Um Barão e suas memórias em disputa
Grão Mogol (MG), Chapada Diamantina (BA) e Rio Claro (SP)
DOI:
https://doi.org/10.5016/pem.v16i1.3106Palavras-chave:
Memória, História local, Biografia, Barão de Grão Mogol, Trilha do BarãoResumo
Este texto analisa a construção de discursos de memória distintos sobre o Barão de Grão Mogol, Gualter Martins Pereira (1825-1890), em Grão Mogol (MG), Chapada Diamantina (BA) e Rio Claro (SP). Em Grão Mogol, Martins Pereira é apresentado como um político generoso, responsável por obras importantes. Tal perspectiva também é difundida na Chapada Diamantina. Em Rio Claro, é tido como um cruel barão do café. Considera-se aqui o caráter subjetivo da memória (CANDAU, 2016). O modo como ele é lembrado e relembrado ao longo do tempo é continuamente atualizado, sem ater-se a uma reconstituição fiel do passado, mas constituindo novos enquadramentos (POLLAK, 1989). Outro aspecto a ser problematizado diz respeito ao uso da fonte memorial para a análise da trajetória de atores históricos, como o barão, pois se trata de narrativas díspares, que não se conectam em políticas públicas de memória e patrimônio cultural capazes de aproximar regiões distantes do país.
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