Amefricanidade como forma de superação da colonialidade e afirmação de identidades afrodescendentes
Mots-clés :
Amefricanidade, Colonialidade, Decolonialidade, Identidade afrodescendenteRésumé
O presente artigo aborda o conceito de Amefricanidade como forma de resistência à colonialidade e como instrumento de afirmação das identidades afrodescendentes nas Américas, com foco especial no contexto brasileiro. O objetivo é analisar como a Amefricanidade, proposta por Lélia Gonzalez, opera enquanto categoria político-cultural capaz de desestabilizar as estruturas eurocêntricas de poder, saber e subjetividade, articulando práticas históricas, religiosas, territoriais e educativas como formas de insurgência. A pesquisa adota o método de revisão bibliográfica, com base em autores da perspectiva decolonial, como Aníbal Quijano, Walter Mignolo e Breny Mendoza, articulando-os à produção intelectual afro-brasileira e aos a exemplos práticos vinculados ao movimento negro, à educação e à religiosidade de matriz africana. Como resultado, evidencia-se que a Amefricanidade não apenas questiona a colonialidade do saber, mas também se materializa em práticas culturais e pedagógicas — como a luta pela legalização do candomblé, a implementação da Lei nº 10.639, projetos escolares e pesquisas universitárias que promovem a valorização de saberes afro-brasileiros. Conclui-se que a Amefricanidade constitui uma plataforma política e epistêmica de ruptura com o pensamento colonial, afirmando novas formas de ser, pensar e existir, pautadas na ancestralidade, na diversidade e na dignidade dos povos afrodescendentes.
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