O patrimônio da Santa Casa de Misericórdia da Bahia no século XVIII

Autores/as

  • Augusto Fagundes da Silva dos Santos

Palabras clave:

Patrimônio; Crédito; Bahia; Colonial; Santa Casa de Misericórdia.

Resumen

O objetivo deste artigo é analisar a origem do patrimônio da Santa Casa de Misericórdia da Bahia no século XVIII, ressaltando a importância da atividade creditícia na sua composição. O vasto patrimônio da irmandade era formado, basicamente, por doações de particulares, propriedades urbanas e rurais e dívidas ativas decorrentes dos empréstimos. Entretanto, em relação à uma política de investimentos, a irmandade não seguiu um padrão. Enquanto uma Mesa administrativa optava pela atividade creditícia, outra preferia o aluguel de imóveis e, até 1757, o investimento em empréstimos a juros apresentou-se mais rentável do que os alugueis. Somente a partir daquela data, quando houve o corte oficial de juros de 6,25% para 5% anuais, o aluguel de imóveis tornou-se mais rentável. No entanto, a transição da atividade creditícia para a imobiliária ocorreria quase que forçosamente, pois a perda de prestígio culminou na diminuição da arrecadação que, aliada às altas despesas da instituição, diminuiram o potencial prestamista da Misericórdia a partir de meados do setecentos.

Biografía del autor/a

Augusto Fagundes da Silva dos Santos

Doutorando em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor substituto da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e professor efetivo da Secretaria de Educação do estado da Bahia (SEC/BA).

Citas

Livro de receita de dinheiro dos principais que vem a este cofre (1723-1757). Arquivo da Santa Casa de Misericórdia da Bahia- ASCMB, livro nº1014.

Livro de receita dos principais da casa (1757-1777). Arquivo da Santa Casa de Misericórdia da Bahia- ASCMB, livro nº1015.

Livro de toda a despesa e de todo o dinheiro que vier a esta Santa Casa (1723-1770). Arquivo da Santa Casa de Misericórdia da Bahia- ASCMB, livro nº1017.

Conta dos patrimônios e rendimentos que administra a Santa Casa, calculada no ano de 1754 (1754-1755). Arquivo da Santa Casa de Misericórdia da Bahia- ASCMB, livro nº210.

ARAÚJO, Maria Marta Lobo de. Dar aos pobres e emprestar a Deus: as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima (séculos XVI-XVIII). Barcelos. Companhia Editora do Minho, 2000.

BARICKMAM, B. J. Um Contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão no Recôncavo, 1789-1860. Rio de Janeiro. Ed. Civilização Brasileira, 2003.

BICALHO, M. F. B. Conquista, Mercês e Poder Local: a nobreza da terra na América portuguesa e a cultura política do Antigo Regime. Almanack Braziliense, v. 2, p. 21-34, 2005.

BICALHO, M. F. B. Centro e Periferia: pacto e negociação política na administração do Brasil colonial. Leituras (Lisboa), Lisboa, v. 6, p. 17-39, 2000.

BOXER, Charles R. O Império Marítimo Português 1415-1825. Tradução de Inês Silva Duarte. Lisboa, Ed. 70, 1993.

FRAGOSO, João Luiz R., BICALHO, Maria Fernanda &GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

HESPANHA, Antônio Manuel. Às vésperas do Leviathan. Instituições e poder político em Portugal - XVII. Porto: Almedina, 1994.

HESPANHA, Antônio Manuel. & XAVIER, Ângela Barreto. As redes clientelares In: MATTOSO, José (dir.) & HESPANHA, Antônio Manuel. História de Portugal, volume IV: O Antigo Regime (1620-1807). Lisboa: Editorial Estampa, 1993, p. 381-393.

MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do Iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

MONTEIRO, Nuno Gonçalo Freitas. O Crepúsculo dos Grandes: Casa e patrimônio da aristocracia em Portugal. (1750-1832). Lisboa: Imp. Nacional. /Casa da Moeda, 1998.

OLIVAL, Fernanda. As ordens militares e o Estado Moderno. Honra, Mercê e Venalidade em Portugal (1641-1789). Lisboa: Estar Editora, 2001.

RUSSEL-WOOD, A. J. R. Fidalgos e filantropos: a Santa Casa da Misericórdia da Bahia, 1550-1755. Brasília: UnB, 1981.

SÁ, Isabel dos G. As Misericórdias nas sociedades portuguesas do Período Moderno. Cadernos do Noroeste. Série História, Lisboa, v.15, 1-2: 2001, p. 337 - 358.

SANTOS, A. F. S. Doações: principal fonte de receitas da Santa Casa de Misericórdia da Bahia no século XVIII. Revista Debate Econômico, v. 1, p. 54-85, 2013.

SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e Escravos na sociedade Colonial (1550-1835). São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

SOUSA, Avanete Pereira. A Bahia no século XVIII: poder político local e atividades econômicas. São Paulo: Alameda, 2012.

Publicado

2017-08-20

Cómo citar

SANTOS, Augusto Fagundes da Silva dos. O patrimônio da Santa Casa de Misericórdia da Bahia no século XVIII. Faces da História, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 192–214, 2017. Disponível em: https://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/200. Acesso em: 21 nov. 2024.