Representações sociocultural e cartográfica do patrimônio industrial ferroviário de Moatize – Beira, Moçambique.

Autores

  • Eduardo Simba Rashe Jeremias Muachissene UFOP

Palavras-chave:

Património industrial; espólios ferroviário; legado cultural; memória coletiva; Moatize.

Resumo

O património industrial pela sua significância contribui para a fruição cultural e o deleite histórico. Em Moçambique, e sobretudo na cidade ferroviária de Moatize, este tipo de património cultural é desconhecido; e, desconhecesse o quão representativo ele é no tecido sociocultural. O património ferroviário moçambicano constitui em si um património histórico-cultural que emana uma memória histórica e estruturadora da identidade organizacional que, igualmente, auxiliará na compreensão da cultura das cidades e vilas ferroviárias. O objetivo do artigo é demonstrar e explicar os valores e significados que os objetos técnicos industriais ferroviário possuem na construção da memória cultural coletiva. Ora, a nossa reflexão parte pelo seguinte questionamento: o que representa e que significados têm os espólios ferroviários da linha de Moatize para os cidadãos? Para o desenvolvimento do pensamento teórico de que nos vincamos a abordagem foi qualitativa, explicando com categorias argumentativas o valor representacional do património industrial ferroviário. De forma cruzada usamos o método cartográfico para ilustrar os espaços e a distribuição territorial/de superfície do património industrial ferroviário de Moatize e da rede ferroviária da região centro de Moçambique. Foi-nos útil a análise documental e bibliográfica sobre a arqueologia industrial/património industrial para entender a sua polissemia e significâncias úteis para a cultura e para a história das sociedades que surgiram pelo seu efeito e para a ciência.

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Publicado

2023-06-26

Como Citar

MUACHISSENE, Eduardo Simba Rashe Jeremias. Representações sociocultural e cartográfica do patrimônio industrial ferroviário de Moatize – Beira, Moçambique. Faces da História, [S. l.], v. 10, n. 1, p. 175–196, 2023. Disponível em: https://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/2489. Acesso em: 18 maio. 2024.