Perdas patrimoniais: uma análise da listagem de bens culturais do Rio Grande do Sul no Anuário do Ministério da Educação e Saúde Pública
Palavras-chave:
Patrimônio cultural – Rio Grande do Sul, Valores culturais, Patrimoniolização, Identidade nacional, Identidade regionalResumo
Esse artigo procura discutir uma listagem de bens culturais do Rio Grande do Sul elaborada antes da criação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) a fim de problematizar a importância do contexto histórico, do contexto político e da identidade regional na definição dos bens culturais rio-grandenses. Trata-se, em outras palavras, de se fazer o exame de patrimônio edificado do Rio Grande do Sul no chamado período “proto-histórico”, ou seja, antes da criação do primeiro órgão de patrimônio do país, o SPHAN. O Anuário, fonte aqui analisada, apresenta 26 bens edificados em destaque que foram cruzados e justapostos em análise com outros 13 bens edificados que tiveram processo de tombamento abertos pelo SPHAN entre 1938 e 1945. Entre as conclusões da análise, observamos que a lista do Anuário, além de apresentar bens que futuramente seriam tombados pelo SPHAN, mostrava, ao mesmo tempo, uma diversidade maior de bens representando identidades diversas. Entretanto, a lógica que determinou os tombamentos do SPHAN procurou homogeneizar a cultura nacional, privilegiando a hegemonia do colonizador português.
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