ASPECTOS BARROCOS DA SÁTIRA — DIÁLOGOS ENTRE GREGÓRIO DE MATOS E ANTÔNIO DA FONSECA SOARES
Palavras-chave:
Sátira; Barroco; Antônio da Fonseca Soares; Gregório de MatosResumo
A literatura produzida tanto em Portugal quanto no Brasil durante os séculos XVII e XVIII é marcada por uma série de convenções e lugares comuns. Esta é, muitas vezes, a razão pela qual essa produção tenha sido mal vista pela História da Literatura, estigmatizada como “artificial”, “frívola” ou “excessivamente ornamentada”. Essa aparente superficialidade da composição barroca é, no entanto, determinada por um complexo conjunto de prescritivas e práticas de escrita. Trata-se de um universo vasto e distante das teorias e paradigmas de análise literária correntes. As condições de produção do letrado seiscentista envolvem o intercâmbio de elementos advindos das Retóricas e Poéticas antigas, medievais e renascentistas, além de vários princípios referentes ao ambiente católico contra-reformista. Este artigo apresenta uma comparação entre um romance do português Antônio da Fonseca Soares e uma composição do brasileiro Gregório de Matos, observando suas similaridades e idiossincrasias. Procuramos desvendar a presença das preceptivas seiscentistas que regulamentavam a sátira e o uso que ambos fizeram delas para a construção do poema.