Memória(s) e identidade
a história de João Monlevade / Minas Gerais escovada a contrapelo
DOI:
https://doi.org/10.5016/pem.v18i1.3008Palavras-chave:
João Monlevade, Memória social, Escravidão, Siderurgia, Walter BenjaminResumo
Este trabalho analisa criticamente alguns aspectos da história e da memória social da cidade de João Monlevade – Minas Gerais. Propõe-se uma abordagem do passado que coloca em xeque o discurso oficial, pautado por uma concepção historicista, acrítica e
monológica do passado comum, a qual se manifesta por meio de documentos e monumentos que veiculam uma concepção linear de progresso. Dentre os vários documentos-monumentos que desempenham esse papel, privilegiam-se, sobretudo, alguns
elementos do Cemitério Histórico de Monlevade, entre outros também relacionados ao pioneiro francês de quem o município herdou seu nome. Conclui-se que esses elementos que propagam a narrativa histórica hegemônica desempenham um papel crucial na constituição da identidade sociocultural dos habitantes do município, reafirmando um ponto de vista elitista, donde a necessidade de se analisá-los criticamente.
Referências
A COLÔNIA LUXEMBURGUESA. Direção: Dominique Santana. Produção de Samsa Film, Luxembourg Centre For Contemporary And Digital History (C²DH) e Centre National de l’Audiovisuel (CNA). Luxemburgo: Universidade de Luxemburgo, 2021. Documentário interativo. Disponível em: https://colonia.lu/pt. Acesso em: 15 fev. 2022.
A NOTÍCIA. Cemitério Histórico aberto no Dia de Finados. A Notícia, 1 a 7 de novembro de 2019. Disponível em: https://issuu.com/jornalanoticiaregional/docs/2549. Acesso em: 2 dez. 2021.
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
BAKHTIN, Mikhail (V. N. Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução de M. Lahud e Yara F. Vieira. São Paulo: Hucitec, 1988.
BEDÊ, Luiza. Arte e política: carnavalização na imprensa de resistência dos anos de chumbo. Araraquara, 2019. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
BENJAMIN, Walter. Eduard Fuchs, colecionador e historiador. In: O anjo da história. Org. e trad. João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
BENJAMIN, Walter. Parque Central. In: Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1995.
BENJAMIN, Walter. Passagens. Organização de Willi Bolle. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018. v. 2.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de História. In: O anjo da história. Organização e tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
CÂMARA MUNICIPAL DE JOÃO MONLEVADE. Cartilha do Cidadão. João Monlevade, 1995.
CÂMARA MUNICIPAL DE JOÃO MONLEVADE. Pauta da reunião ordinária do dia 23 de agosto de 2017. João Monlevade – MG, 2017. Disponível em: https://www.joaomonlevade.mg.leg.br/pautas-das-reunioes-ordinarias/pautas-reunioes2017/pauta-23-08.pdf. Acesso em: 5 maio 2021.
CÂMARA MUNICIPAL DE JOÃO MONLEVADE. Ata da Quinquagésima Oitava Reunião Ordinária da 15ª Legislatura – 2022. João Monlevade, 22 jun. 2022.
DURKHEIM, Émile. Representações individuais e representações coletivas. In: Sociologia e filosofia. Prefácio de C. Bouglé. São Paulo: Forense, 1970.
FERREIRA, Geraldo Eustáquio. Nossa terra, nossa gente. Vol. I: A cidade, sua história, seus símbolos, seus ícones. João Monlevade-MG: Gráfica Monlevade, 2016.
GONDAR, Jô; DODEBEL, Vera (org.). O que é memória social. Rio de Janeiro: Contra Capa; PPG em Memória Social da UFRJ, 2005.
GONDAR, Jô. Quatro proposições sobre memória social. In: GONDAR, Jô; DODEBEL, Vera (org.). O que é memória social. Rio de Janeiro: Contra Capa; PPG em Memória Social da UFRJ, 2005.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
HOBSBAWM, Eric. Introdução: a invenção das tradições. In: HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence (org.). A invenção das tradições. Tradução de Celina C. Cavalcante. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). João Monlevade — Panorama. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/joao-monlevade/panorama. Acesso em: 7 maio 2021.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Produto Interno Bruto dos Municípios — João Monlevade. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/joaomonlevade/pesquisa/38/47001?tipo=ranking. Acesso em: 7 maio 2021.
LANDGRAF, Fernando José G.; TSCHIPTSCHIN, André P.; GOLDENSTEIN, Hélio. Notas sobre a história da metalurgia no Brasil. In: VARGAS, M (org.). História da técnica e da tecnologia no Brasil. São Paulo: Editora da UNESP, 1995, p. 108-129.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução de Bernardo Leitão et al. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1994.
LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio – uma leitura das teses ‘Sobre o conceito de história’. Tradução de Wanda N. C. Brant, Jeanne Marie Gagnebin e Marcos Lurz Müller. São Paulo: Boitempo, 2005.
MEDVIÉDEV, Pável Nikoláievitch. O método formal nos estudos literários: uma introdução crítica a uma poética sociológica. Tradução de E. Américo e S. C. Grillo. São Paulo: Contexto, 2012.
MORAES, Nilson Alves de. Memória social: solidariedade orgânica e disputas de sentidos. In:
GONDAR, Jô; DODEBEL, Vera (org.). O que é memória social. Rio de Janeiro: Contra Capa; PPG em Memória Social da UFRJ, 2005.
NADAI, Elza. O Ensino de História no Brasil: trajetória e perspectiva. Revista Brasileira de História, São Paulo: ANPUH; Marco Zero, v. 13, n. 25/26, p. 143-162, 1992-1993.
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Tradução de Yara Aun Khoury. Projeto História, São Paulo, v. 10, 1993.
O POPULAR. Cemitério Histórico abre no Dia de Finados com controle de acesso. O Popular, 28 out. 2020. Disponível em: https://www.opopularjm.com.br/cemiterio-historico-abre-nodia-de-finados-com-controle-de-acesso. Acesso em: 2 dez. 2021.
PASSOS, Juliana M. do Nascimento. Monlevade, vida e obra. Belo Horizonte: Associação Monlevade de Serviços Sociais, 1973.
PEREIRA, Joel dos Santos. A paisagem que vejo e construo: a aplicação da aula-passeio freinetiana como práxis da educação patrimonial em uma escola da cidade de João Monlevade – MG. Viçosa, 2018. Dissertação (Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania) – Universidade Federal de Viçosa.
POMBO, Olga. Epistemologia da interdisciplinaridade. Ideação – Revista do Centro de Educação e Letras da UNIOESTE, Foz do Iguaçu/PR, v. 10, n. 1, p. 9-40, 2008.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento e silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 0, n. 10, p. 200-212, 1992.
REBELATTO, Martha. Fábricas e tendas de ferro em dinâmicas escravistas, termo de Santa Bárbara, Minas Gerais, 1822-1888. Belo Horizonte, 2012. Tese (Programa de Pós-Graduação em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais.
REBELATTO, Martha. Trabalho escravo na Fazenda Monlevade: diferentes atividades e ritmos de produção. In: ENCONTRO ESCRAVIDÃO E LIBERDADE NO BRASIL
MERIDIONAL, 7, 2015, Curitiba – PR. Anais (textos completos). Curitiba – PR: Universidade Federal do Paraná, 2015. Disponível em http://www.escravidaoeliberdade.com.br/congresso/index.php/E-X/7/paper/viewFile/34/12. Acesso em: 3 maio 2021.
RIOPIRA - Mídia Digital. João Monlevade – Cemitério Histórico aberto à comunidade no Dia de Finados. Riopira - Mídia Digital, 1º nov. 2018. Disponível em: https://www.riopira.com.br/2018/11/01/joao-monlevade-cemiterio-historico-aberto-a-comunidade-no-dia-definados. Acesso em: 2 dez. 2021.
ROGERS, Edward J. The iron and steel industry in colonial and Imperial Brazil. The Americas, v. 19, n. 2, p. 172-184, 1962.
ROMERO, Sérgio Luiz G. Gimenes; ROMERO, Joyce Conceição Gimenes. Memória, história e analogia: Correspondências entre Walter Benjamin e Eduardo Galeano. Latin American Research Review, v. 57, n. 2, p. 352-368, 2022.
WILLIAMS, R. Marxism and literature. Oxford: Oxford University Press, 1977.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Sérgio Luiz Gusmão Gimenes Romero
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.
