NO MEMORIAL DO CONVENTO, O ESPAÇO ENQUANTO SUGESTÃO BARROCA
Palavras-chave:
Espaço; Representação; Cosmovisão Barroca; Memorial do conventoResumo
Em Memorial do convento, de José Saramago, os acontecimentos na diegese se localizam temporalmente no entre séculos XVII-XVIII. Para se aproximar do contexto histórico no qual está situado o romance e possibilitar no leitor um ‘efeito realista’, o narrador adota na construção dos elementos narrativos procedimentos linguísticos que recuperam uma atmosfera barroca. Nosso objetivo é discutir a construção do espaço ficcional neste romance, entendendo-o como sugestão visual e sensorial que, potencializado em direção à rede perceptiva do leitor, apela à matéria física, desnudando, por exemplo, a tessitura da Lisboa setecentista, com sua ostentação e grandeza. As considerações aqui pensadas apontam que, mais que representar o tempo histórico no qual estão situados os acontecimentos do romance e, portanto, uma revisitação paródica da História, o que pretende o escritor é reaproximar-se da cosmovisão barroca, entendendo-a como elemento atemporal e significativo na construção de um romance que se inscreve na teatralidade dos contrastes.