A NEGATIVIDADE COMO ETHOS AUTORAL
O LEGADO DE PESSOA
Palavras-chave:
Ethos autoral; negatividade; ausência do sujeito; desassossego; epopeia negativaResumo
Pretende-se apontar a negatividade como princípio etho-poético de Fernando Pessoa, pelo exame de algumas camadas discursivas de sua obra, desde uma visada a textos seminais, como o “Tratado da Negação” e A Hora do Diabo, dos pré-heterônimos, passando pela imagética de uma ausência fundadora no Livro do Desassossego até uma leitura de Mensagem como epopeia negativa. Partindo do juízo crítico de Eduardo Lourenço, que nos ajuda a reconhecer a geração do Orpheu a partir de uma “ontologia negativa”, deriva-se a ideia de Pessoa como produtor de uma discursividade negativa - um autor de autores que percorrem a modernidade dos séculos XX e XXI num theatrum mundi que encena a morte da obra e a morte do autor como tragédias anunciadas.