Por uma história transnacional dos festivais de música popular
Música, contracultura e transferências culturais nas décadas de 1960 e 1970
Palavras-chave:
Festivais de Música Popular, Contracultura, Globalização CulturalResumo
Marcadores geracionais e verdadeiros lugares de memória, os festivais de música popular tiveram um papel de destaque na criação de uma cultura musical transnacional durante a segunda metade do século XX. Dedicados ao jazz, à canção, ao rock ou às músicas pop, esses encontros reuniram um vasto público, se beneficiaram de uma midiatização inédita e favoreceram as transferências culturais entre diversas áreas culturais. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, em Viña del Mar e na cidade do México, em Dacar e na ilha de Wight, em Monterrey, Montreux e Juan-les-Pins, os festivais consagraram novos ícones musicais e definiram um lugar para a formação de uma cultura jovem, em ruptura com a ordem estabelecida, para a qual a música constituiu um elemento federativo no nível internacional. Focada no período imediatamente anterior à descoberta da world music pelo público ocidental, a pesquisa pretende retraçar a gênese e a evolução dos festivais de música popular a partir de três eixos problemáticos: 1) a invenção de uma “forma festival” distinta das práticas tradicionais do recital e do concerto; 2) a dimensão econômica, política e estratégica desses encontros internacionais; 3) as transferências culturais e apropriações musicais permitidas por tais manifestações.
Referências
APTER, Andrew. The Pan-African Nation. Oil and the Spectacle of Culture in Nigéria. Chicago: University of Chicago Press, 2005.
BAECQUE, Antoine; LOYER, Emmanuelle. Histoire du festival d’Avignon. Paris: Gallimard, 2007.
BAILYN, Bernard. Atlantic History: Concept and Contours. Cambridge: Harvard University Press, 2005.
CHARNAY, Amélie. Le festival de Salzbourg et l’identité autrichienne (1917-1950). Tese de doutorado em historia. Paris: Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne, 2011.
FLÉCHEt, Anaïs, Dumont, Juliette. “Pelo que é nosso ! Naissance et développements de la diplomatie culturelle brésilienne au XXe siècle”. Relations Internationales. Paris/Genève, 2009, n.137.
FLÉCHET, Anaïs. “A bossa nova, os Estados Unidos e a França: um exemplo de transferências culturais triangulares”. Revista de Cultura Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2006(1).
______. Aux rythmes du Brésil: exotisme, transferts culturels et appropriations. La réception de la musique brésilienne en France au XXe siècle. Tese de doutorado em História. Paris: Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, 2007.
GAMES, Alison. “Atlantic History: Definitions, Challenges, and Opportunites”. American Historical Review, 111.3 (2006).
GIBBS, Jason. “How does Hanói Rock? The Way to Rock and Roll in Vietnam”. Asian Music. 39(1), spring 2008.
GILLE, Bertrand. Histoire des techniques. Paris: Gallimard, 1978.
GILROY, Paul. The Black Atlantic. Modernity and Double Consciousness. Cambridge: Harvard University Press, 1992.
HOBSBAWM, Eric.; RANGER, Terence. The Invention of Tradition. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.
KOECHLIN, Philippe. Rio 69. Rock&Folk. Paris: novembro de 1969.
MARZAGÃO, Augusto. Entrevista com Anaïs Fléchet. Rio de Janeiro. 26/04/2005.
NAPOLITANO, Marcos. O tesouro perdido: a experiência da resistência no campo da cultura - Brasil (1969/1976). In: MAGALHÃES, Marionilde Brepohl de; LOPREATO, Cristina; DUARTE, André (Org.). A banalização da violência: a atualidade do pensamento de Hannah Arendt. 1 ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004, v. 1.
NAPOLITANO, Marcos. Seguindo a canção. Engajamento político e indústria cultural na MPB (1959-1969). São Paulo: Annablume, 2001.
NORA, Pierre. Présentation. In: Les lieux de mémoire. Vol.1: La République. Paris: Gallimard, 1997 (1a ed. 1984).
ORY, Pascal. Les Expositions universelles de Paris. Paris: Ramsay, 1982.
REVEL, Jacques (Dir.). Jeux d’échelles. La micro-analyse à l’expérience. Paris: Gallimard, 1996.
ROSZAK, Theodor. The Making of a Counter Culture. Reflections on the Technocratic Society & Its Youthful Opposition. Berkeley: University of California Press, 1969.
SCOTT, Saul. Freedom Is, Freedom Ain’t. Jazz and the Making of the Sixties. Cambridge: Harvard University Press, 2003.
SIRINELLI, Jean-François. “L’événement-monde”. Vingtième siècle. Revue d’histoire. 2002 (76).
STROUD, Sean. Música é para o povo cantar: Culture, Politics and Brazilian Songs Festivals 1965-1972. Latin American Music Review, fall-winter 2000, 21(2).
SYLLA, Abdou. Arts plastiques et État au Senegal. Dakar: IFAN-Ch.A.Diop, 1998.
TOURNÈS, Ludovic. “Reproduire l’oeuvre: la nouvelle économie musicale”. In: Rioux, PIERRE, Jean; SIRINELLI, Jean-François. La culture de masse en France de la Belle Epoque à aujourd’hui. Paris: Fayard, 2000.
ZOLOV, Eric. Refried Elvis: The Rise of the Mexican Counterculture. Berkeley: University of California Press, 1999.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2011 Patrimônio e Memória

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.