A tradição como resgate

a celebração culinária das quitandas e suas representações sociais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5016/10.5016/1808-1967.v21i1.3046

Resumo

Este artigo tem como objetivo investigar as representações sociais sobre as quitandas na perspectiva de quitandeiras que participam do Festival da Quitanda de Congonhas. De abordagem qualitativa, a pesquisa utiliza como referência teórico-metodológica o conceito de representação social elaborado por Moscovici. Na coleta de dados primários, foram utilizadas entrevistas on-line. Os resultados mostram que a ruralidade e a mineiridade são os principais pontos de ancoragem que caracterizam a tradição das quitandas. Nesse sentido, infere-se que o festival, como forma de celebração pública da cultura culinária local, constitui-se como vetor de afirmação de uma identidade tradicional experimentada no cotidiano social e representativa do ponto de vista da utilização da cultura como recurso simbólico de reconhecimento no mundo contemporâneo.

Biografia do Autor

Isadora Moreira Ribeiro, Universidade Federal de Viçosa

Doutora em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Sheila Maria Doula, Universidade Federal de Viçosa

Professora Titular aposentada pelo Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Doutora e Mestra em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Ciências Sociais pela mesma instituição.

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Publicado

02-08-2025

Como Citar

Moreira Ribeiro, I., & Doula, S. M. (2025). A tradição como resgate: a celebração culinária das quitandas e suas representações sociais. Patrimônio E Memória, 21(1), 1–18. https://doi.org/10.5016/10.5016/1808-1967.v21i1.3046

Edição

Seção

Artigos Livres