ROMANCE E DISSIMULAÇÃO NA ESCRITA DOS PERIÓDICOS LUSO-BRASILEIROS DO SÉCULO XIX
ADELAIDE DE SARGANS, ASARCE E ISMÊNIA E CARTAS DE UMA PERUVIANA
Palavras-chave:
Romance e periódicos; Adelaide Sargans; Asarce e Ismênia; Cartas de uma PeruvianaResumo
Este trabalho tem como objetivo discutir o processo de citação, apropriação e usos da escrita jornalística no século XIX em Portugal e no Brasil e estabelece algumas proposições para uma abordagem mais verossímil das estratégias de editoração e de publicação dos periódicos desse tempo. Ao abordar três títulos de prosa de ficção na perspectiva de sua publicação nos jornais — Adelaide de Sargans, com autoria atribuída à Baronesa de Wart, Asarce e Ismênia, de Montesquieu e Cartas de uma peruviana, Françoise de Graffigny — aos quais daremos o título genérico de romance, embora tenhamos consciência da instabilidade deste gênero no tempo aqui abordado, este artigo visa também contribuir com a historiografia literária, sobretudo aquela que tenta inscrever o romance e suas variadas formas de se mostrar no contexto dos periódicos. Defende-se que, desde o século XVIII, o periódico foi suporte jornal o que promoveu a fundação do romance, uma vez que, desde esta época trazia narrativas de todas as formas em fatias, em pedaços e que circulavam, seja em folhas, seja em forma de livros por vários cantos do universo luso-brasileiro. Tenta-se, através da análise de Adelaide de Sargans, de Asarce e Ismênica e das Cartas de uma peruviana demonstrar as estratégias dos editores dos periódicos para fazer circular os romances através de títulos diversos, de forma dissimulada de modo a não associar o gênero a periódicos destinados à leitura da família, como o foram O Ramalhete, de Portugal e o Jornal da Família, no Brasil.