Os Ramos, da Conceição à Boa Vista

notas sobre memória e identidade

Autores

Palavras-chave:

Quilombos; Migração; Memória; Identidade; Territórios.

Resumo

Neste artigo, apresento um conjunto de notas produzidas por meio de uma investigação realizada entre os anos de 2022 e 2023, sobre os Ramos, especificamente a trajetória de Luiz Vicente e de sua família, que deixaram o Quilombo de Conceição dos Negros por volta do ano de 1958, migrando para o Quilombo da Baixa da Nega. Essa trajetória está entrelaçada com diversos aspectos sociais e políticos, que envolveram o desenvolvimento da região central do Cabugi e do estado do Rio Grande do Norte (RN). Esses elementos evidenciam uma economia política racializada, que envolveu ativamente a família, levando-os aos processos de territorialização por meio dos pertencimentos, dos territórios, das rotas migratórias e de diferentes identificações. Ao trilharmos essas vidas, por meio da memória das descendentes, envolvemo-nos também com a produção de sentido e de significações que envolvem a formação da população negra e quilombola em termos de sua etnogênese.

Biografia do Autor

Leonardo da Rocha Bezerra de Souza, UFRGS

Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo e Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Participa do Grupo de Pesquisa Associativismo, Contestação e Engajamento (GPACE/UFRGS).

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Publicado

29-05-2025

Como Citar

da Rocha Bezerra de Souza, L. (2025). Os Ramos, da Conceição à Boa Vista: notas sobre memória e identidade . Patrimônio E Memória, 20(2), 227–254. Recuperado de https://seer.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3005

Edição

Seção

Artigos Livres