A palavra, o portal e a morte

Hospital Colônia Itapuã e os símbolos do isolamento

Autores

Palavras-chave:

Patrimônio, Imaginário, Lepra, Hospital Colônia Itapuã, Memorial HCI

Resumo

Neste artigo, são abordadas as imagens expressas como símbolos, percebidas no contexto de estudo sobre o Hospital Colônia Itapuã (HCI) e sua patrimonialização. Realizo pesquisas sobre este local desde 2015 e, através de uma breve imersão na teoria do imaginário — utilizando autores como Gilbert Durand, Danielle Pitta, Mircea Eliade e Paul Ricouer — analiso alguns pontos, sintetizando problemáticas observadas no processo de preservação e valorização desse espaço enquanto lugar de memória. Os pontos abordados tratam do estigma da lepra (tanto por meio da “palavra” quanto das imagens construídas histórica e socialmente), do pórtico criado para separar a ala dos doentes das demais zonas (abordado como “portal”) e do papel da patrimonialização e musealização enquanto estruturas simbólicas que remeteriam a “morte”. Por meio desses aspectos, são observadas e discutidas a ambiguidade existente nesses mecanismos de preservação.

Biografia do Autor

Helena Thomassim Medeiros, Universidade Estadual Paulista UNESP

Helena Thomassim Medeiros é Doutoranda e Mestra em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Graduada em Museologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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Publicado

30-06-2023

Como Citar

Thomassim Medeiros, H. (2023). A palavra, o portal e a morte: Hospital Colônia Itapuã e os símbolos do isolamento. Patrimônio E Memória, 19(1), 370–392. Recuperado de https://seer.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/2937

Edição

Seção

Artigos Livres