DO BAÚ AO ARQUIVO
ESCRITAS DE SI, ESCRITAS DO OUTRO
Palavras-chave:
Escritas ordinárias, Diários íntimos, Acervos pessoais, (auto) biografiasResumo
Registros de experiências pessoais conservadas pela escrita, os diários íntimos estão, quase sempre, destinados à invisibilidade – em velhos baús, queimados ou jogados no lixo – dado seu caráter de escritas ordinárias. Se protegidos em acervos pessoais, conformam um corpo documental de inestimável valor como fonte histórica e podem fornecer informações e indícios sobre práticas cotidianas expressas em hábitos, costumes, valores e representações de uma época e, como tal, analisados a partir do conceito de lugares de memória. O conjunto de 12 cadernos/diários escritos por duas mulheres entre 1964 e 1974, preservados em um acervo pessoal, em Florianópolis, constituem a base empírica desse trabalho, pois que tais escritos permitem um dado conhecimento de como pessoas comuns/ordinárias registram/constroem/inventam ações da experiência cotidiana através de práticas de escrita biográfica e autobiográfica.
Referências
ALBERCA, Manuel. Testimonios sobre el diario íntimo. Madrid: Sendoa, 2000.
ALBERCA, Manuel. Tres calas en los diarios de las adolescentes. In: CASTILLO, António (org.). La conquista del alfabeto: escritura y clases populares. Astúrias: Trea, 2002.
ARFUCH, Leonor. El espacio biográfico: dilemas de la subjetividad contemporânea. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2005.
ARTIÉRES, Philippe. Arquivar a própria vida. Estudos Históricos, Rio de Janeiro: CPDOC/FGV, 1998. p. 32.
BORDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de Moraes (coord.). Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996.
CASTILLO GÓMEZ, António. Cultura escrita e clases subalternas: uma mirada espanhola. Madrid: Sendoa, 2001.
CASTILLO GÓMEZ, António. Un archipiélago desconocido: archivos y escrituras de la gente común. Boletín ACAL (Asociación de Archiveros de Castilla y León), n. 38, 2000. p. 9–11.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1989.
CHARTIER, Roger. La correspondance: les usages de la lettre au XIXe siècle. Paris: Fayard, 1991.
CHARTIER, Roger. Entrevista. História. Conversa com Roger Chartier por Isabel Lustosa. 2004. Mimeo.
COSTA, Marisa Vorraber (org.). Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000.
CORBIN, Alain. Bastidores. In: PERROT, Michelle (dir.). História da vida privada. Vol. 4: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 459.
CUNHA, Maria Teresa Santos. Diários íntimos de professoras: letras que duram. In: MIGNOT; BASTOS; CUNHA (orgs.). Refúgios do eu: educação, história, escrita autobiográfica. Florianópolis: Editora Mulheres, 2000. p. 159–180.
DIDIER, Béatrice. In: CRETTON, M. da G. Limites. Anais da ABRALIC, v. II, 1992. p. 229.
FABRE, Daniel. Par écrit: ethnologie des écritures quotidiennes. Paris: Editions de la Maison des Sciences de l’Homme, 1993.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
FOUCAULT, Michel. O que é um autor? 4. ed. Lisboa: Passagem, 2000.
GOMES, Ângela de Castro (org.). Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
HEYDEN-RYNSCH, Verena van der. Écrire la vie: trois siècles de journaux intimes féminins. Paris: Gallimard, 1998.
LEJEUNE, Philippe. Le moi des demoiselles: enquête sur le journal de jeune fille. Paris: Seuil, 1993.
MALUF, Marina. Ruídos da memória. São Paulo: Siciliano, 1995.
MUZART, Zahidé. Do navegar e de navegantes. In: MIGNOT; BASTOS; CUNHA (orgs.). Refúgios do eu: educação, história, escrita autobiográfica. Florianópolis: Editora Mulheres, 2000. p. 181–190.
ORLANDI, L. Como pensar 68? In: Folhetim / Folha de São Paulo, n. 57, 6 maio 1988.
PERROT, Michelle. Práticas da memória feminina. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 9, n. 18, 1989. p. 9–18.
QUOIST, Michel. O diário de Ana Maria. 4. ed. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1966.
RANUM, Orest. Os refúgios da intimidade. In: ARIÈS, Philippe; CHARTIER, Roger (dir.). História da vida privada. Vol. 3. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 215.
SCHMIDT, Benito Bisso (org.). O biográfico: perspectivas interdisciplinares. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000. p. 67.
VIANA, Maria José Mota. Do sótão à vitrine: memória de mulheres. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1995.
VIÑAO, António. Las autobiografías, memorias y diarios como fuente histórico-educativa: tipología y usos. TEIAS: Revista da Faculdade de Educação/UERJ, n. 1, jun. 2000. p. 82–97.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2007 Patrimônio e Memória

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.