Os mártires da causa paulista
a criação do culto aos mortos da Revolução constitucionalista de 1932 (1932-1937)
Palavras-chave:
Revolução Constitucionalista de 1932, Culto Cívico dos Mortos, Usos do PassadoResumo
Este trabalho procura elucidar um aspecto da criação do culto aos voluntários constitucionalistas mortos durante a Revolução de 1932. Desde o conflito político-militar até a década de 1950, o culto foi ganhando crescente formalização, que se pode perceber até hoje nos rituais do 9 de Julho. O argumento é que a lembrança do evento político concentrase nesta forma particular de ritualização do passado – o culto cívico dos mortos. Busca-se, por um lado, tecer as relações entre o culto cívico dos mortos e outras formas de instituição da memória do evento, como a literatura comemorativa e os monumentos; por outro, tratase de desvendar as apropriações da cultura cívica e religiosa usadas para dar forma aos rituais. Tais apropriações deram ensejo a uma novidade: o culto cívico ao homem comum numa ordem supostamente democrática na década de 1930.
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