Escrita de si com e sem reservas
memoriais acadêmicos femininos de titularidade (USP – UNICAMP, 2000-2015)
Palabras clave:
Memorial Acadêmico, Memória, Ego-História, Auto-EtnografiaResumen
O memorial acadêmico é um relato autobiográfico que se estrutura na confluência da exigência burocrática e da narrativa de si, se apresentando como uma manifestação privilegiada da memória de indivíduos que se destacam em suas carreiras profissionais,
atingindo níveis superiores da carreira acadêmica. Neste artigo buscamos, a partir de treze memoriais acadêmicos de professoras aprovadas em concursos de titularidade nos Departamentos de História e Antropologia na USP e na UNICAMP entre 2000 e 2015,
discutir algumas questões referentes à condição feminina, em particular, sobre as dimensões de classe, raça e gênero. O escopo documental também oferece elementos para a problematização dos processos de construção da escrita de si, tendo como referenciais a ego-história e a auto-etnografia, a partir de marcadores sobre origens familiares; herança, obra e legado, atividades profissionais; gênero e corporalidade.
Citas
* Fontes *
ALBIERI, Sara. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo: Universidade de São Paulo - USP, 2013.
BRESCIANI, Maria Stella Martins. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Instituto de Filosofia, e Ciências Humanas, Campinas: Universidade de Campinas - UNICAMP, 2002.
CAPELATO, Maria Helena Rolim. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo: Universidade de São Paulo - USP, 2006.
FERLINI, Vera Lucia Amaral. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo: Universidade de São Paulo - USP, 2007.
IOKOI, Zilda Márcia Gricoli. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo: Universidade de São Paulo - USP, 2010.
LARA, Silvia Hunold. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Instituto de Filosofia, e Ciências Humanas, Campinas: Universidade de Campinas - UNICAMP, 2009.
LÉA, Vanessa R. Memorial (Concurso de Professor Titular em Antropologia). Instituto de Filosofia, e Ciências Humanas, Campinas: Universidade de Campinas - UNICAMP, 2010.
MACHADO, Maria Helena P.T. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo: Universidade de São Paulo - USP, 2010.
NOVAES, Sylvia Caiuby. Memorial (Concurso de Professor Titular em Antropologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo: Universidade de São Paulo - USP, 2010.
PONTES, Heloisa André. Memorial (Concurso de Professor Titular em Antropologia). Instituto de Filosofia, e Ciências Humanas, Campinas: Universidade de Campinas - UNICAMP, 2014.
RAGO, Luzia Margareth. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Instituto de Filosofia, e Ciências Humanas, Campinas: Universidade de Campinas - UNICAMP, 2003.
SAMARA, Eni De Mesquita. Memorial (Concurso de Professor Titular em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo: Universidade de São Paulo - USP, 2000.
SCHWARCZ, Lilia K. Moritz. Memorial (Concurso de Professor Titular em Antropologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo: Universidade de São Paulo - USP, 2004.
* Bibliografia *
ALMEIDA, Jane Soares de. Mulheres e Educação: a paixão pelo possível. São Paulo: Editora Unesp, 1998.
AMELANG, James A. De la autobiografía a los ego-documentos: un forum abierto. Cultura, Escrita y Sociedad, Madri: Universidad de Alcala, n. 1, 2005.
ANHEZINI, Karina. Arautos da História da historiografia: as disputas por um conceito de historiografia nas cartas de Amaral Lapa enviadas a Nilo Odália. Revista Patrimônio e Memória, São Paulo: UNESP, v. 11, n. 1, p. 4-21, jan-jun, 2015.
ARISTIZABAL, Catherine. Autodocumentos hispanoamericanos del siglo XIX: fuentes personales y análisis histórico. Berlim: LIT Verlag; Hamburger Lateinamerikastudien, 2012.
AURELL, Jaume. Autobiography as unconventional History: constructing the author. Rethinking History: Journal of Theory and Practice, London: Routledge, v. 10, p. 433-449, 2006.
AURELL, Jaume. Theoretical perspectives on historians’ autobiographies: from documentation to intervention. New York; London: Routledge, 2015.
AURELL, Jaume. Del logocentrismo a la textualidad: la autobiografía académica como intervención historiográfica. Edad Media: Revista de Historia, Espanha: Universidad de Valladolid, n. 9, p. 193-222, 2008.
AURELL, Jaume. Textos autobiográficos como fontes historiográficas: relendo Fernand Braudel e Anne Kriegel. História. Tradução Wilton C. L. Silva. São Paulo: Unesp, v. 33, n. 1, p. 340-364, 2014.
BARROS, Mariana Luz Pessoa de. O discurso da memória: entre o sensível e o inteligível. São Paulo, 2011. Tese (Doutorado) – Departamento de Linguística; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; Universidade de São Paulo.
BELL, Susan Groag; MARILYN, Yalom. Introduction. In: BELL, Susan Groag; MARILYN, Yalom. Revealing lives: autobiography, biography, and gender. Albany: State University Of New York Press, 1990, p. 1-13.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Diário de campo: a antropologia como alegoria. São Paulo: Brasiliense, 1982.
BRUNER, Edward M. Ethnography as narrative. In: TURNER, Victor Witter; BRUNER, Edward M. The Anthropology of experience. Illinois: Urbana; Chicago: University of Illinois, 1986, p. 139-155.
CÂMARA, Sandra Cristinne Xavier da; PASSEGGI, Maria da Conceição. O gênero memorial acadêmico no Brasil: concepções e mudanças de uma autobiografia intelectual. In: XXIV Jornada Nacional do Grupo de Estudos Linguísticos do Nordeste. Natal: UFRN, 4 a 7 de set.
Anais, 2012. Disponível em: http://www.gelne.org.br/Site/arquivostrab/1517-ARTIGOGELNE-2012-SandraCXCamara-Passeggi.pdf. Acesso em: 27 abr.2014.
CÂMARA, Sandra Cristinne Xavier da; PASSEGGI, Maria da Conceição. Memorial acadêmico: investigando sua gênese. In: PASSEGGI, Maria da Conceição; BARBOSA, Tatyana Mabel Nobre (org.). Memórias, memoriais: pesquisa e formação docente. São Paulo: Paulus, 2008.
CAMPOS, José Francisco Guelfi. Preservando a memória da ciência brasileira: os arquivos pessoais de professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014. Dissertação (Mestrado) – Departamento de História; Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas; Universidade de São Paulo.
CARVALHO, Raphael Guilherme de. Tentativas de mitologia (1979), escrita de si e memória de Sérgio Buarque de Holanda. Estudos Históricos, Rio de Janeiro: FGV, v. 30, n. 62, p. 701- 720, 2017.
DELGADO-GARCIA, Manuel. La metodología biográfica narrativa y posibilidades en el ámbito del docente universitário. Revista Latinoamericana de Metodologia de las Ciencias Sociales, Argentina: Universidad Nacional de La Plata, v. 8, n. 2, p. 1-15, 2018.
DINTENFASS, M. Crafting Historians’ lives: autobiographical constructions and disciplinary discourses after the Linguistic Turn. The Journal of Modern History, v. 71, p. 150-165, 1999.
ELLIS, Carolyn. The ethnographic I: a methodological novel about autoethnography. Walnut Creek. California: Alta Mira Press, 2004.
EVANGELISTA, Marcela Boni; RIBEIRO, Suzana Lopes Salgado. Da terra ao corpo: lutas e conquistas de gênero. METAXY: Revista Brasileira de Cultura e Políticas em Direitos Humanos, Rio de Janeiro: UFRJ, v. 1, n. 2, 2018.
GOSSAMAN, Lionel. History as (auto)biografy: a revolution in historiography, In: DONALDSON-EVANS, Mary; FRAPPIER-MAZUR, Lucienne; PRINCE, Gerald. Autobiography, History, rhetoric. Amsterdam: Rodopi, 1994, p. 103-129.
JONES, Stacy Holman et al. Handbook of autoethnography. New York: Left Coast Press, 2013.
LEJEUNE, Phillipe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008.
LIMA, Roberto Kant de. A antropologia na academia: quando os índios somos nós. Niterói: EDUFF, 1997.
MUNIZ JÚNIOR, João; SILVA, Wilton C. L. Virtudes epistêmicas e performance na escrita de si de Nelson Werneck Sodré. Revista Outros Tempos, São Luis (MA): UEMA, v. 16, n. 28, p. 26-47, 2019. Disponível em: https:// www.outrostempos.uema.br/OJS/index.php/outros_tempos_uema/article/view/690. Acesso em: 20 jun. 2020.
NASCIMENTO, Juliana Luporini do; NUNES, Everardo Duarte. Quase uma auto/biografia: um estudo sobre os cientistas sociais na saúde a partir do Currículo Lattes. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, p. 1077-1084, 2014.
NASCIMENTO, Juliana Luporini. Uma (con)figuração social: cientistas sociais, antropólogos, sociólogos e cientistas políticos em saúde no Brasil. Campinas, 2011. Tese (Doutorado) - Departamento de Medicina Preventiva e Social; Faculdade de Ciências Médicas; Universidade Estadual de Campinas.
NORA, Pierre. Ensaios de ego-história. Lisboa: Edições 70, 1989.
OKELY, Judith; CALLAWAY, Helen. Anthropology and autobiography. New York: Routledge, 1992.
PASSEGGI, Maria da Conceição; SOUZA, Eliseu Clementino de; VICENTINI, Paulo Perin. Entre a vida e a formação: pesquisa (auto)biográfica, docência e profissionalização. Educação em Revista, Belo Horizonte: UFMG, v. 27, n. 1, p. 369-386, 2011.
PASSEGGI, Maria da Conceição; SOUZA, Elizeu Clementino (org.). (Auto)biografia: formação, territórios e saberes. São Paulo: Paulus; Natal: EDUFRN, 2008.
PASSEGI, Maria da Conceição; SILVA, Vivian Batista da. Narrar é humano! Autobiografar é um processo civilizatório. In: PASSEGI, Maria da Conceição; SILVA, Vivian Batista da (org.). Invenções de vida, compreensão de itinerários e alternativas de formação. São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2010, p. 103-128.
PAUL, Herman. Self-images of the historical profession: Idealized practices and myths of origin. Storia della Storiografia, Países Baixos: University of Leiden, v. 59-60, p. 157-170, 2011.
PAUL, Herman.What is a scholarly persona? Ten theses on virtues, skills, and desires. History and Theory, Connecticut: Wesleyan University, v. 53, p. 348-371, 2014.
PIÑA, Carlos. La construccion del “si mismo” en el relato autobiográfico. Chile: FLACSO, n. 383, 1988.
PIÑA, Carlos. Sobre la naturaleza del discurso autobiográfico. Anuário Antropológico/88. Brasília: Editora UNB, 1991.
POPKIN, J. D. Historians on the autobiographical frontier. The American Historical Review, Oxônia: Oxford University Press, v. 104, p. 725-748, 1999.
POPKIN, J. D. History, historians & autobiography. Chicago: The University of Chicago Press, 2005.
POPKIN, J. D. Ego-histoire and beyond: contemporary french historian-autobiographers. French Historical Studies, Carolina do Norte: Duke University Press, v. 4, n. 19, p. 1139-1167, 1996.
RAAB, Diana. Transpersonal approaches to autoethnographic research and writing. The Qualitative Repor, v. 18, n. 21, p. 1-18, 2013. Disponível em: https://nsuworks.nova.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1516&context=tqr. Acesso em: 16 mar. 2018.
REED-DANAHAY, Deborah. Auto/Ethnography: rewriting the self and the social. Oxford; New York: Berg, 1997.
REGO, Teresa Cristina. Trajetória intelectual de pesquisadores da educação: a fecundidade do estudo dos memoriais acadêmicos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 19, n. 58, p. 779-800, 2014.
SAFATLE, Vladimir. Dos problemas de gênero a uma teoria da despossessão necessária: ética, política e reconhecimento em Judith Butler. In: Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. São Paulo: Autêntica, 2015, p. 102-120.
SARLO, Beatriz. Paisagens imaginárias: intelectuais, arte e meios de comunicação. São Paulo: Edusp, 2005.
SILVA, Wilton C. L. Quando a experiência acadêmica se transforma em experiência de escrita: memoriais acadêmicos como autobiografias. Cadernos de História, Mariana: UFOP, v. 9, p. 86-106, 2014.
SILVA, Wilton C. L. A vida, a obra, o que falta, o que sobra: memorial acadêmico, direitos e obrigações da escrita. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis: PPGH/UDESC, v. 7, n. 15,p. 103-136, 2015.
SILVA, Wilton C. L. Para além da ego-história: memoriais acadêmicos como fontes de pesquisa autobiográfica. Patrimônio e Memória, Assis: UNESP, v. 11, p. 71-95, 2015.
SILVA, Wilton C. L. Saber se inventar: o memorial acadêmico na encruzilhada da autobiografia e do egodocumento. Métis: História & Cultura, Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, v. 15, p. 44-67, 2016.
SILVA, Wilton C. L. Brilho etéreo de arquivos e lembranças: algumas questões sobre arquivos pessoais e biografias. Diálogos, Maringá: UEM, v. 21, p. 32-43, 2017.
SILVA, Wilton C. L. Jogo de titular: questões de gênero em memoriais acadêmicos de titularidade de antropólogas (USP/UNICAMP, 2000-2015). Comunicação oral. Anais da 31ª. Reunião Brasileira de Antropologia. Brasília: UNB, 2018. Disponível em: http://www.evento.abant.org.br/rba/31RBA/files/1539477260_ARQUIVO_COMUNICACAOORALRBA2018_JogodeTitular.pdf. Acesso em: 02 jul. 2019.
SILVA, Wilton C. L.; MONTEAGUDO, José Gonzales. Cartesianos o Hermeneúticos: el memorial académico como forma de autobiografía docente en Brasil. Cuestiones Pedagógicas, Sevilla: Facultad de Ciencias de la Educación, v. 25, p. 133-144, 2017.
SILVA, Wilton C. L.; VIEIRA, Rafaela Duarte. De lá para cá: classe, raça e gênero em narrativas autobiográficas de antropólogas em memoriais acadêmicos (USP/UNICAMP, 2004-2014). Amazônica: Revista de Antropologia, Belém: UFP, v. 11, n. 1, p. 59-81, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/amazonica/article/view/6695. Acesso em: 15 jun. 2020.
TOMASSINI, Cecilia. Ciencia académica de varone y mujeres em dos disciplinas del conocimiento dentro de la Universidad de la Republica. Montevideo: Universidad de la Republica, 2013.
VELHO, Léa; LÉON, Elena. A construção social da produção científica por mulheres. Cadernos Pagu, Campinas: Universidade Estadual de Campinas, v. 10, p. 309-344, 1998.
VERSIANI, Daniela Beccaccia. Autoetnografias: conceitos alternativos em construção. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2005.
WAIZBORT, Leopoldo. Para uma sociologia do memorial acadêmico - um fragmento. Literatura e Sociedade, São Paulo: Universidade de São Paulo, n. 3, p. 77-82, 1998.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2020 Patrimônio e Memória

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Todo el contenido de la revista, salvo que se indique lo contrario, está sujeto a una licencia de atribución Creative Commons BY.