Gabriel Chaves de Melo: Entre o jornalismo
e a política (1950-60)
Gabriel Chaves de Melo: Between journalism
and politics (1950-60)
Caio César Cuozzo Pereira *
https://orcid.org/0009-0001-2303-8816
RESUMO: Gabriel Chaves de Melo nasceu em
Minas Gerais. Ele radicou-se no Rio de Janeiro
nos anos 1940 e fez carreira na imprensa. Entre
as décadas de 1950-60, ele atingiu cargos de
direção nas revistas Maquis e Ação Democrática,
ambas circularam no Brasil entre os períodos de
governo de Juscelino Kubitschek (1956-61), de
Jânio Quadros (1961) e de João Goulart (1961-
64). Nesse último, Maquis e Ação Democrática
compartilhavam à oposição ao governo. Melo
ingressou na política através de sua candidatura
para deputado estadual pelo Partido Democrata
Cristão em 1962. A proposta deste artigo é a de
desenvolver uma imagem sobre a trajetória de
Melo. A expectativa é a de que essa imagem
ilumine algumas das suas características, das
suas relações e das suas atividades. No fim,
sustenta-se que a análise empreendida elencou
aspectos que auxiliam na compreensão do
personagem e do seu envolvimento nas lutas
políticas do período.
PALAVRAS-CHAVE: Gabriel Chaves de Melo;
História Política; Imprensa.
ABSTRACT: Gabriel Chaves de Melo was born in
Minas Gerais. He settled in Rio de Janeiro in the
1940s and joined a career in the press. Between
the 1950s and 1960s, he reached management
positions at the Maquis and Ação Democrática
magazines, both circulated in Brazil between
the periods of government of Juscelino
Kubitschek (1956-61), Jânio Quadros (1961) and
João Goulart (1961-64). The opposition to the
government was shared by Maquis and Ação
Democrática in this last one. Melo became
involved in politics by running for state deputy
for the Christian Democratic Party in 1962. The
objective of this article is to create a picture of
Melo’s trajectory. The prospect is that this
image will put light on some of his
characteristics, his networks and his activities. In
the end, it is argued that the analysis
undertaken listed aspects that help to
understand the character and his involvement in
the political struggles during this period.
KEYWORDS: Gabriel Chaves de Melo; Political
History; Press.
Recebido em: 19/07/2023
Aprovado em: 28/09/2023
* Graduado e Mestre em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Doutorando do
Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Seropédica RJ).
Pesquisador bolsista da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail:
caiocuozzo@gmail.com
Este é um artigo de acesso livre distribuído sob licença dos termos da Creative Commons Attribution License.
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Introdução
A palavra crise é comum no vocabulário de historiadores e de outros pesquisadores
do período democrático brasileiro (1946-1964). Os exemplos encontrados na bibliografia
indicam as diversas dimensões das crises experienciadas no período políticas, militares,
econômicas ou sociais. Metade dos presidentes que o país teve à época não terminaram os
seus respectivos mandatos. Esse quantitativo pode ser aumentado se computado o caso de
João Café Filho, impedido pelo Congresso de reassumir o cargo em novembro de 1955.
Naquele contexto, foram eleitos Juscelino Kubitschek e João Goulart para presidente
e vice-presidente, respectivamente. Esse resultado foi contestado por setores da sociedade
civil e do militarismo, notadamente no decorrer das semanas ulteriores. Havia o risco de um
golpe para obstruir a posse de Kubitschek e de Goulart. Algo que poderia ter como efeito
uma guerra civil devido ao acirramento dos que se antagonizavam. Diante desse cerio, os
então generais Henrique Duffles Teixeira Lott e Odílio Denys deflagraram a operação
militar que foi definida pelos seus comandantes como um contragolpe (Ferreira, 2003, p.
323). No Rio de Janeiro, o Exército cercou o Palácio do Catete, prendeu oficiais militares e
ocupou outros locais. Estes foram alvos da operação por serem considerados como espaços
potenciais de reunião de militares opositores (Carloni, 2010, p. 118). Ato contínuo, o
Congresso aprovou o impedimento de Carlos Luz, o qual substituía Café Filho na
presidência em função de um problema de saúde deste último. Pouco tempo depois, o
Poder Legislativo agiu da mesma maneira quando Café Filho tentou reassumir o cargo.
Cumpre ressaltar que o governo Kubitschek e os seus sucessores nio Quadros
(1961) e João Goulart (1961-64) também enfrentaram crises diversas. Destes, apenas o
primeiro terminou o seu mandato. Segundo Maria Victória de Mesquita Benevides, a
convergência de forças parlamentares e militares foi essencial para que isso ocorresse. No
Congresso, havia a aliança entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB). Nas Forças Armadas, Kubitschek tinha como o seu aliado o general Lott, o
qual foi escolhido para ser o Ministro da Guerra do governo. Benevides avaliou que essas
forças tinham em comum o apoio à política econômica desenvolvimentista de Kubitschek,
consubstanciada no Plano de Metas (Benevides, 1976, p. 248). Nesse sentido, elas
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garantiram a estabilidade em um período marcado por crises, como as que aconteceram no
militarismo (Benevides, 2002, p. 23).
Jânio Quadros assumiu o poder diante de um quadro social complexo,
principalmente por causa da situação inflacionária da economia nacional. A sua passagem
pela presidência marcou de alguns modos a história política brasileira. O PSD,
tradicionalmente governista até então, migrou para a oposição. A União Democrática
Nacional (UDN), que encampou a candidatura de Quadros, elegeu o seu candidato pela
primeira vez. Havia ainda a novidade de que a vice-presidência coube a Goulart, candidato
que concorreu na chapa encabeçada por Lott. No decorrer dos sete meses do governo
Quadros aconteceram inúmeros atritos entre este e os supracitados partidos. O alegado
desprezo demonstrado pelo presidente pelo jogo político foi recorrentemente mencionado
por pesquisadores do período. Por exemplo, John Foster Dulles abordou o assunto através
das percepções de próceres udenistas (Dulles, 2000, p. 41).
As políticas econômica, externa e “moral” de Quadros também suscitaram celeumas
não no campo político, como também em outros, como o militar. A austeridade
econômica, o não-alinhamento internacional e os inquéritos administrativos criados sob a
estrutura do Estado foram ações que geraram efeitos controversos por modos e motivos
distintos. Embora estivesse representado no governo através de Goulart, o PTB
historicamente se aliava ao PSD no plano federal. Entretanto, a política externa
implementada por Quadros causou uma fratura nessa aliança, cada qual adotando um
posicionamento no momento. De acordo com Lúcia Hippolito, a reaproximação entre as
legendas aconteceu quando um dos inquéritos federais citou Goulart ao apontar
irregularidades no Serviço de Assistência da Previdência Social (SAPS), evento que, além de
estimular as críticas do PTB ao governo, de certo modo viabilizou a sua reaproximação do
PSD graças à solidariedade manifestada pelos pessedistas ao vice-presidente (Hippolito,
2012, pp. 122-127). Ironicamente, essas políticas e o alegado comportamento de Quadros
no poder causaram reações díspares, não raro borrando as fronteiras entre as suas bases de
apoio e os seus adversários. O resultado é deveras conhecido a renúncia, a sua ágil
ratificação pelo Congresso e uma crise política, econômica, militar e social diante do
impasse sobre a posse ou não de Goulart.
Agentes e instituições se mobilizaram na defesa da legalidade perante a ameaça
representada pelos ministros militares e por Carlos Lacerda, governador da Guanabara
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(estado criado após a transferência da capital para Brasília). Para Jorge Ferreira “qualquer
tentativa de golpe, em 1961, não encontraria o menor respaldo político e, sobretudo, social.
Se levado adiante, com um custo altíssimo, os embates deixariam a dimensão política para
atuar no campo das armas” (Ferreira, 2003, p. 336). Goulart tomou posse após o Congresso
ter aprovado a emenda parlamentarista, a qual foi a solução negociada para solucionar o
impasse. Na opinião de Moniz Bandeira, essa medida significou uma “mutilação” do poder
presidencial. A situação econômica do país se agravou por causa dessa crise. Ainda de
acordo com o autor, o Estado emitiu Cr$ 58 bilhões naqueles dias. Outro efeito foi a
elevação generalizada dos preços de produtos, fator que impactava diretamente na
subsistência da população (Bandeira, 1977, pp. 43-45).
Outros fatores também colaboraram para a instabilidade do governo Goulart até a
sua deposição pelo golpe de 1964. Essa caracterização pode ser ilustrada a partir de dois
exemplos. Por um lado, Goulart foi pressionado pela Frente de Mobilização Popular (FMP) a
promover diversos tipos de reformas, como a agrária e a tributária. Liderada por Leonel
Brizola, a FMP era formada por estudantes, camponeses, petebistas, operários e praças das
Forças Armadas (Ferreira, 2003, p. 355). Por outro, o anticomunismo recrudesceu no Brasil.
Segundo Rodrigo Patto Motta, esse cenário teve motivações internas e externas. Entre
elas, o autor elencou a política externa iniciada por Quadros e a conjuntura pós-Revolução
Cubana (1959). Nesse sentido, Motta considerou o início da década de 1960 como o
momento de eclosão do “segundo grande surto” do anticomunismo no Brasil (Motta, 2000,
p. 286).
Essa síntese inicial, apesar de limitada, serve tanto para contextualizar quanto para
explicar a proposta deste artigo. O texto que se segue pode ser definido como um dos frutos
de uma pesquisa em desenvolvimento sobre um periódico publicado entre 1955 e 1962. A
revista Maquis surgiu em dezembro de 1955 e, como se verá adiante, conseguiu alguma
repercussão no campo político por causa de sua posição contrária ao contragolpe
desfechado no mês anterior. Em 1956, Maquis esteve no epicentro de uma polêmica após
ter uma de suas edições apreendidas pelo Departamento Federal de Segurança blica
(DFSP). Esses dois casos são comumente citados em pesquisas que tiveram o período como
recorte e a política como objeto. Entre 1958-62, a revista buscou se envolver nas outras
crises ou momentos próximos disso que o país vivenciou nesse intervalo. A pauta
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principal do seu jornalismo era a política e uma de suas estratégias era a de denunciar
supostos crimes de corrupção cometidos por personalidades estatais.
Nesse sentido, um dos objetivos da pesquisa em curso é o de mapear quem foram os
seus produtores, fossem eles jornalistas ou não. A metodologia aplicada foi a da
prosopografia. Segundo Marcela Ferrari, a partir da definição de um conjunto de indivíduos
como objeto, a prosopografia almeja tanto identificar características e atributos de grupo
quanto analisar os laços sociais desses sujeitos históricos (Ferrari, 2010). Esse
encaminhamento direciona o olhar para elementos como instrução educacional,
experiência de trabalho e redes de sociabilidade. Para tanto, foram redigidas fichas
individuais a partir das fontes encontradas na imprensa periódica, em relatos
memorialísticos e em documentos produzidos por instituições estatais registros cartoriais,
arquivos de polícia e do legislativo federal.
De certo modo, este artigo apresenta e analisa uma fração desse esforço de pesquisa
ao deter-se sobre Gabriel Chaves de Melo (1920-1978). Oriundo de uma família católica de
Minas Gerais, ele serviu ao militarismo na Força Expedicionária Brasileira (FEB). Ao
regressar, Chaves de Melo trabalhou em empregos diversos até se estabelecer no Rio de
Janeiro. Em 1960, ele assumiu a direção de Maquis e permaneceu nesse posto até o
fechamento desta em março de 1962. Chaves de Melo também trabalhou como chefe de
redação da revista Ação Democrática, editada e publicada pelo Instituto Brasileiro de Ação
Democrática (IBAD), este uma das organizações anticomunistas do período (Motta, 2000, p.
298).
Convém ponderar que inexiste a pretensão de redigir uma espécie de biografia sobre
Chaves de Melo. Nem mesmo a de elaborar uma narrativa que fomente uma coerência
artificial à sua trajetória. O que se acessou, por meio das fontes, permite apenas formar uma
imagem limitada, porém relevante, para o conhecimento historiográfico. Assim, este artigo
alinha-se com a perspectiva do sociólogo Pierre Bourdieu:
Tentar compreender uma vida como uma série única e por si suficiente de
acontecimentos sucessivos, sem outro vínculo que o a associação a um ‘sujeito’
cuja constância certamente não é senão aquela de um nome próprio, é quase tão
absurdo quanto tentar explicar a razão de um trajeto no metrô sem levar em conta
a estrutura da rede, isto é, a matriz das relações objetivas entre as diferentes
estações (Bourdieu, 1998, p. 189-190).
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A expectativa é a de elaborar uma imagem sobre Chaves de Melo que abarque em si
suas redes de relações sociais, profissionais e pessoais e os espaços de trabalho e de
convivência frequentados por ele. Aspectos que podem auxiliar a compreender tanto o
personagem quanto o seu envolvimento nas contendas listadas acima. Por outras palavras,
de que meios ele dispunha, com quem ele se articulava e que tipos de atividades ele
desempenhava. Este artigo desdobra-se em outras três partes. A seguir, propõe-se um
panorama sobre as fundações das revistas Maquis e Ação Democrática, tendo em vista que o
que foi dito acima sobre a origem deste artigo, para abordar o caso da segunda revista,
recorre a alguns trabalhos que a tomaram como fonte ou objeto. Por conseguinte, analisa-
se a trajetória de Chaves de Melo ambicionando explicar a sua ascensão aos respectivos
cargos em tais periódicos, apreender algumas de suas redes de relações e sinalizar a sua
atuação política através do jornalismo. Nesse movimento, a expectativa é a de demonstrar
que essa análise auxiliou na compreensão do personagem e do seu envolvimento nas lutas
políticas ocorridas durante o período democrático brasileiro (1946-64).
Jornalismo e política
Nascido na cidade de Niterói, situada no então Estado do Rio, Fidélis dos Santos
Amaral Netto (1921-1995) era filho de um bacharel em Direito e neto de um oficial da
Guarda Nacional. Ele fez parte da equipe do jornal de Carlos Lacerda, o Tribuna da Imprensa,
desde a sua fundação, em 1949. Entre 1953 e 1956, Amaral Netto participou ativamente das
campanhas políticas capitaneadas por Lacerda através do Clube da Lanterna. Tratava-se de
uma associação civil que ambos fundaram em parceria com outros homens e mulheres. No
Tribuna, Amaral Netto foi repórter de economia. Ele também era próximo de empresários
do Rio de Janeiro Pedro Theberge o ajudou a organizar e a dirigir o Clube (Modificação...,
1955, p. 4); e Rui Gomes de Almeida foi seu sócio em uma empresa de armazenagem de
café (Companhia..., 1956, p. 6).
Durante o contragolpe de 1955, Amaral Netto asilou-se na Embaixada da Costa Rica.
Por meio do Tribuna, ele declarou que tomou essa decisão após ter sido avisado
anonimamente de que sua vida estaria em perigo” (Amaral..., 1955, p. 8). Algum tempo
depois, Amaral Netto começou a produzir e a distribuir um panfleto mimeografado
clandestino intitulado de Maquis. Seu nome era alegadamente inspirado na resistência
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francesa ao nazismo. Amaral Netto veiculou seis edições do panfleto entre dezembro de
1955 e janeiro do ano seguinte. Elas, de certo modo, deram prosseguimento à campanha
em favor do impedimento da posse de JK e Goulart. Também criticavam o general Lott pelo
cerceamento da liberdade de imprensa.
Nesse ínterim, Amaral Netto conseguiu alguma repercussão no campo político. Em
debate sobre a prorrogação do estado de sítio na Câmara dos Deputados, o parlamentar
Luís Medeiros Neto (PSD) citou Maquis para ilustrar seu argumento de que o país ainda
estava sob ameaça de uma subversão da ordem:
Como o orador continuasse duvidando da existência de focos de sedição, o sr.
Medeiros Neto, em aparte, declarou que um jornal mimeografado, o Maquis”,
estava sendo distribuído entre parlamentares e nos corpos de tropa incitando civis
e militares a impedirem a posse dos eleitos no dia 31 do corrente (A prorrogação...,
1956, p. 16).
Frustrado em seu intento, Amaral Netto lançou uma subscrição pública de ações
para formar o capital da Editora Reforma Sociedade Anônima. Esta teria como objetivo
registrar, gerir, produzir e publicar a revista Maquis. Ao menos vinte políticos adquiriram
ações, a maioria da UDN. Café Filho e Carlos Luz foram apontados como acionistas. Outras
personalidades foram um brigadeiro da Aeronáutica, um contra-almirante e um
comandante-de-esquadra da Marinha Antônio Guedes Muniz, Edmundo Jordão Amorim
do Vale e Carlos Penna Botto (Entre..., 1956, p. 3). O último deles era o presidente da
Cruzada Brasileira Anticomunista (CBA), organização fundada em 1952. Três anos depois,
Penna Botto foi um dos oficiais militares que contestou publicamente a vitória de
Kubitschek e de Goulart na eleição. Alguns companheiros de Amaral Netto do Clube da
Lanterna também se tornaram acionistas.
A revista Maquis foi lançada oficialmente em agosto de 1956, era editada em
rotogravura, custava Cr$15,00, sua publicação era quinzenal e estampava quarenta e oito
páginas por edição. A revista não tinha oficina e dependia de contrato de impressão com
uma gráfica. O seu preço naquele ano era mais do que o dobro do praticado por revistas
como Manchete. Esta poderia ser adquirida por Cr$7,00 e continha oitenta páginas por
edição. Ou seja, comparativamente, o leitor de Maquis comprava um produto menor por um
preço maior. A distribuição da revista abrangia o Rio de Janeiro e outras cidades, como São
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Paulo. Inicialmente, Maquis publicava poucos anúncios em suas páginas, talvez por causa do
seu preço elevado. Contudo, de 1958 em diante, nota-se que a propaganda ganhou espaço
na composição de suas edições.
Foi nesse mesmo ano que Amaral Netto aumentou o ritmo de sua periodicidade para
semanal, duplicando a produção de Maquis. Existem algumas informações sobre a tiragem
e a vendagem da revista. Em 1957, ela divulgou que as suas nove edições publicadas no ano
anterior tiveram uma média de venda de 50.000 exemplares (Primeiro..., 1957, p. 41).
Aparentemente, no que tange à sua tiragem, o pico de produção foi o de 100.000 cópias.
Esse montante foi divulgado na primeira página de uma de suas edições (Tiragem..., 1957,
p. 1). Por fim, quando do seu fechamento em 1962, o Tribuna noticiou que a sua última
edição teria 20.000 exemplares (Deficiência..., 1962, p. 3).
Como dito anteriormente, a linha editorial de Maquis concentrou-se na política. A
sua estratégia era a de denunciar supostos escândalos de corrupção que envolviam
autoridades estatais, inclusive o presidente Kubitschek e o ministro Lott. Também era
comum a veiculação de reportagens críticas à política econômica do governo. De um lado, a
sua pauta era a de estimular a percepção para supostas transgressões da moralidade
pública por agentes estatais. De outro, era a de estabelecer que o governo agravava a
inflação. E, assim, ele seria o culpado pelas dificuldades de subsistência do povo e pelas
falências de empresas. Em anos eleitorais, essas pautas se aglutinavam com reportagens
que objetivavam propagandear candidaturas de políticos que militavam na oposição ao
governo (Dois mineiros..., 1958, p. 20).
Adiante, há o caso da revista Ação Democrática, criada por Ivan Hasslocher em 1959.
De acordo com Vicente Gil da Silva, Hasslocher nasceu no Rio de Janeiro em 1920. Seu pai,
Paulo Germano Hasslocher, foi jornalista e diplomata. Sua mãe, Laura Savard de Saint-
Brisson Corrêa Hasslocher, foi poetisa e pianista. Entre 1930 e 1942, a sua família residiu nos
Estados Unidos e Ivan Hasslocher cursou o ensino superior. Ele retornou ao Brasil na
década de 1940 e trabalhou em alguns empregos nesse período. Em 1951, Hasslocher
fundou a Sociedade Incrementadora de Vendas Promotion. Ainda de acordo com Silva, a
Promotion atuava em serviços de propaganda e marketing, principalmente para empresas
estadunidenses (Silva, 2021).
Convém um parêntesis sobre esse tipo de negócio e a sua inserção no Brasil. Ana
Paula Goulart Ribeiro argumentou que a publicidade se expandiu no país nessa conjuntura.
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A autora demonstrou isso apontando o crescimento de receitas do setor, o aumento no
quantitativo de agências desse tipo e a relevância dessa renda para alguns jornais do Rio de
Janeiro. Ribeiro elencou que as atividades das agências incluíam as pesquisas de mercado,
os planejamentos de campanhas publicitárias, as preparações de materiais de propaganda e
as distribuições desses últimos entre a imprensa audiovisual, radiofônica ou periódica
(Ribeiro, 2001).
Em maio de 1959, Hasslocher foi um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Ação
Democrática (IBAD). Para René Dreifuss, o IBAD tinha como escopo uma alegada “defesa”
da democracia. Alguns empresários participaram de sua criação, como o mencionado Rui
Gomes de Almeida, membro da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). Hasslocher
ocupou o cargo de diretor-geral do IBAD. Para além de Dreifuss, outros autores
supracitados Moniz Bandeira e Silva elencaram fontes que indicam que o IBAD recebia
dinheiro da Central Intelligency Agency (CIA).
No plano externo, o IBAD construiu laços com outras organizações do período o
grupo interpartidário Ação Democrática Parlamentar (ADP); o Centro Dom Vital, que era
dirigido por intelectuais católicos; e o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES). Com
este, o IBAD compartilhou recursos humanos, materiais e financeiros. No plano interno, o
IBAD criou dois canais” para executar as suas operações. O primeiro foi a Ação
Democrática Popular (ADEP) que se envolveu com atividades eleitorais e de lobby, ou seja,
de pressão e/ou influência sobre a estrutura do poder político. O segundo foi a revista Ação
Democrática (Dreifuss, 1981, pp. 102-103).
Hasslocher dirigiu a revista durante a sua existência. Segundo o historiador Ricardo
Mendes, ela tinha um ritmo de circulação mensal e era distribuída gratuitamente pelo
território nacional. A revista possuía 120 mil assinantes em 1961 e, no ano seguinte, esse
quantitativo sofreu uma majoração percentual de 50%. O autor avaliou que Ação
Democrática tinha como o seu público-alvo as classes médias brasileiras (Mendes, 2020, pp.
31-32). De acordo com Motta, a tiragem de Ação Democrática atingiu os 200.000
exemplares (Motta, 2000, p. 299).
A sua linha editorial era pautada na defesa da “livre iniciativa” e no combate ao
comunismo:
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Segundo os grupos articuladores do golpe no âmbito da sociedade civil
IPES/IBAD o papel da iniciativa privada assumia relevância na proposta de
sociedade por eles apresentada. Com um projeto de direita que privilegiava a
existência de diferenças sociais, políticas e econômicas para a potencialização do
desenvolvimento do país, este complexo empresarial tinha como perspectiva
limitar o papel que o Estado vinha desempenhando até então. [...]
No que se refere ao sistema político, valorizavam a “democracia” como o regime
que melhor se adequaria às livres manifestações das “forças imanentes” da
sociedade. Esse sistema apresentava-se como o que mais se adequava às
“tradições cristãs” e aos vínculos que existiam entre o Brasil e a cultura ocidental.
Propriedade privada e livre iniciativa significavam, dentro desse contexto, os
símbolos máximos das liberdades individuais subordinando a questão política à
econômica (Mendes, 2020, p. 128).
Alguns desses esforços em prol da “livre iniciativa” podem ser percebidos em dois
exemplos de artigos publicados na revista. Uma das lideranças do Centro Dom Vital, o
intelectual católico Gustavo Corção, defendeu que o Brasil precisava do capital estrangeiro.
Corção era contra o impedimento de que empresas internacionais atuassem no país,
notadamente no setor de serviços. Nesse sentido, cerca de um ano depois, Ação
Democrática publicou um artigo do economista Eugênio Gudin. No texto, ele criticou a
aprovação da Lei de Remessas de Lucros pelo Congresso a qual estabeleceu normas para
a saída de capitais do país argumentando que tal legislação iria afastar o capital
estrangeiro do Brasil (Mendes, 2020, p. 49 e 55).
Tal qual Mendes, Motta destacou a centralidade do anticomunismo na linha editorial
de Ação Democrática. A revista buscou fomentar um sentido de perigo iminente,
representado pelos comunistas. O seu objetivo era o de atrair a atenção das “classes
dominantes” brasileiras. Para tanto, Ação Democrática difundia matérias de denúncias
sobre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e de supostas “infiltrações”
comunistas no Brasil. Os sindicatos e a União Nacional dos Estudantes (UNE) foram
algumas das instituições apontadas como “infiltradas” pela revista (Motta, 2000, p. 299).
Portanto, entre o fim da década de 1950 e a primeira metade da seguinte,
Hasslocher atuava em diversas frentes imprensa, publicidade e política por meio das
organizações que ele dirigia. O seu esforço no combate ao comunismo e, paralelamente, na
defesa da “livre iniciativa” pode ser mensurado em alguma medida pelo caso das
eleições de 1962. Hasslocher liderou uma ação de intervenção econômica que foi
descoberta e denunciada à época. Através de suas organizações, inclusive a revista Ação
Democrática, Hasslocher financiou e propagandeou diversos candidatos aos postos eletivos
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em disputa. Os dirigentes consecutivos de Maquis Amaral Netto e Gabriel Chaves de Melo
contaram com esse auxílio para as suas campanhas aos parlamentos federal e estadual,
respectivamente.
Gabriel Chaves de Melo: entre o jornalismo e a política
Em 1962, o jornal diário A Noite publicado no Rio de Janeiro foi arrendado por
Hasslocher durante os cerca de três meses que antecederam à eleição. Em setembro, o
periódico publicou uma reportagem sobre a biografia e a candidatura de Gabriel Chaves de
Melo a deputado estadual na Guanabara. Sua legenda era a do Partido Democrata Cristão
(PDC). Ele foi adjetivado na manchete como o “pracinha da liberdade” devido ao seu serviço
militar como soldado da FEB na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Segundo a
reportagem, a convocação para o Exército o impediu de ingressar na graduação em
Economia, curso para o qual teria sido aprovado em vestibular. Não obstante, Chaves de
Melo esteve no teatro de operações da Itália entre setembro de 1944 e agosto de 1945. Sua
função no esforço de guerra seria a de realizar transmissões, enquanto estava lotado no I
Regimento de Obuses Auto Rebocados, o qual tinha a missão de dar cobertura de artilharia
para o avanço territorial da infantaria aliada.
A reportagem também buscou difundir representações humana, profissional e
ideológica sobre Chaves de Melo. Ele teria sido um jovem “namorador” que jogava futebol
e que passou por diversos empregos para sobreviver, não raro experienciando dificuldades
nesse último intento. Seu histórico laboral incluía atividades como comerciário, professor
de Matemática, arquivista e revisor em redações de periódicos de jornalismo. Por fim, a sua
candidatura teria sido motivada pelo vácuo deixado por seu irmão Gladstone Chaves de
Melo que teria decidido não concorrer. Este construiu carreira na política, primeiro na
UDN e depois no PDC, como vereador e deputado. Retornando à reportagem, Gabriel
Chaves de Melo afirmou que o seu objetivo como parlamentar seria o de “promover que as
reformas realmente essenciais para liquidar com a injustiça social em todos os campos no
da educação, no da saúde, no plano econômico podem e devem ser feitas
democraticamente” (Gabriel..., 1962, p. 3). Complementando o quadro, a reportagem
estampou uma fotografia dele com a sua esposa Adozinda Maria Franco de Carvalho e os
seus filhos.
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Essa reportagem faz parte de um conjunto de materiais de propaganda que A Noite
publicou sobre Gabriel Chaves de Melo. Em um deles, o candidato foi apresentado como um
“combatente” do comunismo:
No momento em que o oportunismo ou a covardia levam muitos a cortejar as
esquerdas, é preciso apoiar os que combatem e não temem os conluios, as
manobras e as ameaças do comunismo internacional, escravizador e ateu.
Não deixe a Assembleia Constituinte da Guanabara ser dominada pelos inimigos
do Brasil, da civilização cristã e, por isso mesmo, da família brasileira.
Vote em candidatos verdadeira e corajosamente democratas, que o temem
proclamar-se como tais (No momento..., 1962, p. 5).
A revista Ação Democrática foi outro meio de divulgação de sua candidatura. A
edição mensal de setembro de 1962 foi distribuída com um panfleto de Chaves de Melo
(Motta, 2000, pp. 309-310). Essa propaganda, tal qual as anteriores, instrumentalizou o
histórico dele na FEB para o caracterizar como uma espécie de vanguarda da luta
anticomunista. Outro ponto comum era a tentativa de estimular o engajamento dos
eleitores por intermédio de frases como “votar em branco é votar em vermelho” (Votar...,
1962, p. 2).
A reportagem de A Noite é uma das poucas fontes minimamente detalhadas sobre
Gabriel Chaves de Melo. Até então, o seu nome era pouco mencionado na imprensa escrita
diária da década de 1950, fator que desperta a atenção quando se tem em perspectiva
algumas informações. O seu mencionado irmão era publicamente conhecido, seja por causa
de sua atuação na política, seja em função do seu trabalho como professor universitário. E,
desde 1949, Gabriel Chaves de Melo trabalhava em periódicos do Rio de Janeiro. Assim,
parece que ele era um personagem praticamente anônimo ao menos até o fim dos anos
1950.
Apesar da reportagem ter explorado as ideias de humildade e pobreza na sua
representação, foi possível mapear que ele era oriundo de uma família estruturada
econômica e educacionalmente. Seu pai, Joaquim Gabriel Chaves de Melo, era um bacharel
em Direito provavelmente graduado entre 1900-10 isso em um tempo em que o
analfabetismo era uma característica espraiada entre a população brasileira. Na década
posterior, seu progenitor atuava em Minas Gerais como promotor da cidade de Campanha
(Atos..., 1917, p. 7). Para além do que já foi dito sobre o seu irmão, este foi conselheiro fiscal
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da empresa Terramar Importadora-Exportadora S.A. (Terramar..., 1945, p. 8). Gladstone
Chaves de Melo foi um dos responsáveis pela produção da revista A Ordem e militou na
Resistência Democrática, ambas instituições católicas que tinham personalidades como
Alceu Amoroso Lima e Jackson de Figueiredo em seus quadros (A Resistência..., 1948, p. 3).
Essas conexões do seu irmão com lideranças católicas parecem ter sido importantes
para que ele se estabelecesse no Rio de Janeiro depois de retornar da Europa com a patente
de cabo do Grupo de Artilharia da FEB (Os expedicionários..., 1945, p. 6). Em 1949, ele foi
contratado para ser revisor do Tribuna da Imprensa. Ou seja, ele foi colega de redação de
Amaral Netto e funcionário de Lacerda. Este tinha sido demitido do cargo de colunista do
Correio da Manhã e foi auxiliado por parentes e amigos na estruturação econômica e
material do Tribuna. Alguns destes eram os mesmos que produziam A Ordem. Por exemplo,
Amoroso Lima e Gustavo Corção se tornaram membros do conselho consultivo do Tribuna
(Dulles, 1992, p. 127).
Desse modo, a contratação de Gabriel Chaves de Melo pode ser compreendida como
um movimento intrínseco à sua rede de sociabilidade naquele momento. Essa percepção
reforça-se a partir da observação de que outros indivíduos recrutados para o Tribuna tinham
em comum laços com instituições ou agentes católicos. Tanto Amaral Netto quanto
Murilo Melo Filho eram repórteres do Correio da Noite, periódico editado pela Cúria
Arquidiocesana do Rio de Janeiro (Filho, 1999, p. 122).
O cargo de Gabriel Chaves de Melo no jornal o incumbia de fiscalizar os textos
produzidos pelos repórteres. Erros gramaticais e palavras consideradas condenadas” pela
direção do jornal eram os seus alvos (Prezado..., 1950, p. 1). Chaves de Melo compartilhou
esse ambiente de trabalho com alguns outros personagens empenhados no combate ao
comunismo. Um deles foi o escritor, poeta e jornalista romeno Stefan Aurel Baciu. Em seu
livro de memórias, publicado após ele deixar o Brasil em 1962, Baciu redigiu suas
lembranças sobre o Tribuna e seus colegas. Em subcapítulo, ele mencionou Chaves de Melo:
Gabriel Chaves de Melo, irmão mais moço do professor e político Gladstone,
parecia ser sempre dono de um importante segredo, pois falava baixo,
pausadamente e sempre ao do ouvido do interlocutor. Era um tipo discreto,
cordial, caladão, mas o que se pode chamar de “um grande sujeito”.
Não sei se por causa de sua voz baixa ou do seu fervoroso catolicismo, sempre que
Gabriel falava, eu esperava que ele fosse rezar uma missa ou recitar a “Ismália” do
“pobre Alphonsus” (Baciu, 1982, pp. 179-180).
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Em algum momento entre 1949 e 1956, Chaves de Melo ocupou o posto de chefe de
revisão no periódico (Macedo, 1956, p. 6). Essa cronologia sobre o seu pertencimento à
equipe do jornal permite afirmar que ele vivenciou algumas de suas campanhas
desfechadas em momentos críticos nos campos político, militar e social como o ocaso do
governo Vargas e o contragolpe de 1955. Duas ocasiões que, contraditoriamente,
culminaram em reveses para Lacerda e para o Tribuna. Em 1954, por pouco o jornal não foi
depredado por manifestantes após o suicídio de Vargas. No outro caso, militares ocuparam
a sua sede enquanto Lacerda partia para um autoexílio na Europa (Dulles, 1992, pp. 190 e
228).
Por conseguinte, quando Amaral Netto conseguiu o capital para fundar Maquis, ele
recrutou diversos de seus colegas do Tribuna para trabalhar na revista. Gabriel Chaves de
Melo foi um deles. Inicialmente, o seu nome não constava no expediente. Porém, uma
reportagem comemorativa sobre o primeiro aniversário de Maquis afirmou que ele era um
de seus funcionários desde a sua fundação. A edição que veiculou tal reportagem foi a
primeira na qual Chaves de Melo teve a sua assinatura impressa no expediente. Ele seria o
chefe de revisão, o mesmo cargo que detinha no jornal de Lacerda. Esse tipo de transição
do anonimato para a personificação parece indicar que ele havia ascendido na hierarquia da
revista. Nesse sentido, é possível afirmar que Chaves de Melo foi um dos poucos
funcionários de Maquis que obteve esse tipo de reconhecimento profissional. Um caso
similar foi o de René Amaral, irmão de Amaral Netto. Na mesma reportagem
comemorativa, o primeiro foi apontado como “correspondente” desde 1956 (Quem..., 1957,
p. 35). Por outro lado, René Amaral só foi incluído no expediente em 1958.
Ainda nesse ano, Chaves de Melo acumulou a chefia da revisão com o secretariado.
Segundo reportagem de Maquis, a atribuição do secretário era a de dirigir o trabalho dos
redatores e dos repórteres. Essa foi a edição que marcou a transição para a periodicidade
semanal (O que..., 1958, p. 6). Em outras palavras, o ritmo de produção tinha sido dobrado
e Chaves de Melo passou a ter um papel importante nele. Além da direção do trabalho de
adequação dos textos às normas gramaticais e estilísticas, a definição do cargo de
secretário sugere que ele intervinha na seleção de pautas, na delegação de tarefas e no
controle do trabalho jornalístico que a sua equipe desenvolvia. Paralelamente, o seu irmão
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Gladstone Chaves de Melo passou a escrever como colunista de Maquis. Convém sinalizar
que a ascensão de Chaves de Melo não significou uma modificação notável na linha
editorial. Mas, sim, que, a partir de então, ele era alguém que tinha gerência junto de
Amaral Netto sobre o trabalho.
Chaves de Melo publicou apenas um texto assinado em Maquis. No final de 1959,
Quadros renunciou momentaneamente à sua candidatura à presidência em 1960. Sua
atitude foi motivada pelo choque entre a UDN e o PDC pela escolha de quem seria o
candidato a vice-presidente em sua chapa Milton Campos ou Fernando Ferrari,
respectivamente (Skidmore, 1969, p. 235). Ao comentar o fato, o secretário de Maquis teceu
algumas considerações sobre a política brasileira:
Se a renúncia do sr. Jânio Quadros foi tomada como um protesto contra um
estado de coisas que ele sempre condenou, e como sempre condenaram a UDN e
o PDC a divisão do bolo com as fatias já rotuladas, antes de decidir pela renúncia
devia ele ter considerado que não lhe cabia o direito de decepcionar a grande
maioria dos brasileiros que por ele esperava, que esperava pelo 3 de outubro de
1960, para, por suas próprias mãos, proclamar a nova independência, mais
importante talvez que a de 7 de setembro. Pois o povo estava vivendo da
esperança de melhores dias, o povo encontrava alento na simples expectativa
daquele 3 de outubro em que uma simples cruz num quadrado mágico seria o fim
de uma oligarquia que o oprime desde 30 anos, seria a sua libertação de métodos
de governo que vão aniquilando as últimas reservas de um povo exangue.
O sr. Jânio Quadros errou gravemente. Se é verdade que os partidos lhe fizeram
exigências tipo PSD, tipo PTB, cabia ao sr. Quadros fazê-los ver que uma das mais
importantes características do seu governo seria justamente a modificação radical
dos atuais métodos de governar. Se cada fatia devia ter destino certo, sem que
ao dono da festa coubesse o direito de distribuí-las, o sr. Jânio Quadros estaria na
obrigação de dizer claro a quem quer que fosse, que procurassem eles um outro
candidato capaz de satisfazer àquele apetite antecipado. Pois além dos partidos, e
acima até dos partidos, o sr. Jânio Quadros tinha anteriores e seríssimos
compromissos para com o povo, tão sérios como os compromissos do povo para
com ele (Melo, 1959, p. 2)
O trecho do seu artigo indica que ele encampava uma interpretação que era
compartilhada e difundida principalmente por correligionários da UDN. A saber, que o
campo político estava sob domínio de um grupo desde 1930. No esforço de proposição
dessa representação, se colocava à margem qualquer tipo de diferença entre aqueles que
ocuparam o poder. Recorrendo à alegoria de porta-voz do povo, Chaves de Melo sugeriu a
sua crença de que Quadros fosse capaz de romper com essa espécie de ciclo político. Este
que, de acordo com o que Maquis publicava, se caracterizaria como imoral.
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A decisão tomada pela UDN mantendo o seu apoio, mas eximindo Quadros de
compromisso com o partido fez com que o candidato retomasse a sua candidatura
(Skidmore, 1969, p. 235). Diante disso, Maquis se engajou na campanha presidencial. O seu
colunista Gladstone Chaves de Melo trabalhou como assessor do Movimento Popular Jânio
Quadros (MPJQ) enquanto fazia sua campanha para deputado constituinte da Guanabara
pelo PDC. De acordo com Dreifuss, foi ele quem fez a conexão entre Hasslocher e Quadros
naquele contexto (Dreifuss, 1989, p. 103).
Paralelamente, Amaral Netto também lançou a sua candidatura para deputado pela
UDN. Esse evento marcou o início de seu gradativo distanciamento da direção da revista.
Ato contínuo, Chaves de Melo assumiu a função em seu lugar. Apesar de nunca ter
sinalizado essa alteração no expediente, Amaral Netto admitiu o seu “afastamento
praticamente total” após ter sido eleito (Amaral Netto, 1960, p. 3). Alguns dos principais
candidatos apoiados pela revista se elegeram Quadros na presidência; Lacerda no
governo da Guanabara; e Amaral Netto e Gladstone Chaves de Melo na Assembleia
Constituinte do mesmo estado. Dito de outro modo, o candidato que motivou Gabriel
Chaves de Melo a publicar um texto assinado, dois dos seus ex-chefes na imprensa e um
parente e colega de redação vivenciavam a experiência de galgar posições no campo da
política. Uma observação panorâmica sobre as edições de Maquis desse período 1960-62
permite notar como Chaves de Melo se preocupou com que a revista fizesse uma cobertura
jornalística favorável a esses personagens. Por exemplo, houve o apoio irrestrito ofertado às
políticas econômica e externa do governo Quadros, principalmente através de reportagens
não assinadas (Reforma..., 1961, pp. 24-26).
Em algum momento nesse recorte, Gabriel Chaves de Melo se tornou chefe de
redação da revista Ação Democrática. Novamente, a sua rede de relações parece ter sido
vital para que isso ocorresse. Por um lado, havia Gladstone Chaves de Melo, que conhecia
Hasslocher desde 1959, e que em maio de 1961 foi eleito diretor-tesoureiro do IBAD (Brasil,
1963, p. 296). Por outro, havia o caso de Gustavo Corção. Além de ser próximo de Gladstone
Chaves de Melo e de atuar como articulista de Ação Democrática, Corção era tio de uma
colunista de Maquis Regina Maria de Lima Brandão (Brasil, 1945, p. 116).
Até o momento, não foi feita uma comparação sistemática entre as edições de
Maquis e Ação Democrática durante essa fase. De todo modo, pode-se adiantar três
similaridades entre o que elas publicavam, o que indica um caminho a ser trilhado
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futuramente. Em primeiro lugar, Maquis repercutiu a realização de um simpósio sobre o
tema da reforma agrária que foi promovido pelo IBAD. A reportagem foi estampada na
parte central da revista e ocupou cinco páginas (Legislativo..., 1961, p. 22). Em segundo
lugar, ela veiculou reportagem sobre o livro anticomunista Assalto ao Parlamento. Essa obra
tinha sido traduzida por Vicente Barreto e foi editada pelo IBAD (Barreto, 1961, pp. 28-30).
Em terceiro lugar, uma denúncia anticomunista foi publicada tanto em Ação Democrática
quanto em Maquis no mês de novembro de 1961. A primeira apontou Raul Ryff assessor
do presidente Goulart como membro do Partido Comunista Brasileiro (Motta, 2000, p.
308). A segunda, além de repetir essa pauta, pediu a deflagração de uma investigação
policial sobre Ryff (Secretário..., 1961, pp. 14-16).
No momento de sua candidatura para deputado estadual, Gabriel Chaves de Melo
contou com o auxílio de Amaral Netto e de Vicente Barreto (Gabriel..., 1962, p. 3). Em julho
de 1962, o Tribuna publicou uma reportagem sobre a eleição que se avizinhava que enfocou
os custos de uma candidatura. Nela, tanto Amaral Netto quanto Chaves de Melo foram
citados como candidatos que tinham as suas despesas pagas pelo IBAD:
Com a disposição, também, de amplos recursos financeiros, o grupo de Ação
Democrática preparou-se para selecionar rigorosamente seus candidatos às
eleições de 7 de outubro e assumir a responsabilidade pelo financiamento
completo da propaganda pré-eleitoral de todos aqueles considerados democratas
convictos e anticomunistas de primeira linha. [...].
Entre os candidatos da Guanabara que não precisam fazer despesas com
campanha eleitoral, pois tudo é pago pela Ação Democrática, destacam-se os
seguintes, todos considerados líderes anticomunistas e que contribuirão para uma
efetiva renovação do Parlamento brasileiro: Juraci Magalhães, Menezes Cortes,
Maurício Joppert, Lopo Coelho, Amaral Netto, Eurípedes Cardoso de Meneses,
Danilo Nunes, Raul Brunini, Gabriel Chaves de Melo, Raimundo de Brito, entre
outros (Candidatura..., 1962, p. 4)
A intervenção no processo eleitoral brasileiro motivava não esse tipo de
reportagens que, de certo modo, abertamente admitiam a operação como também
outras em sentido contrário. Em setembro, o Última Hora, adversário do Tribuna no
jornalismo, repercutiu denúncias do deputado Sérgio Magalhães (PTB) e do jornalista Plínio
de Abreu Ramos. O primeiro acusou que “poderosos grupos econômicos internos e
externos” impediam a instauração da Lei de Remessas de Lucros. Por seu turno, Ramos
afirmou que o IBAD financiava uma organização chamada Movimento Sindical Democrático
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(IBAD). O jornalista teria um recibo de pagamento assinado por Gabriel Chaves de Melo que
comprovaria a aquisição de matéria-paga. Esta teria sido veiculada em um periódico com a
orientação de que não deveria ser “caracterizada como publicidade”. Ainda de acordo com a
reportagem, Chaves de Melo seria o “chefe de media (sic)” da Promotion, a agência de
propaganda de Hasslocher (Sérgio..., 1962, p. 4).
O caso da eleição de 1962 teve como efeito a constituição de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI). O nome de Gabriel Chaves de Melo foi mencionado por
alguns dos depoentes. Frederico Cavalcanti de Melo, acionista do jornal A Noite, afirmou
que ele foi um dos dois intermediários da negociação do arrendamento do seu jornal (Brasil,
1963, p. 233). Frutuoso Osório Filho, dirigente do IBAD, afirmou que Chaves de Melo era o
“encarregado” pela revista ão Democrática (Brasil, 1963, p. 925). Por fim, Hasslocher disse
que Chaves de Melo era um “funcionário” remunerado da sua agência de publicidade (Brasil,
1963, p. 2145).
Em setembro de 1963, o Última Hora publicou outra reportagem sobre o assunto:
UH surpreendeu, na manhã de ontem, vários servidores do IBAD retirando grande
quantidade de documentos e panfletos subversivos do andar do edifício
“Atenas” na av. Marechal Câmara 271 e colocando-os na camioneta “Rural Willys”
chapa 20-18-64, que os levaria, segundo um dos funcionários, para as residências
do sr. Gabriel Chaves de Melo e do sr. Ivan Hasslocher. [...].
A reportagem de UH voltou a percorrer todo o oitavo andar do “Atenas”, onde o
IBAD continua, inclusive, com letreiro, ao lado da “Promotion”. estúdios em
inglês e mais de vinte escritores trabalhando sob as ordens de Hasslocher e Gabriel
Chaves de Melo (Fechamento..., 1963, p. 4).
De acordo com Motta, a CPI enfrentou oposição de “muitos” parlamentares e seus
resultados foram inconclusivos. Por um lado, o IBAD acabou sendo fechado por decreto
presidencial (Motta, 2000, p. 300). Por outro, seus agentes continuaram ativos. Nos anos
subsequentes à CPI, Gabriel Chaves de Melo atuou na política e na imprensa em novas
parcerias com Amaral Netto. Durante a ditadura militar, ele ocupou o cargo de “chefe de
divulgação” da campanha derrotada do seu ex-chefe ao governo da Guanabara.
(Renúncia..., 1965, p. 2). Ambos também foram acionistas da Plantel Editora e Publicidade
S.A. (Plantel..., 1975, p. 12). Fundada em fins da década de 1960, a empresa tinha como
produto principal o programa Amaral Netto, o Repórter. Este foi transmitido pela TV Tupi
em 1968 e pela TV Globo entre 1969 e 1985 (Krause, 2016, p. 21).
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Portanto, Gabriel Chaves de Melo foi um militar, jornalista e empresário católico
brasileiro. Embora ele não tenha sido eleito em 1962, sua atuação na política não pode ser
ignorada. Resguardadas as devidas proporções, ele exerceu cargos de gerência editorial em
Ação Democrática e em Maquis, periódicos que fizeram oposição ao governo Goulart.
Diferentemente do seu “perfil” publicado em A Noite, a análise empreendida demonstrou
uma imagem sobre Chaves de Melo que tanto indicou algumas de suas redes de relações
quanto dimensionou em alguma medida as suas atividades naquela conjuntura.
Considerações Finais
Diante do exposto, pode-se tecer algumas considerações. Partindo do cenário
macro, o recurso à bibliografia especializada no período democrático brasileiro permitiu
entrever como o país vivenciou inúmeros e distintos episódios de crises entre as décadas de
1950-60. Goulart assumiu o poder acossado por problemas como a situação econômica
que desafiavam a manutenção da ordem democrática. Aliado a isso, parte de seus
opositores publicavam críticas ao seu governo na imprensa, como nos casos de Ação
Democrática e Maquis. De certo modo, este artigo ilustrou uma das faces envolvidas nesse
processo e amplificou o conhecimento sobre outras, as quais tinham sido enfocadas
anteriormente pela historiografia.
A imagem que se forma destaca o personagem e a sua atuação profissional,
política e ideológica naquele contexto. Ou seja, a construção de uma carreira no
jornalismo, a tentativa de ingressar no parlamento e a militância anticomunista, esta que se
somava à crítica ao campo político que identificava a Revolução de 1930 como um marco
negativo. Dimensões que, como foi demonstrado, não podem ser desassociadas dos
aspectos de sua trajetória e da rede de relações de Chaves de Melo (sejam elas prévias ou
construídas naquele contexto). A imagem proposta abarca as figuras de Amaral Netto,
Gladstone Chaves de Melo e Ivan Hasslocher, com alguma evidência; e, de modo um tanto
mais difuso, as de Carlos Lacerda, Gustavo Corção e Vicente Barreto. Como parte dessa
rede, Gabriel Chaves de Melo dispôs de alguns meios para participar das lutas políticas da
época, notadamente de 1958 em diante. Ele atingiu o topo da hierarquia de Maquis, uma
revista com uma capacidade de produção de algum modo considerável. Em Ação
Democrática, ele estava hierarquicamente abaixo da direção. Por outro lado, ele era uma
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parte em um complexo conjunto de instituições que manejavam amplos recursos materiais
e econômicos. As reportagens do Última Hora e os depoimentos da CPI permitiram, ao
menos, indicar algumas de suas possíveis atividades nessa estrutura. Entrementes, parece
justo afirmar que Chaves de Melo teve acesso a recursos múltiplos, os quais foram
mobilizados em sua campanha eleitoral como o de enviar panfletos junto da Ação
Democrática e o de publicar propaganda própria no jornal arrendado pelo IBAD. Assim, a
análise empreendida elencou aspectos que auxiliam na compreensão do personagem e do
seu envolvimento nas lutas políticas ocorridas durante o período.
Por fim, mesmo que não fosse o objetivo deste artigo, foi possível indicar um
caminho para uma nova investigação. A saber, a de comparar sistematicamente as edições
de Ação Democrática e Maquis entre 1960 e 1962. Afinal, o pertencimento de Gabriel Chaves
de Melo a ambas e suas conexões com o IBAD além das observadas em relação ao seu
irmão sugerem um ponto de partida para algo potencialmente explorável. Em síntese,
acredita-se que este artigo obteve êxito em demonstrar alguns dos meios, das redes, e das
atividades de Gabriel Chaves de Melo. Um movimento de análise que, em alguma medida,
não se descuidou de correlacionar esses aspectos com as questões da conjuntura histórica
brasileira do período democrático.
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