Memorial das Ligas e Lutas Camponesas
história, lutas, disputas e apropriações
DOI:
https://doi.org/10.5016/10.5016/1808-1967.v21i1.3206Palavras-chave:
Museus, museologia social, Memória, Ligas Camponesas, reforma agráriaResumo
O presente ensaio descreve e analisa a conformação, as disputas e apropriações do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, localizado na comunidade tradicional de Barra de Antas, na zona rural de Sapé, na Paraíba. O Memorial, atualmente instalado na casa onde viveram os líderes camponeses João Pedro e Elizabeth Teixeira, é marcado por uma memória incômoda ao latifundiário hegemônico, ao mesmo tempo que representa as insurgências dos camponeses e camponesas que lutaram e lutam pelo direito de acesso à terra, pela reforma agrária e por justiça social. Tensiona também até que ponto o Memorial se configura como um “museu casa”, em que se analisam os seus aspectos materiais representativos de uma “casa patronal”, embora, de forma simbólica, é reconhecido como um lugar de memória do camponês subalternizado e insurgente. Por fim, as reflexões sinalizam como a atuação do memorial, a partir das pessoas que o conformam, compõem uma utopia emancipatória (Vèrges, 2023) que tem a reforma agrária como finalidade e a constituição de uma “memória-luta” como estratégia de politização da memória coletiva dos povos campesinos.
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