O Brutalismo e o patrimônio cultural
Palavras-chave:
Patrimônio cultural, Brutalismo, ContemporaneidadeResumo
Este artigo objetiva problematizar o patrimônio cultural para a compreensão do discurso sobre esse campo no Brasil. O tema é abordado na perspectiva do brutalismo, referenciado nas proposições de Achille Mbembe (2021), focado nas relações do contemporâneo com o político e o estético. Configura-se como uma categoria que vislumbra o político como domínio de todo e qualquer elemento a que se tenta dar forma, daquilo que se torce e se modela por atos de demolição. No Brasil, identificamos concepções de patrimônio forjadas e vulneráveis, emperrada na burocracia neoliberal, o que lhe confere uma impotência quanto aos meios de tecnologização e expansão de modo transformador. Essa questão se entranha em fios subterrâneos complexos, produzindo incessantemente conhecimento sobre esse campo, para que se tenha também conhecimento coletivo, pois a valorização do patrimônio se dá pela referenciação dele. O poder do patrimônio cultural está justamente na potência de deslocamento que lhe é inerente.
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