CONSTRUÇÃO DA OBRA LITERÁRIA EM DEFESA DA MULHER
ESTRATÉGIAS DE CRISTINA DE PIZÃN E MARÍA DE ZAYAS
Palavras-chave:
Cristina de Pizán, Maria de Zayas, mulheres, Literatura ComparadaResumo
A cidade das damas (1405), de Cristina de Pizãn (1364-1430), constitui uma declarada réplica à literatura misógina medieval. No primeiro capítulo a autora francesa denuncia que filósofos, poetas e pregadores parecem falar com a mesma voz ao repetir que a mulher é má por natureza e sempre inclinada ao vicio. A cidade das damas apresenta uma contundente defesa da mulher que se desenvolve imitando o traçado arquitetônico de uma cidade fortificada, com fundações, muros, torres, edifícios, ruas, cúpulas e telhados. A engenhosa construção alicerça seus argumentos na História de mulheres célebres. Sua função declarada é oferecer refúgio às mulheres de valor contra o ataque de seus inimigos. Este artigo pretende apontar as semelhanças temáticas e estruturais entre a mencionada obra de Cristina de Pizân e as coletâneas de contos de Maria de Zayas (s. XVII). A contista espanhola alia-se ao projeto de Pizán ao consolidar sua obra como uma defesa da mulher. Com uma incisiva réplica aos discursos que depredavam a mulher nas artes espanholas dos séculos XVI e XVII, Zayaa constrói galerias de exemplos que provam, em progressão complementar a intensidade crescente, que as mulheres possuem virtudes e que os homens também têm inclinações para os vícios.