos deles
dialogavam com vários ideais de autores anarquistas. Outro ponto que merece destaque
do fragmento é o de que os punks autossegregavam-se, quando, na verdade, eles viviam
em locais segregados, ainda mais em uma cidade que ao longo do século XX foi planejada
para expurgar a convivência dos mais pobres das áreas centrais.
O SP Punk (1982) alega que o Luiz Fernando Emediato não conhecia o movimento
punk, e que sua opinião estaria eivada de simplismos, de alguém que o conhecia com
profundidade os integrantes do movimento, seus sonhos, suas trajetórias e dificuldades.
O jornalista, de fato, mostrou incômodo com as práticas sociais dos punks de São Paulo,
que para além da simples violência, usaram da música e dos fanzines para discutirem
estratégias de sobrevivência em um ambiente urbano hostil a eles.
Imagem 7. Violência Gratuita. São Paulo, 1989.
Fonte: Arquivo Movimento Punk (CEDIC.PUC/SP)
Em um contexto de espiral inflacionária, José Sarney e sua equipe econômica, ao
anunciarem o Plano Cruzado, passaram a defender medidas como a elevação da taxa de
juros, austeridade fiscal, congelamento de preços e salários. Mesmo com o êxito inicial,
movido pela diminuição das taxas de juros internacionais e pela queda do preço do
petróleo, setores à esquerda da política como o Partido dos Trabalhadores, a Central
Única dos Trabalhadores e o Partido Democrático Trabalhista alegavam que o plano
havia deteriorado ainda mais a condição de vida da população mais pobre, favorecendo a
vida dos banqueiros e rentistas e criando um clima de descrédito que estimulava as
greves (ALMEIDA, 2011, p. 68-74).
O quadrinho que foi colado ao fanzine Violência Gratuita representa um problema
crônico do Brasil na década de 1980: o custo de vida. São Paulo trazia, naquela
conjuntura, o custo de vida mais caro do país, especialmente nos gastos com
alimentação (FORATTINI, 1991, s.p.) problema retratado no impresso. Assistiu-se, ao
fim da cada de 1980, a um aumento da população pobre, bem como a um aumento da
desigualdade social, pois políticas econômicas que tentaram estimular o crescimento
econômico (Cruzado II, Bresser e Verão) não surtiram efeito, ampliando ainda mais a
carestia e a desigualdade.
Com o salário corroído pela inflação, não causa estranhamento os fanzines punks
trazerem à baila, com insistência, o precário quadro social que existia na cidade de São
Paulo, que ficou ainda pior levando-se em conta que o Brasil, até aquele momento, não
havia atacado com políticas públicas a mácula da exclusão social, ou, quando muito, feito
um processo de inclusão limitada, “pelos quais o acesso ao emprego, renda e benefícios
do desenvolvimento econômico fica restrito a determinados seguimentos da sociedade
(SCHWARTZMAN, 2004, p. 31-32).
Para além da violência, da miséria e da exclusão social presentes nos impressos
punks, que representam visões de uma parcela do movimento sobre a cidade, nota-se
uma grande preocupação dos fanzines com os problemas ambientais nesta. De modo
geral, a temática foi um dos pilares da contracultura e do próprio rock and roll. O
Festival de Woodstock, nos Estados Unidos, e os movimentos libertários que ocorrem em
maio de 1968, na França, assumiram, em vários momentos, um discurso em prol da
defesa ambiental (REIS FILHO, et al, 2000, p. 156).
A preocupação com a ação do homem no meio ambiente tinha toda uma lógica
que não podia ser ignorada. Na segunda metade do século XX, consolidou-se a
compreensão do tempo-espaço, o que intensificou a produção destinada à destruição. Há
que se destacar o surgimento do Greenpeace, em 1972, a Conferência de Estocolmo,
também naquele ano, e o nascimento de correntes que pensariam sobre o meio
ambiente, como a ecologia política, o ecossocialismo e o ecocapitalismo (VIOLA, 1986).
Além da reflexão pelos meios de comunicação sobre as consequências
destruidoras do efeito estufa, as ilhas de calor, o desmatamento, a chuva ácida e a
poluição hidrosférica, houve uma grande comoção em torno da questão nuclear, afinal,
havia uma ameaça de aniquilamento, com americanos e soviéticos como protagonistas.
Os fanzines paulistanos debateram de forma intensa a questão ambiental, que foi
incluída no rol de lutas, manifestações e reivindicações do movimento punk.
Nesse sentido, a configuração socioespacial da urbe paulista, de certa forma,
permitiu um diálogo fértil entre punks, dada a precariedade do meio natural. Palco de um
grande processo de industrialização e urbanização ao longo do século XX, a cidade de
São Paulo possui um histórico de violações à natureza o esgoto industrial e doméstico
lançado nos rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí e a péssima qualidade do ar são as
resultantes mais visíveis.
Por seu turno, o anarquismo no fim do século XX trazia um forte discurso
fundamentalista, de “horizonte bastante pessimista” que “acreditava na construção de
uma sociedade ecologista na periferia da sociedade materialista, desconsiderando as
possibilidades de transformação global na sociedade” (VIOLA, 1977, s.p.).
Imagem 8. Chantagem Ocasional. São Paulo, 1987.
Fonte: Arquivo Movimento Punk (CEDIC.PUC/SP)
A disseminação das organizações não governamentais que defendiam a pauta
ambiental, os encontros e conferências climáticas e a mobilização de diferentes
segmentos da mídia, difundindo o tema no interior da sociedade civil organizada
(ALONSO; COSTA, 2000, p. 115), também contribuíram para que os punks difundissem
nos impressos preocupações ambientais.
São Paulo, na fonte acima, foi vista ao fundo por um punk, que a observa
atentamente com suas fábricas e chaminés exalando fumaça xica. A roupa rasgada e a
caveira desenhada na parte de trás da camisa dão a sensação de que o punk
representado vivia no fim dos tempos.
O meio ambiente urbano apareceu nocivo e destruído. Por conta da intensa
industrialização, a cidade de São Paulo foi sendo apropriada por uma lógica técnica,
científica e informacional, que resultou em vários tipos de impactos ambientais
(SANTOS, 2006, p. 159-162).
Imagem 9. Ex. São Paulo, s.d.
Fonte: Arquivo Movimento Punk (CEDIC.PUC/SP)
A cidade de São Paulo aparecia como sendo nociva à vida dos jovens punks.
Repleta de problemas ambientais, a urbe cresceu com ausência de políticas blicas que
pudessem combater de forma efetiva a poluição atmosférica (JACOBI, 2006). Refinarias
de petróleo, fábricas de celulose, ácido sulfúrico e fertilizantes despejaram no meio
ambiente paulistano uma abundância de ácido sulfúrico, que promove irritação das
mucosas e vias respiratórias, bem como contribuíram para a formação das chuvas
ácidas. Partículas em suspensão foram despejadas por fábricas de cimento e
siderúrgicas, causando uma gama de alergias e problemas pulmonares (ALMEIDA, 2004,
p. 55).
Além da poluição atmosférica, frisa-se o desmatamento, as ilhas de calor, a
inversão térmica, a poluição visual e o esgoto jogado sem qualquer tipo de tratamento
nos principais rios da cidade, o que fizeram com que o punk representado no fanzine Ex
usasse uma máscara visando à manutenção de sua própria saúde, reflexo de uma cidade
que cuidou de forma precária da questão ambiental.
Apontamentos Conclusivos
Os fanzines são uma fonte potente para a compreensão dos diferentes tipos de
realidades vividas por jovens. No caso dos fanzines punks, ficou nítido que os impressos
não tinham o objetivo de retratar somente o cenário musical, embora essa pauta
existisse e foi predominante.
As fontes indicaram uma tentativa de jovens de periferia de se articularem em
torno de uma pauta em comum: o movimento punk. Em uma cidade excludente como São
Paulo, os impressos serviram para colocar as ideias dos punks da cidade para circular,
disseminando temas e assuntos daquela conjuntura histórica.
Criando uma mídia radical por meio da estética da colagem, os fanzines punks
trouxeram à baila inúmeras contradições que foram vividas no cotidiano da década de
1980, período marcado pela transição democrática e transformações sociais, políticas e
econômicas. Ao tratar sobre a questão da violência, os impressos analisados elucubram
como o Estado agia de forma autoritária contra os jovens que residiam nas áreas
periféricas da cidade de São Paulo. Rotulados como violentos, os punks denunciaram a
face autoritária da Polícia Militar, que ainda praticava suas ações como se estivessem à
época da Ditadura Civil-Militar.
A polícia apareceu representada com desenhos que impunham grandes
proporções aos personagens, fazendo abordagens em que tratavam os punks como se
fossem marginais. Para além dos impressos analisados, o arquivo movimento punk tem
várias fontes que insinuam a violência policial, geralmente associando policiais à morte,
ao autoritarismo e à humilhação social. Um claro reflexo do legado autoritário nas forças
policiais, que tinham a tendência de considerar pessoas residentes em periferias como se
fossem bandidas ou criminosas.
Os punks também trouxeram à tona a discussão sobre a tarifa abusiva dos ônibus,
que, ao que consta, foi frequente durante a gestão municipal do então prefeito Jânio
Quadros que adotou ônibus de dois andares que, obviamente, não resolveu a questão
estrutural do problema do transporte público. Punks sentiram-se afetados, uma vez que
o transporte coletivo foi fundamental para populações de periferia, que precisavam se
deslocar pela urbe para trabalhar, estudar ou usufruir do lazer.
Ganhando uma repercussão na grande mídia, punks participaram de programas
de auditório, foram temas recorrentes de análises de jornais sobre o seu
comportamento, bem como participaram de programas de entrevistas. O episódio
narrado envolvendo o polemista deputado Afanásio Jazadgi e a briga com os punks
exortou a ideia de que os punks eram criminosos; por seu turno, os jovens colocaram o
então deputado como sendo um sujeito que tinha práticas autoritárias. Contudo, estavam
no programa discutindo os problemas da cidade, que sentiam no duro cotidiano os
efeitos da exclusão urbana.
O estigma dos punks como prática nutrida pela vontade violenta, explícita no
texto de Luis Fernando Emediato, que foi colada no Sp Punk (1982), trouxe à tona a
interpretação de uma parcela importante da elite da cidade de São Paulo, que associava
tal prática cultural à violência. Os próprios punks reconheceram no interior dos fanzines
que o maior problema deles era a violência entre os grupos. Fanzines variados trazem
esse ponto de vista.
No entanto, a análise de boa parte da mídia girava em torno da rotulagem, como
se os punks fossem desprovidos de qualquer tipo de ideal, organização ou mérito moral.
Impressos analisados neste artigo mostraram a preocupação que os punks tinham sobre
o aumento do custo de vida, com a terrível crise econômica da época e até mesmo com
questões ambientais, problemática presente na insalubre cidade de São Paulo.
Para além da música, os punks discutiram nos fanzines seus problemas que
seriam empiricamente reais. Assumiram o protagonismo, criando um mercado
urderground de circulação dos impressos. A efemeridade, a dificuldade de encontrar os
nomes dos editores, a minúscula tiragem e a dificuldade de produzir um fanzine em plena
crise econômica não retirou o mérito de esses jovens discutirem, no interior do
movimento, qual seria o futuro deles e da própria cidade de São Paulo, que, infelizmente,
continua distante de conceder a jovens periféricos uma vida mais digna, respeitando
direitos civis e sociais.
Os temas discutidos pelos punks são insistentemente atuais. Isso representa
como a cidade de São Paulo ainda mantém, em sua estrutura, a ausência de políticas
públicas voltadas para a população mais jovem e periférica. O rap, o hip-hop e o próprio
punk seguem na luta pelo direito do jovem à cidade, sendo os fanzines que permitiram a
popularização de uma pauta que visaria a um ideal mais democrático e inclusivo da
cidade de São Paulo.
Arquivo
Centro de Documentação e Informação Científica. Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. “Arquivo Movimento Punk”, São Paulo, Cx. 36-44.
Fontes
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Paulo, 1982.
Falange Anarquista. São Paulo, 1987.
Falange Anarquista. São Paulo, 1988.
Violência Gratuita. São Paulo, 1988.
Violência Gratuita. São Paulo, 1989.
Aos Berros. São Paulo, 1986.
SP Punk. o Paulo, 1982.
Chantagem Ocasional. São Paulo, 1987.
Ex. São Paulo, s.d.
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