Na estrada da terra sem mal guarani

História, memória e cosmologia

Autores

  • Rosalvo Ivarra Ortiz UFGD

Palavras-chave:

Guarani, Cosmologia, Busca da terra sem mal

Resumo

Não há consenso sobre até que ponto a interiorização, dispersão e a caminhada Guarani nos períodos posteriores à conquista ocorreram somente sob o signo de “reação” a esta ou por outras indagações, como dissensos internos ou motivação cosmológica, assim como se o Oguatá (caminhar) ocorria antes da chegada dos colonizadores europeus e se aconteciam, quais seriam os motivos? Para possíveis respostas a estas questões vem a lume a contribuição de Cristina Pompa (2004), que através da contextualização e historicização dos trabalhos clássicos da etnologia Tupi-Guarani do início do século XX, critica a resposta elaborada por Alfred Métraux (1967). O autor  apresenta os Tupinambá ou Tupi do período colonial, os Guarani do Paraguai e do sul do Brasil, como possuidores de um único sistema, no qual a narrativa/mito da terra sem mal e o messianismo são considerados como elementos irredutíveis (Pompa, 2004, p. 142). A crítica ao autor se refere à utilização que o mesmo faz de  dados de etnografias do começo do século XX, especialmente de Curt Nimuendaju, ([1914], 1987), para preencher lacunas nas fontes históricas dos séculos XVI e XVII, nos relatos de missionários e viajantes; pressupõe a existência desse sistema, considerando que insiste na importância da força religiosa pela  busca dessa tão sonhada terra, aponta como sendo o fato motivador das migrações realizadas pelos Tupi-Guarani durante este primeiro período de contato com os colonizadores (Idem: 143- 144). É neste sentigo que esse artigo segue, levanta uma séries de questões e traz à tona informações histórias e etnográficas acerca dos Guarani Mbyá da Amazônia Meridional paraense.

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Publicado

2018-12-20

Como Citar

ORTIZ, Rosalvo Ivarra. Na estrada da terra sem mal guarani: História, memória e cosmologia. Faces da História, [S. l.], v. 5, n. 2, p. 244–261, 2018. Disponível em: https://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/1106. Acesso em: 19 abr. 2024.