Prorrogação de Prazo - Chamada para Submissões - Dossiê "Historiografia, prática inquieta?”

2023-12-05

Fulvia Molina, Instalação Paisagem-Passagem, Essen - Alemanha, 2001.

A Faces da História anuncia a prorrogação do prazo para a submissão de artigos para o dossiê “Historiografia, prática inquieta?” até o dia 05 de março de 2024. O dossiê é organizado por Aline Michelini Menoncello (Doutora/UNESP), Gabriel Pochapski (Doutorando/UNICAMP) e Thiago A. Modesto Rudi (Pós-Doutor/UNESP).

O que há de inquieto, o que suscita inquietação, quando pensamos e escrevemos a história? O que de infamiliar vem habitar o interior desse espaço – próprio, disciplinado, científico – chamado de historiografia? Que modalidades de inquietação fazem suas aparições no corpus de um saber, nos corpos de sujeitos que escrevem e que se inscrevem no saber histórico? As presentes questões tornam possível um conjunto de reflexões que tocam no âmago da politização e das historicidades do saber histórico.

No decorrer do século XIX, quando a História se tornou uma ciência e uma crença fundamental para o Ocidente, as inquietudes constituintes da historiografia não cessaram de serem confrontadas com atitudes modernas como, por exemplo, a prescrição de rumos para a escrita da história, a constante crítica de seu estado atual e sua historicização. Essas atitudes possibilitaram que a historiografia fosse vista como uma missão que progrediria através de crises, como uma evidência que, mesmo ao assumir a forma de um fardo, poderia seguir seu movimento. A partir da segunda metade do século XX, algumas tentativas de diagnosticar e de instigar as inquietudes, simbolizadas por viradas e giros (linguístico, ético-político, espacial, decolonial, etc.), puderam emergir, produzindo efeitos que problematizam os pressupostos modernos da historiografia. Neste sentido, se hoje podemos estudar as disputas e os silêncios que atravessam os nossos discursos, tais investigações tornam possível indagar de que formas as inquietações emergentes das relações com a historiografia afetam historiadoras/es em sua escritura e em sua constituição como sujeitos do saber histórico.

Elaborado a partir dessas reflexões, o presente dossiê visa reunir artigos que problematizem, por meio de diferentes formas, objetos e perspectivas teóricas, as inquietações de cenas historiográficas modernas e contemporâneas, bem como seus possíveis efeitos para inquietarmos a nossa prática atual. Os artigos terão como problemática as inquietudes que interpelam a escrita da história, como por exemplo, mas não exclusivamente: a questão do sujeito do saber em relação aos problemas de gênero, raça, lugar de enunciação, demandas sociais, etc. Os modos de (re)pensarmos o espaço historiográfico em suas relações com seus “objetos” e problemas (os corpos, as memórias, os tempos, as novas tecnologias, os negacionismos, o antropoceno, etc.). E as inquietações que advém do contato com outras áreas do saber como a literatura, a política, a arte e a psicanálise.

Referências:

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. O tecelão dos tempos: novos ensaios de teoria da história. São Paulo: Intermeios, 2019. 

ARAUJO, Valdei Lopes de; RANGEL, Marcelo de Mello. Apresentação - Teoria e história da historiografia: do giro linguístico ao giro ético-político. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, v. 8, n. 17, 29 abr. 2015.

ÁVILA, Arthur Lima de; NICOLAZZI, Fernando; TURIN, Rodrigo. (Org.). A História (in)disciplinada: teoria, ensino e difusão do conhecimento histórico. Vitória: Editora Milfontes, 2019.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982. 

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. São Paulo: Forense Universitária, 2012. 

HARTMAN, Saidiya. Venus in Two Acts. Small Axe: a Caribbean Journal of Criticism. v. 12, n. 2, pp. 1-14, 2008. 

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LORIGA, Sabina; REVEL, Jacques. Une histoire inquiète: Les historiens et le tournant linguistique. Paris: Seuil, Gallimard, EHESS, 2022. 

OLIVEIRA, Maria da Glória de. Os sons do silêncio: interpelações feministas decoloniais à História da historiografia. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 11, n. 28, 2018.