Miradas afrocêntricas em torno da africanização do Egito Antigo

entre racialização e identidades

Autores

  • Raisa Sagredo UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

Palavras-chave:

Afrocentrismo. Egito Antigo. Identidades. Racialização.

Resumo

Diferentes narrativas do passado trataram das “origens raciais” dos egípcios antigos, vindo a constituir-se como uma verdadeira polarização entre um Egito branco versus um Egito negro. Neste artigo, busca-se mostrar a corrente interpretativa do Afrocentrismo, historicizando-a dentro dos debates raciais sobre o Egito. Esta, defende a origem africana como sinonímia de negra, e encontra nos debates identitários e políticos do presente um solo fértil para estudos que não se limites aos “usos do passado” mas às próprias concepções do passado faraônico. Deste modo, revisita-se a historiografia africanista que debruçou-se sobre o Egito Antigo como bandeira de luta, e analisam-se reflexos de como esse Afrocentrismo repercutiu na Egiptologia brasileira.

Biografia do Autor

Raisa Sagredo, UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

Mestre em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina -UFSC (2017) e graduada em História pela mesma. Integrante do GEHA - Grupo de Estudos em História Antiga, e do MERIDIANUM - Núcleo Interdisciplinar em Estudos Mmemdievais, ambos da mesma universidade.

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Publicado

2018-01-03

Como Citar

SAGREDO, Raisa. Miradas afrocêntricas em torno da africanização do Egito Antigo: entre racialização e identidades. Faces da História, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 6–27, 2018. Disponível em: http://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/166. Acesso em: 29 mar. 2024.