O relacionamento homoerótico na Grécia Antiga

uma prática pedagógica

Autores

  • Tiago Souza Monteiro Andrade FATEC/UNIESP

Resumo

Na Grécia Antiga, o relacionamento homoerótico entre um homem mais velho (erastes) e um jovem (eromenos) era considerado, segundo as leis da sociedade helênica, uma prática pedagógica. A referida prática tinha o objetivo de transferir conhecimentos de ordem filosófica, política, militar e até mesmo sexual. Nesse relacionamento o jovem admirava qualidades como sabedoria e experiência do homem mais velho, enquanto este contemplava as qualidades masculinas do seu discípulo. No entanto, muitos interpretam tal relação de maneira deturpada, considerando muitas vezes a Grécia como terra de orgias e sodomias, cabendo às pesquisas científicas mostrarem que a sociedade grega não se resume apenas a tais afirmações. Nesse sentido, o presente artigo objetiva apresentar uma trajetória dessa prática, analisando como o relacionamento homoerótico era encarado como um ritual, pelo qual todo jovem grego havia de passar, com finalidade de atingir a vida adulta de maneira íntegra. O trabalho corresponde a uma pesquisa bibliográfica e descritivo-qualitativa, amparada por estudos de DOVER (2007); HALPERIN, WINKLER, ZEITLIN (1990); PLATÃO (2011) e CALLAGHER (1990). Por meio das análises apresentadas, os estudos mostraram que a relação homoerótica na principal sociedade humana da Antiguidade não foi apenas tolerada, mas elevada à condição suprema de realização individual.

 Palavras-chave: História; Grécia Antiga; homoerotismo; ritual de passagem.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas Públicas e Saúde. Coordenação Nacional de DST e Aids. Guia de prevenção das DST/AIDS e cidadania para homossexuais. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

DIAS, Maria Berenice. Manual do Direito das Famílias. 6. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

DOVER, Kenneth James. A homossexualidade na Grécia Antiga. Trad. Luís Sérgio Krausz. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2007.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber. 17. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

GALLAGHER, Raphael. Compreender o homossexual. Trad. Victor Hugo Silveira Lapenta. São Paulo: Editora Santuário, 1990.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

HALPERIN, David; WINKLER, John; ZEITLIN, Froma. Before sexuality. Princeton University Press, 1990.

LACERDA NETO, Arthur Virmond de. A homossexualidade em Platão. Revista Lado A: para pensar. Disponível em:<http://revistaladoa.com.br/2007/08/para-pensar/homossexualidade-em-platao>. Acesso em: 15 de jun. 2014.

MAGNAVITA, Alexey Dodsworth. O surgimento dos homossexuais. Revista filosofia: ciência & vida. São Paulo: Escala, ano VI, n.70, p.14-22, maio 2012.

NAPHY, William. História da homossexualidade. Edições 70, 2006.

RODRIGUES, Humberto. O amor entre iguais. Mythos, 2004.

VECCHIATTI, Paulo Roberto Iotti. Manual da Homoafetividade: da possibilidade jurídica do casamento civil, da união estável e da adoção por casais homoafetivos. São Paulo: Método, 2008.

VIEIRA, Maria do Pilar de Araujo; PEIXOTO, Maria do Rosário da Cunha; KHOURY, Yara Maria Aun. A pesquisa em História. São Paulo: Ática, 2011. (Série Princípios).

FONTES:

PLATÃO. As Leis. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 1999.

PLATÃO. O banquete. Trad. Donaldo Schüler. Porto Alegre-RS: L&PM, 2011, 176 p. (Coleção

L&PM POCKET, v.711).

Downloads

Publicado

2018-01-03

Como Citar

ANDRADE, Tiago Souza Monteiro. O relacionamento homoerótico na Grécia Antiga: uma prática pedagógica. Faces da História, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 58–72, 2018. Disponível em: https://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/271. Acesso em: 27 dez. 2024.