Faces da História, Assis/SP, v. 12, n. 1, p. 173-197, jan./jun., 2025
justificativas utilizadas para embasar a necessidade de obtenção, os instrumentos e
indivíduos do corpo administrativo da capitania, a descrição geográfica da terra, além do
tamanho dessa sesmaria, definida em léguas ou braças (Silva, 2015).
No tocante aos inventários post-mortem, eles são fontes que permitem o
conhecimento de como o patrimônio familiar era transmitido de uma geração para outra,
por meio de dotes, terça e legítima transmitidos aos herdeiros. Ademais, esses registros
judiciais auxiliam nas investigações sobre a composição e transformação do patrimônio de
determinadas famílias ao longo do tempo e podem ser problematizados, por exemplo, em
estudos sobre a escravidão nos mais variados aspectos. Já na documentação sobre
demarcação de terras, podemos problematizar questões fundiárias ou habitacionais,
disputas judiciais, bem como a posse de terras sem títulos oficiais. (Pinsky, 2008). As
querelas judiciais sobre demarcações de terras podem trazer não só disputas e conflitos,
mas também as relações familiares e clientelistas dos sujeitos envolvidos.
Os assentos de praça e baixas, localizados no Instituto Histórico e Geográfico do
Rio Grande do Norte (IHGRN), proporcionam o entendimento sobre o “[...] perfil
quantitativo e qualitativo dos soldados que viveram no contexto colonial”. Apresentam a
identificação do colono que se alistou no serviço militar, o ano em que esse assento
ocorreu, a idade, filiação, naturalidade, condição e qualidade do soldado em questão. Havia
também informações sobre a companhia na qual o militar foi matriculado, a data do
ingresso nesse serviço, os valores do soldo recebido, a data em que esse soldado recebeu
baixa e a motivação. Porém, esses dados não estão presentes em todos os assentos e nem
se aplicam para todos os colonos. (Araújo, 2019, p. 32).
Quanto aos registros paroquiais, eles contribuem significativamente para a História
Social do Brasil colonial (Guedes; Fragoso, 2016). Essas fontes são operacionalizadas em
uma análise nominativa na reconstituição de histórias de vida, acompanhando as gerações
de famílias livres e escravizadas. (Pinsky, 2008). Outrossim, os documentos paroquiais
trazem “[...] informações variadas acerca dos sujeitos históricos, como seus locais de
nascimento, qualidade, condição, dentre outras nuances, como ascendência e
descendência familiar, dia e causa mortis” (Santos, 2022, p. 38). Por isso que os registros
da Igreja Católica contribuíram para a reconstituição da descendência de Cosme de Abreu
pelo Rio Grande do Norte.
Desse modo, o cruzamento das diferentes tipologias de fontes históricas é
importante para a discussão sobre a trajetória desses sujeitos nominativos, inseridos em
uma dinâmica socioeconômica, no processo da colonização da Ribeira do Seridó Potiguar,
por meio dos conceitos de territorialização e do método genealógico. O estudo está