Mulheres e doces

o saber-fazer na cidade de Pelotas

Autores

Palavras-chave:

Patrimônio imaterial, Doces de Pelotas, INRC, Mulheres doceiras

Resumo

Neste artigo, apresentamos uma reflexão advinda de uma pesquisa sobre os doces de Pelotas, cidade ao sul do Brasil. Esses doces se apresentam como doces finos (ou de bandejas) e doces de frutas (ou coloniais). A origem desse saber doceiro feminino pode ser encontrada entre as jovens filhas de grandes estancieiros e donos de charqueadas, saberes que foram mobilizados quando, em razão da crise do charque, foram necessários outros recursos para manter uma economia doméstica. As entrevistadas revelaram, pela lembrança, que a doçaria tinha (e tem) uma forte ligação memória-corpo, seja pelos gestos executados, seja pela memória olfativa e visual.

Biografia do Autor

Maria Letícia Mazzucchi Ferreira, Universidade Estadual Paulista UNESP

Professora Titular da Universidade Federal de Pelotas, UFPEL. Docente permanente no Programa de Pós-Graduação (Mestrado/Doutorado) em Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPEL.Foi membro da comissão de implantação do Curso de Bacharelado em Museologia, atuando como Coordenadora desse curso entre 2006-2008.Presidente da Comissão de implantação do Curso de Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis. Foi pesquisadora do Inventário Nacional de Referências Culturais: Tradição doceira pelotense, promovido pelo IPHAN, Monumenta e UNESCO. Coordenou,entre 2009-2012, o projeto CAFP-CAPES"Instituições, legislação, territórios e comunidades: perspectivas sobre o patrimônio material e imaterial no Brasil e Argentina", envolvendo a UFPEL e a Universidade de Buenos Aires.

Fabio Vergara Cerqueira, Universidade Estadual Paulista UNESP

Professor Titular do Departamento de História da Universidade Federal de Pelotas. Bolsista Produtividade CNPq PQ1d em Arqueologia. Pesquisador Visitante na Universidade de Heidelberg - Instituto de Arqueologia Clássica. Pesquisador da Fundação Humboldt/Alemanha - modalidade Pesquisador Experiente - Arqueologia Clássica (desde 2014). Graduou-se no curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1989) e concluiu doutorado em Antropologia Social, com concentração em Arqueologia Clássica, pela Universidade de São Paulo (2001). Coordenador do Programa de Pós-Graduação em História da UFPel (2015-2017). Leciona nos cursos de História Licenciatura e Bacharelado, Antropologia/Arqueologia Bacharelado.

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Publicado

30-06-2012

Como Citar

Mazzucchi Ferreira, M. L., & Vergara Cerqueira, F. (2012). Mulheres e doces: o saber-fazer na cidade de Pelotas . Patrimônio E Memória, 8(1), 255–276. Recuperado de https://seer.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3651

Edição

Seção

Artigos Livres