“Fonte de delícias e venturas”

a abordagem médica sobre casamento e moral feminina no Brasil do século XIX (1842-1864)

Autores

  • Caroline Ivanski Langer UFPR

Palavras-chave:

Medicina; Casamento; Mulheres.

Resumo

Este estudo busca demonstrar como a medicina do XIX influenciou as normas sociais, promovendo práticas matrimoniais consideradas civilizadas e delineando o papel das mulheres na sociedade brasileira do período. O artigo analisa três teses médicas produzidas entre 1842 e 1864 nas Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia que investigaram a instituição do casamento, enfocando os papéis das mulheres e a promoção de práticas higiênicas para um matrimônio considerado civilizado. A análise se concentra na compreensão do casamento como instituição civilizatória e no papel atribuído às mulheres enquanto esposas. Busca-se revelar o modo como as teses médicas refletiram e emoldaram normas sociais da época de forma a reduzir as mulheres à sua capacidade reprodutiva e limitá-las à esfera doméstica.

Referências

Fontes

BRASIL. Decreto nº 181, de 24 de Janeiro de 1890. Promulga a lei sobre o casamento civil. Rio de Janeiro: Ministério da Justiça, 1890.

BRASIL. Decreto nº 1.746, de 16 de Abril de 1856. Dá Regulamento para a Secretaria da Policia da Côrte. Rio de Janeiro: Palacio do Rio de Janeiro, 1856.

FONSECA VIANNA, Antonio da. Considerações hygienicas e medico-legaes sobre o casamento relativamente a mulher. 1842. Tese, Rio de Janeiro: Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

NASCIMENTO VIANNA, Antonio Salustiano do. Breves condierações acerca da medicina legal, applicada ao casamento. 1851. Tese, Salvador: Faculdade de Medicina da Bahia.

PIMENTEL, Ignacio Luiz de Verçosa. Casamentos illegitimos diante da hygiene. 1864. Tese, Salvador: Faculdade de Medicina da Bahia.

Referências

FERNANDES, Maria das Graças Melo. O corpo e a construção das desigualdades de gênero pela ciência. Physis: Revista de Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, 2009, p. 1051-1065. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/XWVyvMwKjphVxxh3HT9crmf/. Acesso em: 26 set. 2023.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

LUZ, Adriana de Carvalho. Mulheres e doutores: discursos sobre o corpo feminino – Salvador 1890-1930. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas/Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1996.

MARTINS, Ana Paula Vosne. A medicina da mulher: visões do corpo feminino na constituição da obstetrícia e da ginecologia do século XIX. 2000. 311 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

OLIVEIRA, Cristiane. Higiene matrimonial, sexualidade e modos de subjetivação no Brasil do século XIX (1847-1870). Revista EPOS, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, jul./dez., 2013. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S2178-700X2013000200005&script=sci_arttext. Acesso em: 28 set. 2023.

RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar. Brasil (1890-1930). Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1985.

SOUZA, Raick de Jesus. “Casamentos illegitimos diante da hygiene”: raça, gênero e sexualidade na produção científico- intelectual, século XIX. Fronteiras & Debates, Macapá, v. 7, n. 2, jul./dez. 2020. Disponível em: https://periodicos.unifap.br/index.php/fronteiras/article/view/6083. Acesso em: 23 set. 2023.

VIEIRA, Flávia David; SILVA, Edvania Gomes da. O instituto do matrimônio e os efeitos de sentido de “casamento” no Decreto de 3 de novembro de 1827 e no Decreto n. 181, de 24 de janeiro de 1890. REDISCO, Vitória da Conquista, v. 8, n. 2, p. 22-30, 2015. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/article/view/2536/2096. Acesso em: 26 set. 2023.

Downloads

Publicado

2024-07-25

Como Citar

LANGER, Caroline Ivanski. “Fonte de delícias e venturas”: a abordagem médica sobre casamento e moral feminina no Brasil do século XIX (1842-1864). Faces da História, [S. l.], v. 11, n. 1, p. 310–330, 2024. Disponível em: https://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/2636. Acesso em: 7 nov. 2024.