As representações das mulheres no filme garotas e samba (1957)

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Palavras-chave:

Filme de Chanchada, Representação da Mulher, Manifestações Carnavalescas

Resumo

Este artigo visa apresentar uma análise das representações femininas contidas no filme Garotas e Samba (1957), dirigido por Carlos Manga, por meio de seu enredo, personagens e marchinhas carnavalescas. Essa produção pertence ao gênero cinematográfico conhecido como chanchada, considerado um tipo de comédia musical que recebeu influências diversas, advindas do circo, do carnaval, do rádio, do teatro de variedades e do cinema estrangeiro. O carnaval representado no filme é o das músicas das
rádios – principalmente das marchinhas carnavalescas, que favoreciam sátiras e inversões – e dos bailes de salão – onde eram utilizadas fantasias estilizadas e curtas, típicas do período. Este filme evidencia, de forma clara, o “mundo às avessas” apresentado pelas chanchadas, uma vez que as mulheres aparecem em uma posição muito mais ativa nomespaço público em relação à situação real de grande parte das mulheres dos anos 1950. Não obstante, o filme expressou representações ora conservadoras, ora ousadas a respeito da mulher, demonstrando a ambiguidade de uma sociedade em fase de transição.

Biografia do Autor

Ellen Karin Dainese Maziero, Universidade Estadual Paulista UNESP

Doutora em História (2018) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP/Assis. Mestrado (2011) e Graduação (2008) em História pela mesma instituição. Adquiriu experiência em arquivos de Centros de Documentação e Memória, tendo atuado em projeto envolvendo a elaboração de catálogo de periódicos. Desenvolve pesquisas em História do Brasil Republicano, com ênfase nos estudos das representações das mulheres nos festejos momescos (1950 - 1980) e nas manifestações carnavalescas presentes nos filmes de chanchada da década de 1950.

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Publicado

30-12-2011

Como Citar

Dainese Maziero, E. K. (2011). As representações das mulheres no filme garotas e samba (1957). Patrimônio E Memória, 7(2), 292–311. Recuperado de https://seer.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3784

Edição

Seção

Comunicação de Pesquisa