A REVISTA MISCELÂNEA SOLICITA CONTRIBUIÇÕES PARA O SEU VOLUME 37
Volume 35 (jan.-jun. 2025): ROMANCE-FOLHETIM: HISTÓRIA, TEORIA E CRÍTICA
Organização: Mauro Nicola Póvoas (FURG) e Alvaro Santos Simões Junior (Unesp)
Ementa: A publicação seriada de narrativas ficou intimamente associada a periódicos e foi praticada na Inglaterra a partir de 1820. Porém, a data de 1836 assinala a conjugação da literatura a um novo modelo de imprensa baseado em grandes tiragens e preços módicos para a assinatura de jornais e especialmente para o exemplar avulso. Pode-se dizer que os diários parisienses La Presse, de Émile de Girardin, e Le Siècle, de Armand Dutacq, foram responsáveis por detonar uma verdadeira “revolução do folhetim”. Pouco tempo depois, até mesmo folhas consideradas conservadoras ou reacionárias passaram a abrir os seus rodapés para intrincadas intrigas amorosas ou aventuras “rocambolescas” como as de uma famosa personagem de Ponson du Terrail. A fórmula do romance seriado diariamente inserido no rodapé da primeira página de folhas diárias espraiou-se pelo mundo. No Brasil, a novidade foi introduzida em 1838 pelo solene Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, que foi logo imitado por seus concorrentes. Predominou por aqui durante muito tempo a tradução não autorizada de mestres franceses do gênero como Alexandre Dumas (pai), Eugène Sue, Ponson du Terrail e Xavier de Montepin. Porém, clássicos do romance brasileiro como O guarani, de José de Alencar, e Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, foram lidos pela primeira vez em páginas de jornais. Até 10 de fevereiro de 2025, a Miscelânea estará recebendo estudos sobre a publicação seriada de narrativas em jornais e revistas tanto nacionais quanto estrangeiros. Acolhem-se estudos críticos sobre textos específicos, bem como reflexões teóricas e historiográficas.
Referências
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