Emoções, sedição e patrimônios difíceis

a luta pela preservação do território de Bento Rodrigues

Resumo

O presente artigo trata das emoções patrimoniais despertadas a partir do contato dos moradores com o território de Bento Rodrigues após o rompimento da barragem ocorrido no dia 05 de novembro de 2015 que destruiu por completo o território. Essas emoções revelam que os laços afetivos com o local permanecem vivos e se manifestam em práticas simbólicas e comemorativas, como festas religiosas e eventos culturais, que reforçam o sentimento de pertencimento e a unicidade entre os moradores e o território. Além disso, o trabalho aborda uma outra dimensão das emoções patrimoniais, caracterizada pela mobilização em defesa do território frente a ameaças de destruição. Denominada como sédition por Daniel Fabre, tais emoções se expressam de forma reativa e defensiva, impulsionando os indivíduos a resistirem a projetos que comprometam os espaços afetivos. No caso de Bento Rodrigues, o anúncio da construção de um dique pela mineradora responsável pelo desastre desencadeou uma forte reação emocional nos moradores. Esse sentimento de revolta estimulou práticas de defesa patrimonial, nas quais os afetados buscaram estratégias para reivindicar o reconhecimento e a proteção do território destruído. Assim, o artigo busca analisar os patrimônios difíceis a partir das emoções patrimoniais, que se mostraram fundamentais na articulação social, ativando processos de resistência e ressignificação do território.